Capítulo 3

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No presente...

Algumas semanas depois, além de Bo Young e algumas de suas amigas, Emily também tinha feito amizade com uma de suas colegas de classe, Soo-Young, cujo apelido era Joy. A menina tinha profunda paixão pela cultura americana e disse que tinha morrido de vontade de se aproximar de Emily desde o início. As duas se tornaram próximas rapidamente, já que Joy também parecia não ser nada popular na escola e estava constantemente sozinha e era bastante estudiosa.

Além disso, Joy também era organizada e dedicada à escola, como se fosse uma versão coreana da própria Emily, então bastou começarem a se falar durante uma aula de química para que a identificação fosse imediata. Com esforço, Emily estava conseguindo evoluir na língua coreana e já entendia e sabia falar algumas palavras e frases do dia a dia.

Se dedicava a estudar sozinha no tempo livre e ouvir umas aulas em áudio e vídeo que o professor Park tinha recomendado. Estudar sozinha era mais fácil no final das contas, pois sua maior dificuldade era se concentrar nas lições do professor Park, por quem continuava com uma grande queda.

Na escola, era chegada a hora de os alunos escolherem suas atividades extra-curriculares e, diferente do que imaginou, não havia nada muito interessante para se fazer. Clubes de fotografia, artes, línguas estrangeiras, teatro, tecnologia, claro que as opções eram muitas, mas nada que chamasse muito a atenção de Emily. Os quadros de avisos se espalhavam pelo corredor, todos eles forrados de folhetos com listas de inscrição para os clubes disponíveis.

Emily caminhou e leu a descrição de todos, mas absolutamente nenhum a atraiu, ela sabia que tinha que escolher pelo menos uma atividade extracurricular, mas pareceu bem torturante ter que escolher entre atividades que não gostava. Estava pronta para colocar seu nome na lista do clube de artes quando enxergou uma folha bem simples, escrita com letras pretas e sem nenhuma ilustração.

A folha estava metade debaixo do folheto do clube de informática, parecia estar propositalmente escondida. Emily tirou os alfinetes que a prediam na cortiça e conseguiu ler as informações. Se tratava de um Glee club chamado "Troubletones" até onde ela conseguiu entender.

A folha não tinha uma lista de inscrição como a dos outros clubes, mas em letrinhas minúsculas no final do folheto - que passaria facilmente por um aviso qualquer, daqueles que ninguém lê - informava-se que as audições aconteceriam às 15 horas do dia 23, ou seja, hoje, mais precisamente agora mesmo.

Os olhos de Emily brilharam na hora, finalmente alguma atividade que tinha alguma coisa a ver com ela. Tudo o que ela precisava fazer era uma audição no auditório depois do ginásio de esportes e isso era simples, ela sempre estava pronta para cantarolar alguma coisa e estava confiante de que seria aceita, não importa quem estivesse nesse clube.

Acontece que o lugar era tão de difícil acesso e escondido, que por alguns segundos Emily achou que se tratava de algum tipo de sociedade secreta ao invés de um clube de coral. Para começar, o folheto não parecia querer, de fato, convidar ninguém a se juntar ao clube e agora a localização parecia impossível de encontrar, até porque ela nunca tinha ouvido falar nesse tal auditório depois do ginásio.

Não só por ser relacionado à música, mas todo o pequeno mistério que se gerou ao redor do chamado "Troubletones", despertou a curiosidade de Emily e ela disparou em busca do tal lugar de audições. Rodou feito uma barata tonta por praticamente toda a escola antes de encontrar aquelas portas corta-fogo quase escondidas depois do corredor em que ficavam os vestiários. Estava um pouco suada e ofegante quando parou na porta para recuperar o fôlego, tomou uma respiração.

Estava pronta apenas para entrar ali e esperar sua vez de cantar, seria simples, silencioso, provavelmente rápido. Acontece que quando abriu a pesada porta, um barulho que pareceu estrondoso se espalhou em eco pelo lugar. Um auditório pequeno, mas bem maior do que ela imaginava que seria.

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