3. O passado bate à porta

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Seus olhos estão me devorando
Espelhos começam a sussurrar, sombras começam a cantar
Minha pele está me sufocando
Me ajude a achar um jeito de respirar
...
O tempo parou como antes
É como se eu fosse sonâmbulo
Caí novamente em outro buraco
É como se eu fosse sonâmbulo
(Sleepwalking — Bring Me The Horizon)

O tempo parou como antesÉ como se eu fosse sonâmbuloCaí novamente em outro buracoÉ como se eu fosse sonâmbulo(Sleepwalking — Bring Me The Horizon)

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Acordei cedo na manhã seguinte, com a maior ressaca alcoólica e moral. O dia anterior havia sido bastante desgastante e meu estômago começava a implorar por uma refeição decente. Na maior parte dos dias, Shawn ficava comigo no loft, já que o clima em sua casa não era dos melhores. Só que nós não somos bons cozinheiros, vivemos a base de comida congelada e nosso café da manhã se resume a pizza fria, mais vezes do que possamos nos orgulhar.

Vasculhei a geladeira, os armários e até minhas gavetas de calcinhas a procura nem que fosse de uma barra de cereal perdida, mas não havia nada meramente comestível para alguém com o estômago irritado e as têmporas explodindo de dor, então vesti um moletom e saí. Zoey sempre me salvava em dias como aquele e embora eu detestasse incomodá-la no final de semana, ela ficaria irritada se soubesse que tomei café em um fastfood qualquer, ao invés de procurá-la.

Como deixei meu carro com Shawn na noite passada, pedi um por aplicativo. Em poucos minutos cheguei ao hall do prédio de Zoey e o porteiro me deixou subir. Morei com minha amiga nas primeiras semanas de volta a Manhattan e embora gostasse de viver sozinha, no meu próprio apartamento, confesso que aquele senhor gentil e sorridente me fazia certa falta. Eu adorava receber seu bom dia todas as manhãs quando saía para o trabalho e também à tardinha, quando regressava.

Pus a chave na fechadura e girei com cuidado, temendo acordá-la, mas no entreabrir da porta, o cheiro do café fresco invadiu minhas narinas, trazendo ao meu estômago um conforto inusitado. Pelo pequeno vão avistei Zoey, vestida apenas com uma camisa masculina e temi estar estragando algo.

O apartamento era pequeno, um dos fatores que me fez mudar, mesmo depois de muita insistência dela para que eu ficasse. Tudo era mantido limpo e organizado além de bem feminino e aconchegante. A decoração da sala com tapete e cortina de cores claras, casava perfeitamente com a da cozinha, com as panelas e utensílios expostos e sendo utilizados como adereços, num conjugado de sala e cozinha fofo e confortável.

─ Entra logo! ─ ela falou, me vendo parada à porta, com as chaves na fechadura e cara de adolescente chegando em casa às escondidas.

─ Eu não quero atrapalhar ─ disse, ainda espiando pela fresta da porta.

Ela revirou os olhos, puxando a maçaneta ─ Ele já foi.

Depois da confirmação de que ela realmente estava sozinha entrei, fechando a porta atrás de mim e examinando o lugar ─ Hm! Ele quem? Posso saber? ─ soltei um riso debochado, me acomodado em uma das banquetas.

Por VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora