Capítulo 7

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A mulher que Emily não conhecia movia as mãos, e delas saia uma energia vermelha. Assim ela espreme o sentinela sem braço na parede e a Viúva usa uma lança eletrizada para o cortar ao meio. Emily observa tudo sem reação, agarrando as crianças com força. Ela nunca tinha visto até hoje alguém conseguir destruir um sentinela tão rápido. Do outro lado da sala, Tony imobilizou o outro sentinela usando algum tipo de choque elétrico, e o Capitão o decapitou com o escudo.
- Você está bem? – a mulher com mãos brilhantes e cabelo castanho quase ruivo pergunta ao se aproximar. Emily percebe o sotaque russo.
A mulher estende a mão para Emily, que sorri e a cumprimenta.
- Sou a Feiticeira Escarlate, mas pode me chamar de Wanda. – Wanda diz. 
- Emily. Obrigada pelo que você... – Emily começa a agradecer, mas Wanda a interrompe.
- Sem problemas, temos que defender o que ainda resta do nosso gene.
- Você também é mutante? – Emily pergunta chocada.
Wanda concorda com a cabeça, esboçando um leve sorriso no rosto.
Athena e Will ajudam James a se levantar, e Emily percebe que ele estava mancando um pouco. James se aproxima dela e das crianças, verificando se estavam machucados. Tony e Steve se aproximam juntos, e o loiro ri de algo que o moreno diz. Steve parecia não ter mudado nada, mas seu uniforme não era mais o mesmo, estava sem a estrela no peito, e não tinha mais as cores vibrantes de antes. Já Tony parecia mais cansado do que nunca, mas em compensação, sua armadura parecia estar em seu auge, utilizando o que Emily achava ser nanotecnologia. Ela vê o metal se contrair como milhares de pequenas células, se retraindo até desaparecem no centro do peito de Tony, onde havia uma nova versão do Reator Arc.
Ao se aproximar, Steve sorri para Emily.
- Emily. – ele sorri e a cumprimenta.
- Steve! Como é bom ver você! – Emily diz feliz, e as crianças olhavam para os Vingadores admiradas.
Natasha para ao lado de Tony, e sorri para Emily. A Viúva Negra agora estava loira, com o cabelo longo preso em uma trança.
- Não sabem como é bom ver vocês! Estamos procurando há tanto tempo. – Hank diz ao se aproximar.
- Tivemos que sair daqui quando a divisão anti-mutante nos encontrou. Eles sabiam que não apoiaríamos a causa deles. – Steve diz.
- Sem querer estragar essa reunião emocionante, mas precisamos ir logo. – Tony diz.
Emily revira os olhos.
- Sério, Stark? – Emily diz – Você não muda, não é mesmo?
Tony olha para Emily nos olhos, e a ruiva fica desconcertada com o olhar frio que recebe. Ele não responde.
- Tony está certo. Nós temos que ir logo antes que mandem mais Sentinelas. – Steve diz, e Tony coloca uma mão no ombro do loiro em um agradecimento silencioso.
- F.R.I.D.A.Y., diz pro Estranho abrir o portal.
Emily imagina que F.R.I.D.A.Y. seria a mais nova inteligência artificial de Tony, mas não questiona. Alguns segundos depois, o portal faiscante surge novamente e todos passam por ele.
Eles aparecem em uma pequena sala com uma porta de metal gigantesca, que parecia ser muito pesada, como uma daquelas portas de cofre. Esperando por eles estava um homem vestido com uma roupa bem excêntrica, e uma capa vermelha que se movia mesmo sem vento. Ele tinha mechas brancas na lateral do cabelo, e um colar como um olho. Ele analisa os recém chegados por exatos dois segundos, até  seu olhar recair em Emily a encarando com curiosidade, e então se vira para Tony com uma das sobrancelhas erguidas. Tony sorri para ele e cruza os braços. 
- O que foi, Strange?
- É ela? – ele pergunta, e Steve vai até a porta para digitar uma senha num painel. 
- Yep. – Tony diz e ao mesmo tempo eles ouvem um bip e o som da porta se abrindo.
Todos eles entram, e Emily fica espantada com o tamanho do lugar. A primeira coisa que ela percebe é o barulho de conversas, a segunda coisa é como o lugar estava cheio. Aquela área parecia ser uma grande sala de recreação, e havia crianças, adultos, idosos. Algumas crianças brincavam correndo, os adultos pareciam todos ocupados trabalhando em alguma coisa, indo e vindo, entrando por portas e saindo por outras. Alguns param para observar os recém chegados, mas logo voltam à sua rotina. 
E então Emily vê alguém correr na direção deles, um jovem com aparência de 20 e poucos anos que estava usando calça jeans, uma jaqueta amarela e tinha cabelo castanho despenteado.
- Já está de volta senhor Stark? – ele pergunta alegre, abraçando Tony, que era um pouco mais baixo que o jovem. O gênio o abraça de volta e sorri.
- Eu disse que seria rápido garoto. – ele diz e o garoto se vira para eles, acenando.
- Oi, meu nome é Peter Parker! – ele diz, e Emily sorri para ele, enquanto James acena de volta.
Tony cutuca Peter e indica com a cabeça as crianças, que olhavam para todos os lados admiradas. Peter demora um pouco para entender, e então ele solta um “aaaah!” e se aproxima das crianças. E ok, talvez Emily não poderia realmente chamar as crianças de crianças. Quando o ataque dos Sentinelas começou, elas tinham entre doze e quatorze anos. Agora depois de três anos, todas já eram adolescentes, e não mais crianças. Mas Emily não podia evitar.
- E então, quem quer conhecer o lugar? – Peter pergunta animado, e nesse momento a capa vermelha de Strange voa sozinha, e começa a rodear Peter.  – Eu posso apresentar vocês para os caras mais legais desse lugar. Vocês vão adorar conhecer a Cassie! E também o Ned, e o Harley! A MJ!...
Os olhos de Marco estavam arregalados, e era a primeira vez em muito tempo que Emily via aquela alegria nos olhos de suas crianças. Rob, Marco, Annie e Thalia seguem Peter e a capa para longe, enquanto Strange suspira como se aquilo fosse algo rotineiro. Emily se vira para Tony.
- Que lugar é este? – ela pergunta.
Natasha dá um tapinha nas costas de Tony e sussurra algo no que parecia ser russo, e isso faz ele revirar os olhos e sorrir. Ela e Steve se despedem de todos, dizendo que tinham que preparar a sala de treino, e vão embora. Wanda também se retira, dizendo que foi um prazer conhecer Emily, e segue Steve e Natasha. E então só restam Tony, Strange, Emily, James, Will, Athena e Hank.
- Chamamos de Base-Alfa-Um, mas algumas das pessoas que resgatamos vieram com o nome “Salvação”. – Tony explica e olha ao redor – Eu pessoalmente não gosto, mas é algo que dá uma certa esperança para eles, então não reclamo.
- Depois do primeiro ataque dos Sentinelas, os Vingadores originais não tiveram outra escolha a não ser se reunir de novo... – Strange diz.
- Menos o Thor, que está lá em cima lutando para salvar os nove reinos ou algo do tipo. E aquele novo corte de cabelo realmente caiu bem nele. – Tony interrompe.
- ... E então eles tentaram salvar o máximo de pessoas possível, as trazendo para cá. Romanoff se lembrou dessa antiga base da S.H.I.E.L.D., e Stark se ofereceu para fazer as mudanças necessárias para abrigar a todos confortavelmente.
- “Eles” você diz. – Tony diz para Strange – Como se você não fosse um Vingador também agora.
Strange o ignora.
- Você não vai poder ter o prazer de conhecer agora o resto dos Vingadores, já que eles saíram numa missão faz dois dias. O Soldado Invernal, Falcão, Máquina de Combate, Visão, Homem Formiga e a Vespa viajaram para a América do Sul para uma missão de reconhecimento.
- Ah. – é a resposta de Emily. Para falar a verdade ela não conhecia quase nenhum dos nomes que ele mencionou.
- Mas agora nós temos que ir. Foi um prazer lhe conhecer. Emily Black. Hank MacCoy.
- Temos que ir? – Tony pergunta fazendo cara de filhote perdido, e Stephen revira os olhos exasperado.
- Sim, Stark. Você não quer a Pepper no seu pé, quer? – ele diz e se vira para ir embora, levando Tony junto com ele. – Athena faz questão de te levar numa excursão, apresentar todos para você, não é mesmo Athena?
Athena ri, e concorda com ele.
Depois que os dois Vingadores já se foram, Emily se vira para Athena.
- Estou confusa. – ela diz.
- Eles me ignoraram completamente. – James diz indignado, e faz uma péssima imitação da voz de Strange – “Foi um prazer te conhecer, Emily Black”. Ele nem ao menos olhou para mim! Nenhum dos Vingadores sequer notou minha presença.
James olha para Emily triste. Mesmo depois de tantos anos, ele ainda era aquele fanboy por dentro. Athena se vira para ele fingindo surpresa.
- Nossa! Você estava aqui esse tempo todo? – ela diz e Will dá uma cotovelada nela.
James abre a boca para retrucar, mas Emily o impede.
- Vocês vão nos levar nesse tour ou...? Eu realmente gostaria de fazer umas perguntas.
Hank olha ao redor, e então para Emily e James.
- Vocês podem ir, eu vou explorar esse lugar sozinho. – O douror diz, e sai.
Athena olha para onde ele foi meio chocada, e então indica outro caminho com as mãos, e eles andam até o lado oposto do imenso salão, onde havia duas escadas uma para cima e outra para baixo. Athena lidera o caminho para baixo e ao fim da escada estavam em uma espécie de jardim gigante.
- Aqui plantamos alimentos. – Athena diz e Emily vê varias pessoa cuidando de plantas. – Temos um Inumano que produz uma luz próxima a do sol, e é isso que permite que as plantas crescem aqui em baixo. E também temos a tecnologia de Tony que nós ajuda muito.
- Mas... por que vocês foram a antiga base?
- Fomos atrás de um equipamento que disparou. – Athena diz dando de ombros – Então hoje Tony nós mandou até aquela antiga base.
- O Tony? – Emily pergunta desconfiada.
Athena olha para ela com raiva.
- Se você for falar alguma coisa contra o Tony é melhor nem abrir a boca, Garota em Chamas. – a loira avisa.
- Afinal o que é que você tem contra o Tony? – Will pergunta cruzando os braços. – Você trata ele como se ele fosse um vilão.
James olha para Athena e Will, e coloca uma mão no ombro de sua noiva.
- Pelo que Emy me disse, ele não é exatamente um herói perfeito também. – ele diz tentando defender o argumento da ruiva.  
- Não. Ele não é. Nenhum de nós é, nenhum de vocês é. Ninguém nesse mundo é perfeito, todo mundo erra.
- Só que Tony parece continuar escondendo algo! – Emily responde com raiva.
- O que você sabe sobre o Tony, Emily? Você não sabe pelo que ele passou, o que ele sente, então para de julgar ele!
Emily estava com vontade de gritar. Durante todo esse tempo os Vingadores estiveram ali naquela base, e agora apareciam e destruíram a paz que Emily e os outros tinham conquistado. Todos eles agiam como se não tivessem passado anos sem se ver, sem se falar. Eles nem ao menos mencionam isso. Emily sente aquela raiva aumentar, como o calor de um fogo em brasa. Ela respira fundo, tentando se acalmar. Ela não podia deixar isso acontecer, não podia deixar a Fênix tomar controle... 
- Não falaremos disso agora, as crianças estão a salvo e é isso que importa! – Emily exclama e respira fundo, tentando se acalmar e focar no que realmente importava – Mas... eu queria te perguntar... você teve  alguma notícia de alguém da mansão?
A pergunta saiu de um jeito meio eufórico, mas Emily não podia evitar de ter esperança. Fazia tanto tempo que não recebia notícias, que qualquer uma serviria. Athena parece se desarmar de qualquer argumento que estava preparando para Emily.
- Emily...
Athena desvia o olhar, e isso faz com que Emily sinta um aperto no coração.
- ...Nós fomos até lá, logo depois do ataque e... não havia mais ninguém. E a mansão estava destruída.
O coração de Emily se quebra, e James a envolve num abraço. 
- Ah, não... Estão todos mortos, não estão?
- Não! Apenas não estavam lá! Pedem ter sobrevivido!
Mas Emily não acreditava nisso. A imagem daquela garotinha sendo morta volta a tona nesse momento. Ela nunca esqueceria aquela cena. O aperto no coração de Emily só parecia piorar, e Athena percebe o estado da outra e muda de assunto.
- Mas sei de alguém que vai amar te ver novamente! – a loira diz sorrindo.
- Quem? – Emily pergunta confusa.
- Venham!
Atravessamos um longo canteiro de repolho, até chegar até mais uma escada, indo cada vez mais para baixo, onde as paredes metálicas pareciam cada vez mais frias. Eles pararam em uma porta grande que se abre sozinha quando eles se aproximam, revelando uma gigantesca ala hospitalar. Havia muitas pessoas em macas, enfermeiros e médicos andavam de lá para cá, todos rostos desconhecidos para Emily, a não ser por um. Sem a menor dúvida, era Bruce Banner. Entre todos os Vingadores, ele era o que Emily mais gostava.
- Bruce? – Athena chama, e ele pede um momento para terminar de enfeitar o pé do garoto que ele atendia.
Quando ele se vira, os olhos dele se arregalam, e ele sorri.
- Emily? Quanto tempo! – ele diz se aproximando, e ela sorri para ele -Estou tão feliz que esteja viva!
- Eu também fico feliz de te ver bem. Você não mudou nada..  
- Como não? Só o meu cabelo já está cada vez mais grisalho. – ele ri – Tony diz que é porque eu trabalho de mais.
- E você sabe que ele está certo, né? – Will diz, e Bruce sorri envergonhado.
- Eu sei que vocês se preocupam, mas eu garanto que estou bem. – ele diz retirando seus óculos e o limpando no jaleco dele.
- Se você diz. – Athena diz – Mas olha Bruce, eu também queria saber se você viu o Gira-Gira?
- Ele tá lá no fundo, brincando com as crianças. – Bruce aponta, e Athena agradece.
- Quem é Gira-Gira? – Emily pergunta para a loira.
- Se nos der licença, Bruce.
- Claro, vou continuar ajudando aqui.
Ele se despede com um aceno, e os quatro partem para a direção que o doutor havia apontado.
- Até! – Emily se despede, e olha para Athena confusa - Não era o Bruce que você queria me mostrar?
- Não.
Athena sorria de um jeito estranho, mas quando James bate nas costas de Emily ela entende. Olhando para o final da sala ela vê que uma figura rodopiava de um lado para o outro, rindo descontroladamente, vestindo uma blusa vermelha, uma calça jeans azul e um sapato marrom escuro. Ele segurava em uma das mãos uma fita colorida, que esticava para um grupo de crianças pegarem, mas sempre que tentavam ele rodopiava, as impedindo.
- Jo... Jofrey!?! – Emily exclama.
Com mais uma rodopiada ele se virou e encarou a ruiva, com um sorriso ainda mais alargado.
- Emily! Tá viva ainda! – ele diz alegre.
- Sim... ainda. 
- E o garoto grude também! – ele diz apontando para James.
- Um... – James faz um muxoxo de desdém – Pelo menos ele me percebe. Como veio parar aqui seu doido? – James pergunta e Jofrey ri de um jeito escandaloso.
-A amiguinha imaginária. – ele aponta para Athena, que revira os olhos – Ela me trouxe pra cá faz uns dois anos!
- Para de me chamar de amiguinha imaginária! Eu já disse isso.
- Acho que a culpa é minha. – Emily diz rindo, e Athena lança um olhar perplexo para a ruiva, que encolhe os ombros.
- Longa história!
-Garota! Você vai ficar parada aí? Ou vai me dar um abraço!? – Jofrey pergunta, e ela abre os braços.
Emily estava tão feliz de ver o amigo ali, e tudo que ela queria era abraçar ele. Mas assim que eles se tocam, Emily é transportada para uma visão.

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