Um grito de dor que vem do peito de quem amou alguém
O reggae me traz saudades de quem me beijou
E agora tá tão distante em outra ilha
O amor me chamou de flor
E disse que eu era alguém pra vida inteira
Kara
Sonho. Era o que definia ao ver minha mãe junto a Lena, depois de tantos anos escutando sobre a morena que causou minha felicidade, minha mãe finalmente pode conhece-la e rapidamente se tornaram melhores amigas. Lena me devolveu a vontade de vir, de ver sentindo na vida, de planejar um futuro e acordar e agradecer todos os dias por estar com ela. Era uma chance única, que eu não merecia, mas que também não podia desperdiçar. Estávamos acabando de tomar café quando decidimos ir à praia.
- O que você tanto olhar no mar, Ka?
- Primeiro eu amo a praia, especialmente essa que me trás lembranças do meu pai e da minha infância, e depois como já te falei uma vez, o mar me lembra seus olhos e eram momento nostálgicos pois eu estava sem vocês dois.
- Mas agora estou aqui – sorriu.
- E eu agradeço todos os dias por isso – a beijei.
- O que houve com seu pai?
- Ele era cientista e teve um acidente de trabalho, nunca soubemos nada muito detalhado, foi um pouco depois do intercâmbio.
- Que péssimo isso, ele trabalhava onde?
- Nas empresas Edge, você deve conhecer.
- Conheço – Lena ficou pensativa.
- Vocês se dariam super bem, ele iria adorar essa mente superinteligente.
- Tenho certeza que sim, amor – sorriu
- Desculpa separar o casal, mas precisamos da Lena pra jogar vôlei. – Maggie chegou interrompendo.
- E ninguém me convida? – perguntei
- Não, porque a Alex disse que você é péssima. – riu
- Idiota – resmunguei
Mas realmente esporte não era a minha melhor habilidade, ao contrario de Lena, que parecia uma verdadeira atlética, não há nada nesse mundo que essa mulher não saiba fazer, se vocês já a achavam demais é porque ainda não a viram jogando vôlei, era um espetáculo, me perdi novamente em meus pensamentos.
- Ela a ama de verdade, filha. – Minha mãe chegou me assustando.
- Oh que susto mãe, achei que ficaria em casa com o Winn.
- Ele continuou dormindo, então decidi vim.
- Que ótimo!
- Vocês parecem felizes
- Eu finalmente me reencontrei. – sorri ao olhar para Lena.
- Você precisa contar a verdade, Kara.
- Eu não posso mãe, não suportaria perde-la de novo.
- Mas você acha justo que ela não saiba?
- Eu não sei... Ela nunca me perdoaria e também não quero causar problemas.
- E você vai continuar vivendo com essa culpa, Kara?
- Ela está aqui não está? Então pronto.
- Sim, pode até ser filha, mas ela se culpa por você ter ido embora, não entende e sofre por isso até hoje.
- A gente já se perdoou, mãe.
- Eu sei que sim, mas você acha justo que ela sinta que você a abandonou atoa? Ou até mesmo duvide de seu amor?
- Prefiro carregar essa culpa do que vê-la sofrer de novo. Eu vou provar todos os dias o quanto a amo.
- Ela ficou chocada quando eu contei de sua depressão, Kara.
- Não deveria ter falado, Mãe.
- Você quem sabe minha filha, mas lembre-se que o melhor caminho é a verdade sempre e você já fugiu dela uma vez.
Eu sabia que minha mãe tinha razão e que eu precisava contar a verdade a Lena, eu odiava que ela pensasse que eu a abandonei sem motivos, mas naquele tempo foi o melhor a se fazer. Ela não parecia pensar que era incapaz ou pouco amada, Lena sempre teve problemas com confiança e eu não poderia a trair, não agora que estávamos tão bem.
Esses últimos anos foram cruéis comigo, eu me perdi de mim mesma, eu fui contra os meus princípios e ao que eu acreditava, eu desisti da vida e apenas esperava os dias passarem. Eu lembrava de Lena todos os dias, de tudo que era representou para mim, de como me fez crescer na dor e aprender a ser mulher, aprender a assumir as consequências de meus atos, embora agora eu esteja fugindo deles como uma criança que correr ao colo da mãe, porem minha mãe decidiu ficar ao lado de Lena e no fundo eu sei perfeitamente que ela esta certa. Vivi dias que as lembranças me acertavam em cheio, houve uma historia linda e forte e onde eu sempre lembrar de nós, e eu acreditava que Lena não se lembraria mais, a vida a havia levado para longe demais e o tempo também havia passado, me surpreendi quando nos reencontramos e nos amamos de novo e eu não poderia perde isso de jeito nenhum, mesmo que isso significasse mentir para Lena todos os dias.
Eu tentei seguir em frente, sabe. Mas a culpa que eu carrego é grande demais e me causa um profundo cansaço, e inocência me abandonou cedo demais, assim como a fé na vida, eu não merecia ser amada. Eu abandonei a pessoa que mais me amou e a qual eu amei profundamente por medo, mas a dor de Lena foi maior, acredito que ela tenha passado por coisas sozinha, que eu jamais passei, mamãe e Alex estavam sempre comigo e não me deixaram afundar. Embora, eu me sentisse cada vez mais afogada.
Ao vê-la com outra naquela noite fria de Londres, eu me senti frágil, meu coração entrou em duvida e todo aquele clichê de "espero que ela seja feliz" foi embora pois era eu que deveria estar ao seu lado. Eu recuei, eu não merecia você. Mas quando te vi naquele jantar, eu sabia que não podia te deixar escapar de novo e não deixarei.
A gente só precisava de um novo começo, e meu amor cima de tudo é sincero e imenso. Eu não suportaria te perde de novo, ainda há tempo para nós, e espero que um dia eu posso contar a verdade.
Um grito de dor que vem do peito de quem amou alguém
O reggae me traz saudades de quem me beijou
E agora tá tão distante em outra ilha
O amor me chamou de flor
E disse que eu era alguém pra vida inteira
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Seul - SuperCorp
FanfictionMas foi um amor, um único amor que veio cruzou minha vida, tocou a minha alma e ficou marcado em minha pele. Mas então, numa quinta-feira a tarde de um ano qualquer, tropeçamos nesse amor já supostamente esquecido. Percebemos que amor igual não há e...