parte II

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POV: Sooyoung

Decidi me excluir da internet. Perdi as contas de quantas mensagens recebi de pessoas me perguntando se eu estava passando bem depois da bolada que recebi.

Eu não entendi como uma notícia tão banal — principalmente vinda do mundo do tênis, que ainda é um esporte bem excluído quando comparado ao futebol, vôlei ou basquete, por exemplo — pôde repercutir tanto. Bem, quando algo se torna viral, não importa em que meio ocorreu, ele repercutirá e eu odiava que minha popularidade viera dessa forma.

Outro fator que ficou em minha mente foi Jiwoo. Ela tinha um belo sorriso e uma alma divertida, porém parecia presa e acuada. Notei isso quando seu treinador apareceu na quadra. Durante a noite, resolvi investigar sobre a vida da tenista. Sim, eu disse que ficaria longe da internet, mas lá estava eu procurando informações.

Eu a conhecia pouco, mas sabia que ela era modelo e era bem mais reconhecida como tal do que como tenista. Kim viveu boa parte de sua vida no Japão, o que pode explicar as discussões com o seu pai e, quem sabe, o fervor de seu sangue e extrema irritabilidade. Ela passou bastante tempo distante e receber ordens depois de tanta liberdade que teve devia mesmo a aborrecer.

Me tornei quem eu mais criticava: uma possível fã de Kim Jiwoo.

Dormi pouco durante a madrugada e o caminho de ida ao trabalho me surpreendeu ainda mais. Nas partes superiores do ônibus havia uma foto de Jiwoo estampada com fundo de tons claros e alguns desenhos sobre seu rosto, provavelmente efetuados por jovens entediados.

Ouvi flashes disparando e pessoas cochichando ao meu redor. Um casal sentado mais à frente fez o favor de se levantar e parar ao meu lado. O homem segurou o meu rosto enquanto a mulher tirou uma foto nossa.

Eles usavam camisas com o meu rosto estampado bem no momento da bolada e era péssimo porque nem escolheram uma foto em que eu estava bonita, era uma careta horrível. Isso me deixou não só envergonhada e desconfortável, como também enfatizou a minha vontade em manter-me escondida.

Na chegada ao trabalho depois de três dias afastada, Haseul me parou e estendeu o celular em minha frente, dando pulinhos e fazendo seus cabelos curtos saltitarem sobre seus ombros.

— Já viu?!

— Essa merda?! — seu sorriso se desmanchou. — Infelizmente, sim. As pessoas me mandaram mensagens desejando melhoras, outras rindo e comemorando o feito e eu decidi desligar o celular.

— Soo! Você está famosa!!

— Isso foi ridículo, eu odeio isso e para de enfiar esse celular na minha cara — me distanciei de Haseul, dirigindo-me para o vestuário.

No caminho, precisei passar pelo longo corredor onde ficava a enfermaria. Vi, ao lado do outro totem de papelão um parecido, mas numa estatura um pouco menor. Olhei para os lados e discretamente adentrei na enfermaria, me assustando por ver que o totem era... ERA EU!!

Segurei o balãozinho pregado juntamente ao totem, ao qual dizia "ferimentos à cabeça... Não seja um alvo!". Sinceramente que piada idiota!

Tive vontade de partir aquele totem em dois, porém, na televisão erguida no suporte da sala, passava uma reportagem sobre as finais do campeonato de tênis.

Voltei a olhar para o totem e quem diria... Ele me deu a melhor ideia de todas!

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