Prólogo

301 19 6
                                    


Dez anos atrás...

Era primavera aquele dia,o vento balançava as folhas e as borboletas se perdiam em meio ao festival de cores que enfeitavam o jardim de casa. Era sete em ponto de uma manhã ensolarada e bela como sempre. Era meu aniversário,um dia como outro qualquer,para algumas pessoas,mas para mim foi o dia que ficou marcado em minha memória,e não por ser o dia em que nasci,mas por ser o dia que meu inferno deu partida. O dia que as engrenagens do destino se manifestaram com suas artimanhas. É aqui que tudo começou...

Mamãe escovava meus cabelos cantarolando uma música baixa e cantante. E eu sorria encarando meu reflexo no espelho da penteadeira. Gostava do toque de minha mãe, adorava sempre quando ela escovava meus cabelos e cantava aquela canção maravilhosa como uma cotovia. Amava ouvir sua voz bem perto do meu ouvido,era o que me dava forças para encarar os meus demônios internos.

Eu estou sonhando,com um coração vibrante...

Estou olhando para você,com o coração acelerado,sem saber...

Como hoje,uma estrela branca desceu ao meu coração...

Era sempre a mesma melodia. Ela costumava sempre cantar somente quando escovava os meus cabelos.

--- Seu cabelo cresceu. --- ela comentou, já entrançado os fios loiros. --- Não só o cabelo cresceu. Olhe pra você,nem parece mais aquela garotinha. Dez anos, você está fazendo dez anos... Quem diria, né?

Ela terminou o caminho de tranças e amarrou uma fita rosa na ponta de sua obra de arte. Depois disso,me virou,para que pudesse me encarar com suas orbes verdes.

--- Olhe nos meus olhos quando eu estiver falando com você. O que foi que te ensinei?

Funguei e lutei contra o nó que começava a se formar em minha garganta.

--- Que eu sempre devo ser forte e nunca demonstrar fraquezas em público. --- engoli o choro e levantei minha cabeça.

Mamãe me fitou com atenção e deslizou seu dedo indicador pela minha bochecha rosada.

--- E quando digo fraquezas me refiro a nunca chorar ou se curvar. Você tem que ser forte, Sakura. Um dia...no futuro...

--- A senhora pode não estar mais comigo para me proteger,eu sei. --- completei, coçando os olhos banhados por lágrimas.

--- Isso mesmo. Você deverá ser forte o bastante para cuidar de si mesma e proteger sua irmãzinha.

Concordei com a cabeça.

--- Sakura. --- olhei em suas esmeraldas e suspirei. --- Prometa para mim que sempre cuidará de sua irmã,e sobretudo,se tornará uma mulher forte e determinada que não se rende tão facilmente. Pode me prometer?

Engoli a seco.

--- A-Acho que sim...

Mamãe soltou o ar e levou suas mãos até seu pescoço e tirou sua linda medalhinha, que continha as nossas iniciais, a da minha irmã e a minha,e me entregou, selando seus lábios na minha testa.

--- Por que está me entregando isso?

--- Considere isso um amoleto da sorte. Ele te guiará para reencontrar seu caminho.

Franzi o cenho, confusa.

--- O que isso quer dizer?

--- Que-

Fomos interrompidas quando ele invadiu o quarto com o mesmo mau humor de sempre.

--- Mebuki,estou atrasado! Que porra está fazendo? Vá arrumar a Hinata! Ela também é sua filha.

Castelo De CartasOnde histórias criam vida. Descubra agora