parte IV

856 153 26
                                    

POV: Sooyoung

Ajudar Jiwoo no treino estava sendo maravilhoso para mim. Ela praticava mas também se divertia o que, a meu ver, era o essencial. À medida que ela continuava sacando, ia recolhendo as bolas do chão para a entregar novamente. Uma esfera passou raspando por meus cabelos e eu ri por sua expressão surpresa.

— Você ia me acertar, cara?! — levei a mão para onde a bola passou.

— Céus, foi sem querer! — explicou entre risos.

— Acho que você precisa de uma pausa.

Jiwoo afirmou, guardando a raquete  na mochila e a pondo nas costas. Ela pegou uma garrafa azul de água e bebericou uma abundante quantidade por talvez não ter feito pausas para simplesmente se hidratar. Kim me ofereceu a garrafa e eu a recolhi, sorvando-a em poucos goles por não estar tão exausta quanto ela, não encostando o bico em minha boca.

Depois que peguei o totem de papelão, começamos a caminhar pela curta ciclovia que rodeava as quadras. Ela observava as luzes dos postes entre a enorme neblina e eu infelizmente me perdia pelas ondulações de suas mechas ruivas. Exalava uma tranquilidade que eu nunca vi antes.

Fomos nos parar nas arquibancadas e a deixei escolher o lugar mais alto, bem no topo. Sentamos uma do lado da outra; ela mais despojada, se refrescando com a rajada de vento frio que secava o suor no corpo, eu um tanto mais comportada, desenhando coisas no rosto do totem.

— O que faz aí?! — inquiriu rouca.

Pus o rosto do totem ao lado do meu, mostrando o bigode, o tapa olho e algumas estrelinhas que desenhei. Ter em retribuição a risada de Jiwoo valia mais do que qualquer prêmio, com toda certeza.

— Está mais calma?! — guardei o piloto no bolso de trás da minha calça.

— Estou, acho que eu precisava de uma distração como essa...

— Ah! Então sou uma distração para você, Kim Jiwoo?! — fingi um sentimento de ofensa.

— N-não, claro que não! Digo, você me entendeu — Jiwoo me deu um soquinho de leve no ombro.

O ébano de seus olhos reluziram ainda mais quando suas pupilas dilataram um pouco. Inevitável de verdade era negar o quão adorável ela era ao que seus longos cílios batiam nas maçãs do rosto e suas rosáceas se acendiam.

Eu percebia o dourado de suas orbes deslizar por meu rosto e esquentar o meu corpo de um modo que nunca havia acontecido antes. Meu estômago doía; não eram borboletas que eu sentia neles, pareciam mais uma manada de elefantes ocasionando uma indigestão.

Foi bem no minuto em que ela olhou para a minha boca que todo o meu corpo superaqueceu e me fez tremer. Meu coração batia tão forte e frenético que com certeza a ruiva podia o ouvir pulsar... E como ele batia forte nas minhas costelas.

Hipnotizada pelos dourados cativantes de seus olhos, acabei levando um grande susto ao ouvir seu treinador a chamando: — JIWOO!!

Num pulo assustado, Kim se levantou e ficou em minha frente, como se quisesse me esconder de seu pai.

— Por que não está praticando?! É assim que quer tornar-se uma campeã?! — sem respostas vindas de Jiwoo. — Quem é essa mulher?!

— É uma amiga, papai.

Ouvi seu treinador resmungar mais baixo, o que levou Jiwoo a recolher sua mochila e o totem de papelão.

— E-espera.

— Me dá o seu celular — pediu.

— Para quê?!

— Me dá o seu celular, eu não sei onde deixei o meu — tirei rapidamente o celular do bolso e entreguei já desbloqueado.

Kim discou rapidamente e eu ouvi o toque do celular e o vibrar do mesmo no bolso de seu short escuro. A ruiva o tirou do bolso e sorriu, me entrando o meu aparelho.

— Mas...

— Agora tenho o seu número!

40 love ✦ chuuvesOnde histórias criam vida. Descubra agora