Capítulo II

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Não foi difícil descobrir quem era Nara Shikamaru, uma vez que Sasuke estava agora diante dele. O garoto não tinha mais de dezessete anos pelo que podia ver e acompanhava o Cardeal Sarutobi e Sasuke pela catedral. Era um garoto quieto, que parecia entediado com tudo o que o avô lhe explicava sobre a construção da mais rica catedral em toda Europa.

— Tirando a de Roma — Shikamaru pontuou em certo momento enquanto analisava as vigas de madeira que ficavam a mostra no caminho até o campanário.

Sasuke observou a reação de Sarutobi, o desgosto evidente que ele tentou disfarçar ao olhá-lo pelo canto de olho antes de responder ao neto.

— Roma é o coração de nossa santa Igreja, é claro que teremos catedrais e igrejas maravilhosas em uma cidade tão rica — o Cardeal respondeu de forma polida, tão polida que tanto Sasuke quanto Shikamaru podiam ver a falsidade de sua fala refletindo em cada palavra. — Não concorda, padre Sasuke?

Mais uma vez, era analisado. Ainda não entendia o que o Cardeal buscava ao examiná-lo tanto, queria muito entender as respostas que ele achava que possuía para estudá-lo com tanto afinco. Voltou-se para Shikamaru, sério, e respondeu como sabia que deveria fazer:

— Nenhuma catedral é mais importante ou mais bela que a outra, nenhuma igreja é mais ou menos valiosa, são todas a casa do Senhor e nós as construímos com os recursos disponíveis apenas para adorá-lo.

Mentiroso.

Sasuke arregalou os olhos e olhou para trás de súbito. O cenho franzido enquanto piscava.

— Viu, Shikamaru? A Igreja é uma irmandade, unida pela fé, para servir ao nosso Senhor — Sarutobi continuou explicando e se pôs a andar pelo estreito corredor.

Sasuke engoliu em seco, passou a mão próxima ao ouvido e encontrou o olhar curioso de Shikamaru sobre si.

— Você está bem? Está pálido — ele comentou, parado, e Sarutobi os chamou alguns passos a frente.

— Achei ter ouvido algo — respondeu, incerto, e a expressão confusa de Shikamaru ao olhar ao redor apenas lhe deu certeza de que devia ter sido sua imaginação. — Vamos, seu avô está esperando.

Ameno 2:1

As batidas na porta anunciaram a chegada de Kakashi antes que ele entrasse em seu quarto com uma expressão preocupada. Sasuke estava sentado ao centro do próprio quarto, a luz apagada, mas o ambiente claro pela luz do dia. Ele fechou a Bíblia e deixou-a sobre o colo enquanto Kakashi fechava a porta e o examinava à distância.

— Está doente? — Kakashi perguntou ao puxar uma cadeira.

O médico retirou o sobretudo e se sentou de frente ao outro, a visão treinada já identificava fácil a palidez de Sasuke, algo que no dia anterior quando o visitou não existia. Tomou a mão dele entre as suas, geladas e úmidas, e Sasuke suspirou ao respondê-lo:

— Isso é você que tem que me dizer.

Kakashi riu com ironia e abriu a maleta que carregava consigo.

— O que está sentindo?

— Febre, pesadelos, ouvi uma voz hoje enquanto estava com o Cardeal e não sei se de fato ouvi ou se estou confuso.

Kakashi franziu o cenho e ergueu as mangas da camisa branca para colocar as costas da mão sobre a testa de Sasuke.

— Você está gelado, Sasuke — Kakashi se levantou, e Sasuke sentiu as mãos dele em seu rosto e pescoço antes de pegarem novamente suas mãos. — Muito gelado. Sente frio?

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