sorte ou azar? (savanna )

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Essa é a terceira  vez que recebo uma cantada barata de um cliente bêbado, me pego pensando que crime eu fiz para merecer ter uma vida tão miserável. Não é que eu seja ingrata é só que não consigo me acostumar a esse ambiente tão promíscuo. Quando meu expediente chega ao fim agradeço aos céus por isso. Assim que adentro o vestiário nanda já pula em mim me abraçando.
-Para com isso nanda, não gosto dessa melaçao. indago
-Aposto que vai gostar quando for um garanhão que estiver te agarrando.
-nunca
-Estou sabendo, agora que tal nos arrumarmos logo que daqui a pouco ricardinho chega aí.
-Tem certeza que você quer mesmo me levar para a balada com vocês?
-claro amiga, hoje é sexta feira e você está precisando sair um pouco, curti a night, beber umas duas ou três, beijar na boca. ..
-chega nanda não vou fazer nada disso.
Depois de algumas horas estávamos prontas para  a tal balada, eu vestia um bori preto de  manga -longa discreto ,uma saia midi, um vanz ,já nanda vestia um minúsculo vestido vermelho, batom na mesma cor do vestido e saltos altos,seus cabelos curtos estavam penteados para trás.
-você vai assim? indaga nanda
-Assim como?
-Parecendo uma velha 
-se você quiser eu não vou. .
Ela me abraça apertado indagando.
-Desculpe OK, eu só não quero que você se sinta desconfortável.
-Estou confortável assim.
Poucos minutos depois ricardinho chegou, entramos no carro e a viagem foi silenciosa.
Descemos do carro e fomos para a fila de entrada, depois de mostrar nossas identidades entramos sem problemas.
Não se podia ouvir quase nada, a música estava extremamente alta, na pista de dança as pessoas dançavam se esfregando umas nas outras, o cheiro de álcool e cigarro nauseava meu estômago.
-vamos tomar alguma coisa? indaga nanda
Encostamos no balcão logo um barman veio nos atender.
-uma tequila com limão para mim.
-VODKA com energético indaga  RICARDINHO 
Como não digo nada o barmam me olha e sorrindo diz :
-E  você princesa o que manda?
-Coca -cola
-como assim Coca amiga, pede alguma coisa que tenha álcool
-Eu não bebo
Recebo olhares incrédulos e eu definitivamente não me importo, não bebo e pronto.
Se tem uma coisa que eu me arrependo é de ter aceitado o convite de nanda para vir nesta boate ,enquanto ela dança com ricardinho eu estou sentada sozinha, deslocada, me sentindo o patinho feio, percebo como as mulheres aqui são bonitas, em  roupas curtas atraem atenção por onde passam,vejo nos cantos mais escuro casais se pegando,  isso aqui  exala luxúria. Me levanto e saio da boate,o alívio me preenchendo por estar fora  desse lugar. Me lembro que apenas a uma quadra havia um ponto de  ônibus, com passos rápido me dirijo para lá,mas por mais que eu já tenha andado nunca  chego nele, noto com pavor que estou atravessando uma rua escura e desconhecida, e a cada passo que dou sinto que sou observada, minhas pernas tremem, suor frio escorre do meu pescoço. Tento convencer a mim mesma que nada vai acontecer ,estou quase acreditando quando ouço vozes.
-Mas não é mesmo uma gracinha!!!!
Me viro encontrando dois homens a  um metro de mim, eles me olhavam como se eu fosse carne fresca e eles animais sedentos de fome. O pavor tomou conta de mim, e pequenas lágrimas começaram a escorrer dos meus olhos .
-Não chore princesa, nós nem começámos a brincar ainda.
-O que vocês querem, não tenho dinheiro
-só queremos te mostrar nossa brincadeira favorita
Então comecei a correr o mais rápido que eu podia, os dois homens correndo na minha trás  ,sentia toda minha força se esvaindo, o suor escorrendo de cada poro do meu corpo,já podia sentir seus cheiros  fétido de  álcool e tabaco.A cada instante eu sentia que não conseguiria, não havia saída mas eu não me entregaria,lutaria até o fim. Me viro para trás para ver se eles estão próximos e acabo enfiando o pé num buraco caio no mesmo instante.
-te pegamos ratinha. ....
Agora as lágrimas caem em abundância  ,me levanto e a dor no pé é tanta que caio sentada, os homens riem começo a andar de quatro pés tentando fugir deles que parecem se divertir com o meu sofrimento. Um deles  acerta um chute na minha costela e eu caio de costas no chão gemendo  ele vem para cima de mim e eu instantaneamente fecho os olhos e peço em oração a Deus que ele me mande a morte que é melhor do que estar por vir. Continuo de olhos fechados e nada acontece até que ouço um ronco de motor, e logo em seguida  um baque surdo .Abro os olhos e há  um homem desconhecido brigando com um dos homens que  estavam tentando me violentar,ele  acerta um soco no seu queixo ao qual ele cai desmaiado no mesmo instante e em seguida parte para cima do outro que estava em cima de mim . Os dois estão travados numa luta corporal, mas o desconhecido é mais forte ele lhe acerta um soco no olho, ele revida com um na boca do desconhecido ,e eu mentalmente imploro a Deus que dê a vitória ao desconhecido. Minhas súplicas são aceitas pois o desconhecido parte para cima daquele homem asqueroso e lhe acerta um soco no seu maxilar e ele cai no chão ,o desconhecido continua socando  a cara dele  sem parar até sua inconsciência total, depois se levanta arruma o seu terno sobre medida e cospe na cara do homem caído.
-Seu  verme. indaga
É a voz mais máscula e sexy que já ouvi, grossa com uma leve rouquidão,e pela primeira vez na vida  sinto meu coração batucar descontrolado no meu peito .
Tento me levantar e a dor e tanta no meu pé esquerdo que eu caio sentada mordendo os lábios para não gritar de dor. O desconhecido se aproxima e ajoelha ao meu lado,seu perfume amadeirado infiltrando minhas narinas.
-vou te levar para o hospital.
Não consigo falar nada então ele me pega nos braços , afundo o rosto na sua blusa e choro copiosamente, sentindo toda a tenção do momento que passei.Ele me deposita  na poltrona confortável do carro coloca meu cinto de segurança e então toma lugar no seu acento no banco do motorista. O ronco do  motor se faz presente e então estamos andando em alta velocidade, meu choro cessou, me encolho na poltrona e tudo que quero é esquecer esse  episódio terrível .
-você está bem? indaga o estranho
-Estou e por sua causa, obrigado
-Disponha. E seu pé?
-Está doendo como o inferno
-já estamos chegando no hospital.
Algum tempo depois ele estaciona ,me pega no colo e entra no hospital, o cheiro forte de remédios me nauseando o estômago. Percebo que não estamos em um hospital comum já que não está abarrotado de pessoas, e já que assim que chegamos eu sou atendida.

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DOCE ENCANTOOnde histórias criam vida. Descubra agora