11.

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Fire.

"De volta aos trilhos. " Ashley pensou. Estava treinando depois de semanas sem nem escutar a palavra. Sentia falta da adrenalina correndo em suas veias e do calor insuportável impregnado em seu corpo. A menina fitava Cinco de relance do outro lado do grande corredor. Qualquer erro, o menor que fosse, ele a fazia repetir tudo. Um grande perfeccionista. Carter mal tinha começado, mas sentia-se totalmente acabada.

— Ashley, seu pé está errado. Deve estar perfeitamente alinhado na diagonal. Repita. — a menina suspirou cansada e o obedeceu.

Ela repetia, e novamente, e novamente. Alisson chegou repentinamente e sentou com o mais velho.

— Ela está bem?

— Sim — disse concentrado. — Ashley! Está errada. Repita.

— Cinco, estou cansada.

— Não vai chegar muito longe se não cansar. — ela suspirou e repetiu.

— Dê um tempo a ela. — sussurrou a grande estrela.

— Não temos tempo.

— Cinco, eu não aguento mais.

— Você aguenta.

Ashley se concentrou e fez uma bola de fogo com as mãos e a jogou para cima para pegar impulso, mas quando a mesma ia pegar, simplesmente apagou. A bola se desintegrou no ar e a menina foi ao chão.

— Ashley? — Alisson a chama assustada.

— Ela está bem. Vamos, me ajude a pegá-la.

Ambos a levaram para seu quarto e o menino cobriu seu corpo suado com um grande lençol.

— Por que está fazendo isso?

— Ela precisa acordar.

— Você está maluco? — ela puxa o lençol da mão dele e liga o ventilador da mesma.

— Ela precisa sentir calor, sua tonta. — ele desliga o mesmo e a cobre.

— O que tem de errado com você?

— Você pode ir embora, Alisson.

— Está virando o papai.

— Que seja. — se senta ao lado da menor.

A menor apenas negou e saiu do quarto. Cinco sabia o que estava fazendo e isso não o preocupava, com exceção da parte em que a menina quase morre. A ver assim quebrava seu coração, e por mais raro que aquilo fosse, odiava. O com nome de número tirou alguns fios de cabelo do rosto dela e deposita um selinho em seus lábios, mas quase queimou o seu. Respirou fundo e sentou na cadeira, esperando-a acordar. No fundo, tinha medo dela não acordar, afinal, não era impossível.

~ ~ ~

O pé dele balançava freneticamente. Já fazia duas horas que estava adormecida, e até tentou acordá-la ele mesmo.

"Merda!" Pensou.

O mais velho andava para o lado e para o outro, buscando alguma solução. Até, que uma voz rouca o chama. Cinco se vira bruscamente e vai até ela.

— Está bem?

— Oh, sim. Apaguei, mas estou bem. — Ashley passa a mão por sua testa, enxugando o suor.

— Quer água? Eu te busco. Quer saber, eu vou peg-

— Cinco! — gritou fraca, o interrompendo. — Estou bem.

O menino suspirou e olhou para a mesma. Ele se teletransportou para o seu lado, abraçando-a.

— Que bom que está bem.

— Continuo com calor, aliás. — se afastou.

— Claro. — riu e se ajeitou ao lado dela.

Ashley sorriu gentil para o menino.

— Me perdoe por lhe forçar.

— Não.

— Sei que errei, mas...

— Eu não vou te perdoar porque não te condenei, tonto.

— Que bom que está bem. — repetiu e descansou a cabeça no ombro da menina.

~ ~ ~

Carter simplesmente não conseguia pegar no sono. Eram por volta das duas da manhã quando ela desistiu de tentar dormir e pegou seu violão. Ela viu sua afinação, ajeitou um pouco e com pouco esforço, fez um acorde. E em seguida, mais outro. E outro. Seus dedos corriam as trastes do instrumento, formando uma melodia. O som que saía era delicado e sentimental, totalmente diferente do que a que tocava mostrava ser. Afinal, quem era Ashley Carter por baixo da armadura? Uma menina forte ou uma tão mole quanto a sua música? De fato, era um grande enigma indecifrável. Com as paredes finas como papel, Cinco acordara e escutava com atenção os suspiros pesados de LeFay e seu doce som.

Ele se levantou, pensando em ir checá-la, mas acabou que se deitou novamente. Às vezes, as pessoas precisam de um momento sozinhas. Pelo menos, era assim que pensava. Não demonstrava muito seus sentimentos, mas apesar de tudo, gostava muito da garota e da alegria que apenas seu olhar o trazia. Era eternamente grato por todos os acidentes que aconteceram, já que foram eles que o proibiu de levar a menina embora. De repente, Klaus apareceu em seu quarto. Não disse nada nem Cinco, apenas caminhou e se deitou junto ao mesmo, porém em lado contrário. O mais alto se balançava seguindo o som de Ashley, tão leve quanto uma pena. Do nada, houve um acorde falho e o silêncio tomou conta. Nem um único ruído da garota foi ouvido novamente.

— Você deveria ir lá, cabeça de abóbora. — Sussurrou Klaus e riu.

— Acha?

— Vai atrás da sua garota, garanhão.

— Não. Ela deve ter ido dormir. Aliás, o quê está fazendo aqui? — ele olhou-o cínico.

— Vim escutar o batuque da chiquita. Você tem sorte, maninho. — deu uma piscadela e riu.

— Vá dormir, criança.

— Não pode negar que está caidinho por ela.

— Já foi dormir?

— Cinco...

— Que é?

— Estou escutando sinos badalando.

O mais velho empurra-o com seu pé, fazendo o mesmo cair da cama. Klaus riu, mas não se levantou. Dormiu alí mesmo. Enquanto isso, o mais velho não conseguiu pregar os olhos. Será que estava bem?

Idwsyc - Number FiveOnde histórias criam vida. Descubra agora