parte VI

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POV: Jiwoo

Wong Kahei, uma das melhores tenistas do país. Suas fraquezas?! Ela não parecia ter. Apesar de seu rosto aparentar doçura e cordialidade, era uma mulher bruta em seus saques e gritava toda vez que fazia ponto. Ela era a representante de Hong Kong na competição, era o orgulho de lá e acumulava muitos fãs por toda a Ásia, não apenas pelo seu talento como também pelo seu visual maduro deslumbrante.

Dessa vez, Kahei demonstrava quietude. Nunca vi tão concentrada e nervosa numa partida.

Era o meu último saque ao qual definiria o meu futuro. Minhas mãos suavam, meu corpo doía, estava tonta e sentia que desmaiaria a qualquer minuto. Tinha sede, fome e cansaço. Eu só queria dormir e acordar depois de três dias, poderia fazer isso assim que a partida terminasse.

Novamente, tudo ficou em câmera lenta. A bola quicando no chão para eu tomar impulso, meus joelhos flexionados, minha panturrilha direita apelando por socorro e cuidados. Ela estava inchada e eu sabia disso, tanto é que a enfermeira falava com o maqueiro e apontava para a região, ela puxaria a minha orelha quando a partida terminasse.

As pálpebras dos torcedores batendo a cada meio segundo, os juízes com as respirações presas e os técnicos em uma oração constante para que suas atletas conseguissem o triunfo.

Diante de um sol forte e uma temperatura elevadíssima, meus olhos se pousaram em Sooyoung com as mãos nos joelhos, a boca entreaberta e os fios escuros caídos à testa. Ela estava tão concentrada como eu e, pela primeira vez em todos os jogos que ela compunha a bancada de juízes, Ha parecia mesmo estar torcendo pela minha vitória e não, o meu fracasso.

O apito do juiz de cadeira me deu permissão para o saque; a bola subiu, desceu e minha raquete espalmou-a e a lançou, como um meteoro indo em direção à Terra, para o lado esquerdo. Ela bateu no saibro do lado de Kahei, na quadra, e depois quicou para Sooyoung. Dessa vez ela desviou com êxito!

O juiz de cadeira pediu um tempo para analisar se a bola havia encostado na terra batida ou em cima da linha. Meu coração ia parar, eu já sentia. Era a partida da minha vida, que me daria o respeito do meu pai e daqueles que acreditavam que eu era apenas um rosto bonito no tênis para bons patrocinadores investirem e venderem suas marcas com facilidade.

Depois da análise, o juiz retornou para a posição e efetuou um longo silêncio dramático, recebendo cochichos e apelos da arquibancada para informar o resultado. Ele então apitou e estendeu o braço para o meu lado, anunciando a vitória e a minha ida com vantagem para o Roland Garros.

A torcida vibrou como nunca fez antes, em assovios, aplausos e gritos. A raquete caiu de minhas mãos e eu ajoelhei por não ter a mesma força do início da partida, além da minha panturrilha não suportar mais tamanho esforço. Kahei atravessou a rede e estendeu a mão para mim, ajudando-me a levantar e abraçando-me pela vitória.

Meu pai sorria orgulhoso e, ao me desvencilhar de Wong, vi Sooyoung de braços cruzados e uma expressão sorridente que me deixou completamente louca. Não sei o que deu em mim, eu só fugi das câmeras e dos repórteres, passei pela lateral da quadra e pulei em seu colo, tendo as mãos da mesma abaixo de minhas coxas para não me permitir cair.

Ha gargalhou pela ação e rodou-me ao ar, apertando o meu corpo contra o seu. Apartei-a de mim e permiti que pressionasse seus lábios contra os meus, ganhando uma porção ainda maior de flashes e gritaria da arquibancada.

Os sons que lembravam surpresa e gritos mais alegres  vinham também dos repórteres, vendo Sooyoung invadir o interior de minha boca em um beijo intenso e apaixonado na frente de todos.

Flashes eram disparados em nossa direção, olhares fincavam em nós e eu realmente não estava me importando, tão somente queria aproveitar daquela mulher porque se não fosse por ela, eu não teria vencido o campeonato.

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