10. Freezing Fire

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Eu gosto de acreditar que sou uma pessoa racional. Número, fórmulas, cálculos e experiências faziam sentido. Racionalizar o problema é o único jeito de resolvê-lo.

Desespero e ansiedade apenas atrapalhavam.

Esse foi o mantra pelo qual vivi grande parte da minha vida. E todos aqueles anos de prática viraram pó quando Dahra, com a expressão mais séria que já tinha visto em seu bonito rosto, bateu na porta do quarto que passei a dividir com Steve para avisar que havia acontecido um imprevisto na missão do time.

Sinceramente, eu não sabia como havia chegado ao andar hospitalar. Parte do meu cérebro se lembrava de minha melhor amiga segurando meu pulso, mas era algo muito vago.

Só tinha ciência que agora estava ali, sentada em uma cadeira ao lado da cama hospitalar em que meu namorado estava deitado. Havia inúmeros monitores analisando cada um de seus sinais vitais, também sabia que os melhores profissionais de saúde de suas respectivas áreas trabalhavam naquele setor. Além de tudo, nós contávamos com a melhor tecnologia existente.

Estatisticamente falando, portanto, Rogers estaria bem em um piscar de olhos.

Mas estatísticas e racionalidade, como dito, abandonaram-me naquele momento. Nada lógico conseguia sobreviver mais do que poucos segundos em minha mente tomada pelo medo.

- Mia?

Levantei a cabeça e encontrei Dahra me observando com a mais pura preocupação estampada em seus olhos azuis.

- Aqui. - estendeu a caneca que trazia em suas mãos - Fiz um daqueles estúpidos chás que você tanto gosta. Acho que hoje é uma boa oportunidade para colocarmos em prática sua aversão à café.

Sem vontade e de maneira automática, aceitei o que ela me oferecia, segurando a caneca com as duas mãos para aquecê-las.

- Não é aversão à café. Eu só não preciso de estímulos para que meu cérebro fique ainda mais ligado. Você sabe. - afinal, aquela era uma discussão antiga.

Voltei minha atenção para Steve, que continuava de olhos fechados e imóvel.

- Eu sei. - ela se sentou na cadeira ao meu lado. - Também sei que ele vai ficar bem, Mia. Rogers é o cara mais forte que eu conheço.

- Ele não está parecendo forte agora, Dahra. - sussurrei.

Na verdade, naquele momento, ele parecia o total oposto. Estava pálido, tinha olheiras profundas e até sua respiração soava errada para mim, fora de compasso. Além disso havia curativos em sua bochecha direita e várias faixas ao redor de suas costelas.

- Ele vai ficar bem. James disse que Steve já passou por coisa muito pior.

A menção à Barnes me fez virar a cabeça para ela.

- Onde está Bucky? Ouvi que ele também se machucou. Desculpe... - passei a mão pelo rosto, emocionalmente exausta - Eu nem mesmo perguntei por ele. Desculpe. Eu só...

Era frustrante não conseguir me concentrar, as palavras sumiram. Levantei o olhar para Dahra, perdida.

- Não se preocupe. - sussurrou como se estivesse falando com um filhote assustado - Eu entendo. Quando FRIDAY me contactou, eu só consegui ouvir as palavras "Barnes" e "ferido". Só me acalmei quando vi com meus próprios olhos que ele estava bem.

- Barnes está bem?

Ela assentiu e fiquei agradecida por isso. Tomei um gole do chá de camomila da caneca em minhas mãos. Alguns segundos de silêncio se seguiram até que eu consegui falar:

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