I think it's love

L. A.

Oi gente, essa é a minha primeira fic, pfv, perdoem os erros, espero que gostem 😊

Não tenho a mínima paciência para arrumar malas, eu já deveria estar acostumada, todo ano mudamos pelo menos 2 vezes de país por causa do emprego da minha mãe, desde que meu pai morreu, pouco depois da minha irmã mais nova nascer, somos eu, meus irmãos e minha mãe pelo mundo.

Entendo que o dinheiro que minha mãe consegue com esse trabalho é razoavelmente bom, mas sinto falta de um lar, um lugar onde eu possa fazer amigos sem me preoucupar em deixa-los no próximo mês, uma casa na qual eu possa ter recordações, algum lugar que eu possa me estabelecer sem nunca mais pensar em partidas. Sei que meus irmãos também sentem isso, Lamar, meu irmão mais velho, tem planos de cursar faculdade, e isso não é possível mudando de país o tempo todo, eu sei que logo ele irá parar de nos acompanhar pra seguir seu próprio caminho, e então eu farei o mesmo, e um dia Isabela também. Isso me assusta, por mais que não sejamos uma família muito estável, isto é o que sabemos ser, mas a vida é assim, devemos estar dispostos a alçar novos vôos.

- Any, rápido! Nós temos que sair em uma hora.- Lamar grita na porta do meu quarto.

-Eu sei, eu sei, só me falta uns cremes de cabelo- Respondo entrando no banheiro pensando onde vou conseguir enfiar o resto das minhas coisas.
[...]
- Por Dios Gabrielly- Belinha grita enquanto puxo ela caminhando a passos largos pra fazer logo o check-in. Estamos em Barcelona a 4 meses, são tantos idiomas que minha irmã frequentemente mistura as palavras. Mamãe prefere que nós estudemos mais o inglês pois é a mais usual ao redor do mundo, além da nossa língua materna, o português, falamos um pouco de espanhol, Lamar também sabe um pouco de francês.

-Corre logo Belinha, se a gente perder esse vôo vai ser igual na Itália. Você quer ter quer dormir num aeroporto de novo?- Eu digo lhe puxando pelo braço.
[...]
O vôo pra Los Angeles é monótono e eu durmo praticamente o tempo todo, Lamar ao meu lado, assiste filmes aleatórios e minha mãe ajuda Belinha a colorir alguns desenhos.
[...]
-Any meu amor, nós chegamos, vamos, levante- Minha mãe me sacode levemente tentando me fazer levantar.

Lamar já esta em pé com a mochila nas costas e sorri fazendo um sinal pra que eu arrume o cabelo.
Demora pouco pra que a gente consiga um Uber e seguimos para a nova casa.

O clima de Los Angeles é quente é seco e eu prendo o cabelo num rabo de cavalo pra espantar o calor. Não posso negar que a cidade é linda, consigo ver o mar de relance. Belinha insiste que devemos passar pela Sunset Boulevard, que é uma importante via de Beverly Hills, que cruza a Wilshire e Santa Monica, pois ela quer ver as palmeiras que viu nas fotos da internet ou para o letreiro de Hollywood. Mas mamãe nega e seguimos direto para Atwater Village, onde fica nossa nova casa, é um bairro do 13º Distrito, localizado no nordeste da cidade, grande parte dos habitantes dessa região são imigrantes. Conforme adentramos mais pelo bairro, o trânsito diminui até chegarmos em certo ponto que as ruas possuem somente casinhas com jardins e caixinhas de correio coloridas. O carro estaciona.
Chegamos.
Eu e Lamar descarregamos as malas com ajuda do motorista, mamãe desce com uma Belinha sorridente nas costas na frente de uma casa de dois andares branca e um gramado verde que se estende por todo terreno, uma enorme árvore sombreia o canto esquerdo da casa, seus galhos tão próximos a janela espaçosa de um dos quartos, logo penso que tenho que entrar correndo e pegar este quarto pra mim antes de Lamar ou Belinha.
[...]
A casa é espaçosa e em conceito aberto, as paredes são todas em tons claros, mas até o momentos, a única coisa que se vê são caixas dos poucos objetos de decoração, porta retratos, livros, discos, talheres e louças e as pequenas coisas que nos trazem boas lembranças dos lugares que passamos e da nossa vida no Brasil.

Subo em busca do meu quarto desejado, e fico feliz por consegui-lo, respiro o cheiro da nossa nova casa, ela é realmente linda e desejo que possamos viver aqui por mais que 6 meses. As paredes do meu quarto são de um azul claro, e já está previamente decorado, me sinto bem neste lugar, só falta alguns toques pessoais.

Começo a desencaixotar minhas coisas. Pego o meu porta retrato favorito, uma foto minha e do meu pai em umas das peças que fiz no Brasil, eu com um enorme sorriso sobre seus ombros e meu pai igualmente sorridente, poucos dias depois o carro dele capotou e eu nunca mais consegui ver aquele sorriso, nunca mais pude abraça-lo. Meu pai sempre foi um homem sonhador, trabalhando dia e noite pra nos dar tudo do bom e do melhor, ele e minha mãe se conheceram num desfile no qual ele acessorava uma empresa de moda na qual minha mãe era modelo, depois que tiveram filhos minha mãe decidiu largar a carreira para se dedicar a família e depois da morte do meu pai ela teve que se virar para nos sustentar, me orgulho muito da minha mãe.
Abraço o porta retrato contra o peito, lembro da voz do meu pai "Vocês meus filhos, entendem como é lindo os dons que vocês tem? Vocês vão ser artistas, vão chegar longe". Lamar não nutria esse sonho, ele sempre teve os pés no chão, já eu, era fascinada por todo aquele mundo da arte, e meu pai sempre me incentivando, a cantar, dançar e atuar, lembro como se fosse hoje sua voz melodiosa cantando "garota eu vou pra Califórnia, viver a vida sobre as ondas, vou ser artista de cinema...", meu destino já estava todo planejado, eu seria famosa, eu iria chegar longe, eu iria para Califórnia, até aquele dia, naquele maldito dia o meu sonho se foi. Respiro fundo e sinto uma lágrima escorrer pelo rosto.
-Nós conseguimos pai, nós estamos na Califórnia

*Gente, quando tiver isso aqui ~> [...] significa passagem de tempo curto tipo ao longo do dia .
*As fotos da casa e do quarto foi no que me baseie pra escrever sobre a casa da Any, mas usem a imaginação como quiser.