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parte V

POV: Sooyoung

Era sexta-feira, final do campeonato antes do Roland Garros começar com os melhores tenistas do mundo, aquele ao qual Jiwoo disputaria para conseguir o seu primeiro troféu em tal competição. O campeonato que ela participava no momento elegeria os finalistas para o Roland Garros e eu parecia mais nervosa do que ela, como se a tenista fosse eu.

Passamos a noite conversando antes dela parar de me responder por precisar dormir. Parecia meio bobo, mas passei boa parte da madrugada relendo nossas conversas e olhando suas fotos nas redes sociais. Ela era tão bonita e eu começava a criar uma paixão não tão platônica por ela, estava ficando mais verdadeiro do que esperava.

O caminho para a grande arena demorou uma eternidade... Ou era somente o meu enorme desejo de vê-la antes de entrar em quadra que deixava tudo mais lento. Não sei ao certo.

No vestuário, os juízes se arrumavam e repassavam suas funções; os pegadores levavam para a quadra as bolas usadas e por lá mesmo iam ficando. As recomendações incluíram desviar das bolas e todos me olharam, rindo por ainda ter uma pequena e quase invisível marca roxa na testa. Era entediante ainda ser viral!

Após estar devidamente vestida, voltei para o corredor que daria acesso à quadra. Tirei uma pastilha do bolso e joguei a sua embalagem no lixo. Não era de meu feitio ficar olhando a lixeira, mas dessa vez algo chamou a minha atenção: o totem que entreguei à Kim estava lá, um tanto amassado e sem a cabeça, mas estava lá.

Me doeu aquilo e não me pergunte o porquê. Ou eu era uma idiota, ou boba por ficar triste ao ver um totem de papelão ao lixo. Tentei ignorar e tirar da minha mente o quanto a ruiva não se importava comigo ou qualquer coisa que me envolvesse, voltando ao meu percurso.

Próximo da entrada da arena, escutei pisadas fortes numa correria apressada; era Jiwoo. Ela vestia seu short preto e a camisa branca de malha um pouco transparente, deixando visível o top de mesma cor da vestimenta inferior.

— Oi! — Jiwoo me cumprimentou animada, mas não respondi. — O que foi?! Aconteceu algo?!

Revirei os olhos e coloquei as duas mãos na nuca, umedecendo os lábios e me sentindo uma imbecil por estar envergonhada e sem vontade de admitir o motivo do meu silêncio.

— Sooyoung?! O que há?!

— Encontrei o meu corpo decapitado no lixo hoje. Sabe, sem a cabeça... No lixo!

Ela riu. Ela riu NA MINHA CARA!!

Semicerrei os olhos já com um dos punhos fechado para dar-lhes um soco. Conquanto, ela tirou de trás de si a cabeça do totem e pôs em frente ao seu rosto, para a minha surpresa.

— Gosto mais dessa parte do totem... — abaixou o papelão para deixar aparecer somente os seus olhos redondos e sua testa a rala franja espalhada. — O levei para casa e... Você me observou enquanto eu dormia...

Naquele segundo, eu senti vontade de me bater. Meu sorriso desmanchou a carranca que eu trazia à face e uma gargalhada veio em conjunto.

— É o meu rosto!

— Uh-hum! — confirmou, ajustando a mochila nas costas.

Jiwoo caminhou em minha frente para a entrada da arena e eu a segui, tanto porque eu precisava ir para o meu posto.

Segurei a sua mão e a própria entrelaçou-a na minha, sorrindo bobamente com a língua entre os dentes. Antes de entrar, Kim se virou para mim e aproximou-se esporadicamente.

Sua boca massageou a minha, me apresentando a mais uma surpresa. Eu não consegui fechar os olhos, respirar ou sequer tocar o seu rosto. Queria que ela me fizesse perder o ar, queria admirar sua expressão angelical e deixar que sentisse a minha pele. Eu estava um caos e tudo devido à Kim Jiwoo.

Apesar de ter sido apenas um beijo, Jiwoo conseguiu incendiar todo o meu corpo e me fazer arrepiar.

Kim se despediu com um sorriso e adentrou à arena, sendo ovacionada pela torcida. Ela acenava para algumas pessoas e em prévia, olhou-me de soslaio e piscou, indo assumir o seu posto num dos lados da quadra.

Precisei de alguns minutos para retomar o ar e tirar aquele beijo da mente. Ainda tinha uma partida para atuar.