Allison Parker é uma jovem cheia de traumas e frustrações adquiridos desde a morte da mãe. A decepção com o pai e com antigos relacionamentos a fizeram erguer um muro entre o sexo e qualquer outro envolvimento mais profundo e emocional.
Fria como ge...
Nós sempre soubemos que viria a isto São em horas como essa que eu esqueço o que eu sinto falta Assuntos do coração são difíceis de discutir Especialmente quando o seu está completamente vazio (So Long goodbye - Sum 41)
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─ Não! A resposta é não!
─ Olha, Allie...
─ Não, Winston! Eu amo a sua mãe, a considero minha também, mas não vou mais me sujeitar a isso ─ relaxei o corpo no sofá, o encarando de braços cruzados sobre o peito ─ Ele não significa mais nada pra mim.
─ E a Kat?
─ Isso não é justo e você sabe ─ alterei meu tom de voz, sustentando o olhar dele ─ Não me julgue por ter ido embora, eu só tinha dezessete anos.
─ E ela só tem dez ─ ele rebateu ─ Está assustada e precisando de você.
─ Eu não sou a mãe dela.
O silêncio de Winston agiu em mim feito um sermão, fazendo com que eu me sentisse uma filha da puta egoísta. No fundo, eu compreendia seu desapontamento e queria poder lhe causar orgulho, mas os monstros que me assombravam eram bem mais convincentes do que a carranca do meu amigo.
─ Ei, Allie! Onde eu coloco essas porcarias? ─ Shawn invadiu a sala segurando alguns livros antigos, coisas que eu trouxera de Nova Jersey e simplesmente deixei jogados, todos esses meses, num canto do antigo apartamento ─ Credo! Que clima de velório é esse?
─ Deixa aí, amanhã eu pergunto ao Adam se posso guardar na estante, junto com os dele ─ disse, abstraindo o comentário irônico.
─ Tá e porque vocês estão com essas caras? ─ Shawn insistiu.
─ Por nada. O Winston já estava indo. Não é? ─ levantei, caminhando até a porta e a abri.
Winston assentiu, mas quando passou por mim, olhou bem para o meu rosto, com seu semblante recriminador ─ É, eu estava sim. Mas se quer saber, deveria jogar os livros fora, ou simplesmente esquecê-los por aí, já que fazem parte do passado.
Assim que ele nos deixou, os olhos de Shawn recaíram sobre mim, inquisidores, ainda que houvesse neles uma pontada de diversão ─ Sabe, eu não sou ciumento, mas esse clima de piadas internas está me deixando com uma leve dor de cotovelo.
Não lhe dei atenção, ao invés disso, decidi mudar de assunto ─ Acho que terminamos por aqui. Quer sair ou pedimos uma pizza?
─ Pizza é uma boa! ─ Shawn se rendeu, afundando o corpo entre as almofadas do sofá e analisando o cômodo ao nosso redor ─ Acho que fizemos um ótimo trabalho.
Concordei, me lançando ao seu lado e o abraçando, afetuosamente ─ Obrigada por isso, amigo.
Foram três longos dias, mas com a ajuda de Shawn, finalmente consegui deixar o novo apartamento bem confortável, além de mais aconchegante e com a minha cara do que o antigo. O lugar era um pouco menor do que o outro, mas com jeitinho foi possível acomodar todas as minhas coisas.