Capítulo 21

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Rage

Eu nunca fiquei tão fodidamente surpreso ao escutar uma batida de coração como naquela manhã. Assim que eu abri meus olhos, depois de ter uma noite de sono melhor do que ja tive desde... Sempre, vi Thea deitada ao meu lado. Por um segundo, um segundo apenas, eu entrei em pânico. Por um segundo, achei que ela estava morta.

Mas então vi seu peito subir e descer em um ritmo constante, e consegui ver a veia em seu pescoço pulsar com as batidas de seu coração. Fiquei a encarando por alguns segundos, sem conseguir fodidamente acreditar no que meus olhos estavam vendo.

"Você está viva..." Sussurro, e arrasto a ponta dos meus dedos pela sua bochecha. Suas pálpebras tremem um pouco e ela abre os olhos, as órbitas verdes tentando focar em mim.

Eu a tinha tocado. Por bastante tempo. Mas, ainda assim, ela não estava morta. Não ouso pensar que não tinha mais um demônio dentro de mim... Eu sabia que ele estava lá. Podia senti-lo se arrastando pelas minhas veias, mas Thea era a exceção.

Ela era uma exceção, e agora não iria deixar nada acontecer com ela. Porque era minha exceção... Minha única exceção.

"Você ainda está viva..." Repito quando ela está olhando para mim, e um sorriso sonolento aparece em seus lábios.

"Bom dia para você também, Rage." Franzi a testa, analisando o seu rosto, e Thea pisca algumas vezes, olhando em volta no quarto e se sentando na cama. Ela sorri para mim. "Eu te disse que não tinha nada de errado com você."

Não respondo a isso. Ela estava errada, e eu sabia disso. Mas, enquanto estivesse aqui, eu ficaria bem. Precisava dela perto de mim agora... Era como uma fodida maldição. Fiquei sem tocar em ninguém, sem ser quando estava matando, torturando ou ameaçando, e agora que fiz, não podia deixar minha exceção ir.

"Você fez uma coisa ontem a noite." Ela franziu a testa, e sinto um sorrisinho aparecer em meu rosto. Seus olhos seguem o movimento, e um próprio sorriso aparece em seus lábios, como se fosse uma reação automática do meu ato.

"O que?" Pergunta, e eu suspiro.

"Você me beijou." Thea sorri mais um pouco, mas posso ver seu corpo ficando um pouco tenso.

"Eu sei." Diz, e meu sorriso prevalece. Não era grande, mas era algo.

"Quero que faca de novo." Suas sobrancelhas sobem, mas antes que Thea possa falar qualquer coisa, nós dois escutamos batidas na porta.

"Rage? Precisamos conversar." Snake. Puta que pariu. Thea de levanta da cama imediatamente e bota seu chinelo, o mesmo que usava ontem a noite.

Não me importo nem mesmo em levantar, apesar de minhas mãos se fecharem em punhos. Assisto quando Ter abre a porta, e seu irmão a olha de cima a baixo. Não consigo encontrar nada que indique raiva em seus olhos.

"Hey, Tee... Preciso falar com ele, okay?" Thea apenas concorda com a cabeça, olha para mim e me dá um sorriso antes de sair do quarto. Eu estava ciente do fato de estar apenas de cueca, mas não me importo quando Snake entra e fecha a porta.

Ele me encara em silêncio por alguns segundos antes de falar.

"Gosta dela?" Pergunta, e eu olho em seus olhos.

"Preciso dela." Respondo, e ele me dá um sorrisinho torto.

"Não foi o que eu perguntei, cara." Eu suspiro.

"Sim. Eu gosto dela." Respondo, e ele assente, se encostando na parede ao lado da porta.

"Desculpa, Rage." Ele diz, e eu franzi a testa, sem entender.

"Desculpa pelo que?" Questiono, e Snake suspira, olhando para mim.

"Pelo que estou prestes a pedir a você.” Eu fico tenso, mas não falo nada, o que leva Snake a continuar. "Preciso que arrume a sua merda, Rage."

Arqueio as sobrancelhas e ele franze a testa, parecendo um pouco culpado.

"Nem uma vez, desde que o conheci, perguntei sobre seu passado. Não perguntei, mesmo quando te encontrei matando dois caras que tentavam estuprar uma cadela. Não perguntei quando se esquivou no momento em que fiz menção de encostar em você. Não perguntei absolutamente nada, porque sei muito bem o quão merda o passado pode ser." Ele diz, e eu escuto cada palavra, minhas mãos fechadas em punhos.

"Mas eu preciso que resolva qualquer merda que ainda tenha na cabeça, Rage. Odeio te pedir isso, mas Thea está na jogada agora, e não vou perder a minha irmã novamente. Eu tenho que proteger ela dessa vez." Tinha um tom de culpa na sua voz, mas vai embora tão rápido quanto apareceu.

Eu apenas escuto quando ele continua a falar.

"O que tem que fazer, Rage? Precisa botar a Casa Branca em fogo, eu te dou o fósforo. Quer matar alguém, eu boto a porra da pistola na sua mão." Diz, franzindo a testa.

Eu sabia que não gostava nem um pouco de falar sobre isso comigo. Sua mandíbula estava trincada e suas mãos também fechadas em punhos.

"Você é meu irmão, Rage, e eu te amo para caralho. Vou ser a última pessoa a ficar no caminho de Thea se quiserem ficar juntos. Mas você precisa resolver sua merda." Concluí, e eu desvio meu olhar do seu, abaixando a cabeça e deixando minha mente viajar.

Ele estava certo. Eu sabia que estava... Mas eu sempre quis evitar isso. Sempre quis evitar, e nunca pensei que estaria voltando a questionar essa merda de livre e espontânea vontade. Mas era Thea aqui... E Snake estava certo. Afundar ela na minha merda iria destruí-la.

Mas eu também não podia deixá-la ir, então eu teria apenas que diminuir a merda, apenas o bastante para que não a afete tanto. Eu suspiro, sabendo exatamente o que tinha que fazer.

"Snake?" Chamo, levantando a cabeça para encontrar seus olhos. O motoqueiro espera, e eu suspiro. "Preciso matar uma pessoa."

Um lento e sinistro sorriso aparece em seus lábios, um que eu já tinha visto diversas vezes. Ele era meu irmão, e eu sabia que iria me seguir até o fodido inferno se eu precisasse.

"Era disso que eu estava falando, porra. Vou chamar Joker, vamos fazer disso uma festa!"

Rage- Flaming Reapers 5Onde histórias criam vida. Descubra agora