7. Cidade selvagem

81 15 84
                                    

Ela não podia resistir
Nessas ruas sozinha
Para uma criança sem mãe nessa
Cidade selvagem, selvagem
Não há nenhum lugar para um
Menina, tão jovem e bonita
Para uma criança sem mãe nessa
Cidade selvagem, selvagem
Porque na cidade não há nenhum lugar
Para uma menina solitária
(Wild City - The Pretty Reckless)

Ela não podia resistirNessas ruas sozinhaPara uma criança sem mãe nessaCidade selvagem, selvagemNão há nenhum lugar para umMenina, tão jovem e bonitaPara uma criança sem mãe nessaCidade selvagem, selvagemPorque na cidade não há nenhum lugarPara um...

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

A queda das folhas marcava o início do outono. Setembro começava já anunciando o final do verão e embora ainda tivéssemos um clima ameno e agradável em Nova York, a nova estação era responsável por deixar tudo cinza e sem vida, assim como meu estado de espirito.

Talvez eu devesse ter seguido com minha vida em Nova Jersey. Lá eu tinha uma família, uma casa no subúrbio e bem menos chances de voltar a me envolver com pessoas erradas, mas eu amo Nova York, Manhattan é meu lar e é aqui que vou alcançar meu objetivo de publicar meu livro.

Quando eu pedi demissão, dois meses atrás, eu sabia que a luta por um novo emprego seria árdua. Christian ameaçou usar seus contatos para me prejudicar e eu estava provando um pouco do seu ódio, intensificado pelo sentimento de rejeição dele.

Depois de todo esse tempo desempregada e sem nenhuma ligação de Holly, eu já não tinha de onde tirar dinheiro para bancar o aluguel do apartamento, logo teria que vender meu carro para pagar as faturas do cartão de crédito que se empilhavam aos montes e mesmo conseguindo que um amigo jornalista intimidasse Christian com uma matéria no programa de fofocas da emissora, fazendo-o desistir das más referências, eu ainda procurava incessantemente por um novo emprego e agora também por um lugar mais barato para morar.

Winston e Zoey me ofereceram quartos em seus respectivos apartamentos, mas sem querer parecer ingrata, eu não abriria mão da minha privacidade a não ser que não houvesse outro jeito e se fosse para dividir um apartamento com alguém, seria com Shawn. Além disso, ele e Zoey ainda não estavam se falando direito, eu a via pouco por conta de suas provas semestrais e obviamente morar com ela afetaria minha amizade com ambos. Por outro lado, Winston era homem, solteiro e eu não seria capaz de invadir sua intimidade indo morar com ele.

Andei durante o dia todo, por toda parte e não encontrei nada. Para piorar, já passava das sete e a noite que caía era daquelas frias e chuvosas. Parei o carro em frente a um bar e resolvi pedir uma bebida, mas o cartaz colado no vidro foi o que me chamou mesmo a atenção:

"Aluga-se um loft"

Peguei o cardápio deixado sobre o balcão, me sentei em uma das banquetas e acendi um cigarro. Fumo desde os dezesseis anos, cigarros me tranquilizam e é um hábito que não posso me dar ao luxo de largar, pelo menos não por agora.

─ Não deveria fumar aqui! ─ uma voz monótona fez se ouvir atrás de mim, me arrancando do flashback no exato momento em que pus um cigarro na boca pela primeira vez.

Me virei em busca da pessoa que me repreendia, me deparando com um homem alto e magro, cabelo castanho claro, na altura das orelhas, com os olhos azuis mais brilhantes que eu havia visto na vida e que me lembravam, em demasia, os de outra pessoa que eu já não via a algum tempo.

Por VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora