#1- Capítulo 2 💻

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— Tem razão — respondi com um sorriso amarelo. — Infelizmente o ônibus não passou no horário e o trânsito aqui na avenida estava infernal. Peço desculpas pelo meu atraso de menos de cinco minutos, isso não irá mais acontecer.

Ele continuou sorrindo. Maldito sorriso! O homem devia ser modelo. Eu ainda estava para conhecer alguém com um sorriso tão charmoso...

— Eu sei. Só estou brincando, não estou te cobrando. Hum... podemos almoçar juntos hoje?

Eu tenho um grande problema... eu não consigo disfarçar minhas emoções. E eu, achando que o meu chefe já estava me assediando, devo ter feito, naquele momento, alguma cara de incredulidade ou de indignação. Porque meu vizinho sexy ficou sério de repente e se desencostou da minha mesa.

— Desculpe — ele disse. — Não me expressei muito bem. Nós aqui costumamos almoçar em um pequeno self-service na esquina, sempre vamos em grupos de três ou quatro pessoas. Então se quiser vir conosco...

Senti o calor subir pelo meu rosto. Ahhh! Merda! Eu imaginei que ele já estava me chamando para sair. Que erro! Que vergonha! E ele percebeu que eu havia pensado em algo assim, certeza!

— Está bem... eu vou — consegui dizer com a voz quase em um fio.

Ele deu um sorriso que me pareceu meio sem graça e se afastou, indo para a sua sala que ficava logo atrás de mim e que também tinha as paredes envidraçadas.

Ah, que ótimo, meu dia começou muito bem! Primeiro caí na frente do meu vizinho gostoso como uma banana, depois pedi para ele parar de fazer barulho enquanto transava, cheguei no meu primeiro dia de serviço atrasada e então descobri que o gostoso era o meu chefe, e agora tinha acabado de fazer um julgamento errado dele. Bela imagem que eu devia ter passado.

Suspirei, pois, para fechar com chave de ouro, eu sabia que, sentada ali naquele local, eu o teria olhando para minha nuca o dia inteiro. Merda!

Voltei para o computador e tentei me concentrar no projeto. No fim, a manhã passou voando e, perto das 13 h, Carlos voltou a se aproximar da minha mesa.

— Vamos? — ele disse, seu semblante era sério.

Eu concordei, pegando a minha bolsa. Apesar de mal conhecê-lo, ainda não o tinha visto sério daquele jeito. Algo dentro de mim me apontou o dedo de "culpada".

Elaine, minha coordenadora, uma bela moça negra e alta, logo se juntou a nós e também um rapaz que eu ainda não tinha sido apresentada e que trabalhava duas mesas depois da minha. Rafael era o nome dele.

Fomos nós quatro para o tal restaurante e, felizmente, Elaine era uma pessoa bem falante, assim, o clima manteve-se descontraído, mesmo comigo falando pouco e com Carlos praticamente mudo.

— O que está acontecendo com você hoje, Carlos? — perguntou Elaine durante a refeição. — O gato comeu a sua língua?

Ele sorriu e olhou de relance para mim.

— Não. Só estou com algumas coisas para resolver e isso me deixa um pouco distraído.

Não teve como eu não me sentir mal. Era óbvio que ele estava chateado com a minha reação de horas antes. Pior... e se ele estivesse com raiva de mim? Já comecei a me imaginar tendo que empacotar novamente as minhas coisas para voltar para o interior. Afinal, eu estava ainda em período de experiência, não era certo que eles iriam me contratar em definitivo, e depois dessa...

Talvez fosse melhor procurá-lo mais tarde para me desculpar. Mas como é que se desculpa por algo que a gente não falou? Voltei para o escritório com aquilo na cabeça e me sentindo um pouco chateada, ansiosa.

Vizinhos:  contos eróticos - DEGUSTAÇÃO Onde histórias criam vida. Descubra agora