Capítulo 11

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Emily odiava mentir para James. Simplesmente odiava. Mas ela não tinha escolha, e então depois de deixar ele para trás, ela fecha a mente para não ter que ouvir os pensamentos dele.
Ela segue pelo corredor, e encontra Athena e Will a esperando na sala de treinamento. Como todas as vezes eles a recebem com sorrisos, mas Emily sabia que era apenas para tentar fazer ela se sentir melhor. Eles tentavam esconder a preocupação, mas tanto eles quanto Emily sabia o que eles realmente pensavam.
- Oi Emy. – Athena cumprimenta ela com um abraço.
- Boa noite, Emily. – Will diz.
- Boa aonde? – Emily pergunta, e o sorriso de Will cai.
- Foi mal. – ele diz.
- Sem problema, vou tentar não quebrar muita coisa hoje.
Emily diz e entra na sala. Estranho já estava lá, conversando num canto com Tony aos sussurros. Stark mexia em um tablet, provavelmente configurando alguma coisa na sala.
Bruce estava sentado em uma das cadeiras, observando os dois com um pequeno sorriso. Quando Ela se aproxima da cadeira ele se levanta, e também sorri para ela. 
-Como está Emily?
- Bem.
- Comeu alguma coisa antes vir?
- Estou sem fome.
- Mas você precisa comer...
- Podemos começar? – ela pergunta, ignorando Bruce, que olha para ela magoado. Do outro lado da sala, Doutor Estranho e Tony Stark olham para ela, e o último olhava zangado para ela.
- Doutor? – ela chama, e ele se aproxima dela e os dois se sentam. Tony vai até Bruce e o puxa para um canto, dizendo algo sobre ignorar o temperamento de Emily. 
- Olá Emily, está pronta?
- Sim.
Ambos fecham os olhos, e Emily esvazia a mente permitindo a entrada de Estranho, e poucos segundos depois ela abre os olhos, se encontrando em cima de um caminho de pedras, que parecia  sem fim cercado por água. Eles estavam no meio de um oceano calmo e com água cristalina. Emily não conseguia ver o fundo, apenas a escuridão lá embaixo. 
- Bonito, não é? – Strange pergunta andando na frente dela.
- Por enquanto sim.
Estranho se vira, e Emily vê um pequeno sorriso, quase imperceptível.
- Já faz quinze semanas que treinamos, embora tenha passado bastante tempo, você não evoluiu muito. Melhorou no quesito ataque, mas você sabe muito bem que isso não é o que te protegerá.
- Eu sei, tenho que impedir que minhas emoções tomem conta de minha mente. Estou tentando!
- Não o suficiente.
- Eu sei...
- Como não estamos tendo avanços, terei que tomar medidas drásticas. Seu maior medo é ferir as pessoas, principalmente as que ama, então eu quero que você olhe. – ele diz apontando para a frente, e Emily segue com o olhar.  Havia alguém caminhando na direção deles. Emily olha atentamente e reconhece a pessoa.
Era James.
Mas não podia ser o verdadeiro, apesar se ser idêntico.
- E acima de tudo você teme ferir James, teme não ser capaz de protegê-lo...
O caminho de pedra começa a temer e se rachar. O pedaço que James estava começa a se erguer, e a pedra parece criar vida e se tornar maleável. Aquela coisa vai envolvendo as pernas de James, que começa a gritar pedindo ajuda.
Mesmo sabendo que não era real, Emily fica aflita. Os gritos de James eram como os da visão de Jofrey.
- James!
- Salve James, Emily. – Doutor Estranho diz, e então some.
Emily corre o mais rápido que consegue na direção de James tentando não cair na água e desviando das rachaduras que se formavam. Os gritos eram cada vez mais torturantes. Quando estava quase no meio do caminho, Emily sente o chão se abrir aos seus pés e uma flecha voa do buraco, que quase arranca seu nariz do rosto. Mais buracos surgem, e ela começa a correr em zigue-zague, cada vez mais desesperada para chegar até James, que gritava e gritava... Ela usa seus poderes para desviar as flechas de que não conseguia desviar. A água ganhava  vida ao redor dela, e as ondas se quebravam na pedra com força, e Emily escorregava cada vez mais, e quase era derrubada para fora da pedra. Emily cria um escudo contra as ondas, e finalmente consegue chegar até James.
- Calma eu tô aqui. – ela diz tentando arrancar a pedra que cada vez mais o prendia, como em um casulo.
- Porque está fazendo isso comigo Emy? – ele pergunta em dor.
- Eu vou te soltar! – Emily diz com a voz tremendo. – Vai ficar tudo bem...
Emily não conseguia arrancar aquelas pedras de James, então ela lança rajadas para tentar quebrar a pedra, mas isso só faz James berrar mais.
- EMILY PARA! POR QUE ESTÁ ME MACHUCANDO!?
Emily para na hora, sem saber o que fazer. As ondas batiam no escudo que Emily havia criado e Emily precisava se concentrar cada vez mais para manter o escudo em pé. 
- Mas eu preciso te tirar daí! Eu tenho que te salvar!
- Você não está tentando me salvar... está tentando me matar! Por que está tentando me matar!?
- O que?!
- PORQUE QUER MATAR TODOS NÓS?!
- Eu não quero! Do que está falando?!
- PORQUE QUER NÓS MATAR!?
- James, eu nunca o machucaria!
Sem perceber, Emily perde o controle do escudo, e uma onda a derruba para dentro do oceano. Os gritos de James iam se afastando cada vez mais, e Emily lutava contra a água, tentando respirar e usando seus poderes para voltar para a superfície, mas as águas eram raivosas de mais. A água parecia puxar ela para o fundo, e Emily não conseguiria prender a respiração por muito mais tempo.
Aquilo era real de mais.
Ela não aguenta mais, e a água começa a entrar em seus pulmões. Desespero desespero desespero desespero tomando conta da mente dela.
Medo, pânico.
Emily sente a visão escurecer, e ela fecha os olhos.
Escuridão.
Até que ela ouve alguém lhe chamar repetidamente, e a voz ficava cada vez mais alta.
Seus olhos se abrem e ela respira fundo, e começa a tossir água. Ela estava deitada em um chão frio e molhado, e ainda não estava de volta na sala de treinamento. Acima dela o céu estava cheio de nuvens, escuras, e vermelhas. Caia uma chuva intensa, deixando Emily ainda mais encharcada e com frio.
Emily se levanta com dificuldade e olha ao redor. Ela estava no que parecia ser um prédio em ruinas, e mesmo chovendo, tudo estava chamas. Era como se a água e o fogo nem ao menos se encontrassem.
Emily sentia que aquele lugar era familiar, mas mesmo examinando seus arredores ela não reconheceu.
- Estranho? Que lugar é esse? – ela chama, mas não tem resposta.
Ela estava sozinha ali.
Emily se lembra do que havia enfrentando antes, dos gritos de James. Ela não conseguiu salvar ele. Se ela não conseguiu salva-lo aqui, quem dirá na vida real.
Ela olha ao redor, começando a se preocupar com a situação. Tudo continuava a mesma coisa. Será que ela ainda estava treinando?
Um grito ecoa de repente, assustando Emily. Ela procura pela origem do som, mas não acha nada, nem uma alma viva. Mas então ela ouve outro grito, e mais outro sucessivamente. 
E então ela entende.
Aqueles eram os gritos de seus pais ao serem mortos.
- Quem tá fazendo isso?! Estranho?!
Ela olhava desesperada para todos os lados a procura de alguém,  enquanto os gritos só aumentavam cada vez mais, como se estivessem se aproximando dela.
- Para com isso! Para! – ela implora.
Emily se ajoelha no chão e tampa os ouvidos com as mãos e fecha os olhos com força na tentativa de fazer aquilo tudo parar.
- PARA!
E assim como começou, tudo repentinamente para. Emily ergue a cabeça confusa. Ela continuava naquele lugar. A chuva ainda caía, e o fogo ainda ardia.
Ela se levanta, sentindo um calor às suas costas, e vira lentamente. O que ela vê faz seu coração acelerar loucamente, assim como todas as vezes em tantas outras noites.
Fênix estava flutuando a poucos centímetros do chão. Ela não tinha a forma de um pássaro, mas sim a de um ser humano completamente em chamas. Uma mulher.
- Sou eu, criança. – ela diz, e a voz ecoa na mente de Emily.
Dessa vez era diferente. Isso não era mais um treinamento.
- Não, de novo não. – Emily diz se afastando. – Não não não não...
Ela andava para trás, tentando se afastar de Fênix.
- Por que está se torturando? Você sabe que sou inevitável.
- Não! Você não vai conseguir o que quer! Não vou,... não vamos permitir!
- Esse tolos não irão te ajudar. Nosso destino é ficarmos unidas.
- EU NUNCA ME UNIREI A VOCÊ!!
- Os gritos ecoando e a dor insuportável, estão mais próximos que do que imagina, minha criança.
Neste instante Fênix se joga em Emily, agarrando o pescoço dela e a levantando. Emily tenta lutar, tenta se soltar, mas se queimava cada vez que tocava em Fênix. A pele ao redor do pescoço dela ardia e ela queria gritar mas não tinha ar... Não sabia como escapar...

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