Capítulo 8

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Aquilo que via era horrível.
Emily ainda estava abraçando Jofrey, mas ela só conseguia ver os corpos pegando fogo. Eles queimavam, gritavam, mas não se mexiam. Pareciam estar presos as chamas. Os gritos ecoavam nos ouvidos de Emily, e ela podia sentir a dor e o desespero no ar.
E Emily vê James, que parecia nem se incomodar com as chamas. Mas então seus braços começam a sangrar de cortes profundos que apareciam do nada. Ele estica os braços na direção de Emily, e ela tenta alcançar, mas Jofrey a segurava com força. James grita, e aquilo pareceu uma onda de choque que lança Emily para o chão gritando.
Quando ela abre os olhos de novo, ela esta de volta na base. As crianças e os outros olhavam para ela assustados. Jofrey também estava caído, e olhava para Emily com assombro.
- Emy! Emy!? Que foi!? - James se agacha perto dela e segura seu rosto. Leva um tempo para Emily desviar o olhar de Jofrey, mas quando ela o faz, ela abraça James com toda sua força para garantir que ele estava realmente ali, que estava bem. Mesmo que os braços dela parecessem gelatina.
- O que foi isso? - Bruce pergunta preocupado ao aproximar.
- Eu não sei Bruce! Eles simplesmente se abraçaram e então foram parar no chão!
- Emy!? Fala comigo! Emy?! Ela está ardendo de febre! - James exclama, mas Emily não reage. Ela só se segurava em James, se sentindo cada vez mais fraca. Ela se sentia vazia, como se sua alma tivesse vazado pelos seus dedos do pé.
- Jofrey também! - Athena diz abaixada ao lado dele com a mão na testa dele.
- É melhor os dois irem se deitar, mas só tem mais uma cama sobrando aqui. - Bruce fala examinando um de cada vez. - Eu vou verificar os dois mais tarde, fazer alguns exames.
- A Emily pode ficar no meu quarto hoje. Eu e Will ficaremos com o turno da noite mesmo. - Athena sugere.
- Então, Athena, ajude James a levar Emily! Eu e Will cuidamos de Jofrey!
Era como se Emy estivesse fora de seu próprio corpo. Ela via tudo como se estivesse flutuando acima de tudo aquilo. Quando ela já está deitada na cama, Emily fecha os olhos e ouve James e Athena conversarem, mas suas vozes soavam como se estivessem debaixo d'água.
- Obrigada... por tudo. - era a voz de James.
- Ela é minha amiga, só estou fazendo o certo. - a loira responde.
- Eu realmente não entendo o que aconteceu.
- Deixe ela descansar, amanhã tentamos descobrir.
- Está bem... obrigada de novo.
A porta se fecha, Emily sentia a preocupação de James em seus pensamentos. Ele se deita ao lado dela e a abraça, e então Emily apaga.
Horas depois, Emily acorda, e James estava dormindo. Olhando fixamente para o teto, Emily não conseguia tirar aquela visão da cabeça. Ela só queria esquecer aquilo, esquecer como James estava encharcado de sangue e da expressão de dor no rosto dele.
Ela não queria pensar mais naquilo, mas ela sabia o que significava. Era apenas uma confirmação.
A Fênix está vindo, se aproximando cada vez mais.
Mas Emily não deixaria que nada acontecesse com James. A Fênix não tiraria James dela.
Por não ter janelas, não dava para saber se já era dia, mas mesmo assim James acorda depois de algumas horas. A primeira coisa que fez foi correr o olho em Emily, que agora estava sentada na ponta da cama, olhando fixamente para um mesmo ponto da parede metálica.
- Emy? - ele chama.
Notando James somente agora, ela se vira surpresa, com o olhar cansado, e ao falar sua voz sai fraca.
- Oi.
- Você dormiu?
- Um pouco. - ela responde, e já responde sua próxima pergunta. - Estou bem.
- Não, não está! O que aconteceu pra você ficar assim?
- NADA! - ela exclama frustrada, mas respira fundo - Eu... eu vou ver como as crianças estão.
Ela sai de presa, sentindo os pensamentos perturbados de James. No fundo ela queria contar, mas não queria jogar esse peso nas costas de James. Ela caminha pelos corredores, mas não chegou a procurar as crianças. Ela não sabia por onde ia, não conhecia o lugar. Ela caminha tentando seguir o caminho que Athena lhe mostrou a poucas horas, e quando percebe ela está no Jardim. No cento dele estava uma mulher negra de cabelos bem encaracolados. Ela ergue as mãos para o alto, e delas surge uma esfera dourada brilhante, que crescia cada vez mais até chagar no topo do teto. Um calor reconfortante seguiu instantaneamente, e por alguns instantes, Emily apenas queria admirar o pequeno sol recém criado. Mas sua consciência a levou de volta a realidade obscura. E seguindo seu caminho, ela entra na enfermaria. Bruce não estava lá, e Emily estava grata por isso, pois embora gostasse muito dele, não queria ele por perto fazendo perguntas que ainda não sabia responder. Algumas pessoas estavam acordadas, outras dormiam, e os médicos pareciam estar em pausa. Mas Emily não dá muita atenção, e segue direto para cama de Jofrey, que estava na mesma situação que ela, sentado com os braços abraçando os joelhos e olhar distante. A ruiva se aproximou calmamente e tocou seu ombro com delicadeza, com medo de seu toque causar mais visões. Isso felizmente não aconteceu, e Jofrey deslizou o olhar lentamente até se encontrar com o dela. Ela se senta na beirada da cama analisando o que havia feito ao amigo.
- Você está bem?

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