Capítulo 39

123 12 74
                                    

Mason

Não! Não! Não!

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Não! Não! Não!

Acordo gritando novamente. Mais um pesadelo em que vejo o amor da minha vida morrendo pelas minhas mãos. Já fazia quase uma semana que eu não conseguia dormir, e quando conseguia, acordava logo em seguida com um pesadelo desses. Talvez essa fosse a minha punição. Meu próprio corpo estava me punindo por ser o maior lixo da face da terra. E ele não estava errado. Eu não merecia poder dormir bem. Eu não merecia nada. Eu não merecia ela.

Levanto da cama e vou até a cozinha para pegar algo para beber. Me sirvo uma dose de bourbon e tomo logo em seguida. Eu havia realmente estragado tudo. Eu não queria que acabasse dessa forma, eu pensei muitas vezes em contar tudo, abrir o jogo com a Kayla. Mas algo sempre me impedia. Talvez o medo de ela não me ver mais com os mesmos olhos. E agora, ela realmente não me vê mais da mesma forma.

Em todas as brigas que tivemos, ela nunca me olhou com...nojo. Esse foi o sentimento que ela passou da última vez que a vi. Já fazia uma semana desde que tudo havia acontecido. Eu não falei com mais ninguém desde então. Ninguém me procurou e eu não procurei ninguém. Eu sabia que tudo que ela tinha escutado e visto tinha sido um pouco demais pra ela. Por isso decidi que daria um espaço pra ela poder pensar em tudo que aconteceu.

Nunca foi fácil pra mim, escutar de vários médicos e da minha própria família que eu tinha um "problema". Eles falavam como se eu fosse um brinquedo que estragou e que eles poderiam reconstruir e continuar brincando depois. Eu sempre odiei essas consultas, mas ia obrigada por não aguentar mais meus pais reclamando de meu comportamento e da minha distância em relação a eles. Qualquer adolescente se distancia dos seus pais uma hora ou outra, mas no meu caso, não, eu estava "quebrado" e precisava de conserto.

Isso sempre me enfureceu muito, e eles diziam que parte dessa fúria vinha do transtorno. Acabei tomando algumas decisões ruins, sim. Eu sabia que beber em exagero e usar algumas outras coisas ilícitas seriam prejudiciais a mim, mas eu também sabia que isso acabaria por cansar eles e assim me deixariam em paz. E eu poderia parar a qualquer momento que eu quisesse, então não via problema. Até o dia em que eu prejudiquei alguém que não tinha nada a ver com a minha história.

Esse dia nunca sairá da minha memória. A imagem de Letícia desacordada no banco de trás do meu carro nunca sai dos meus pensamentos, por mais que eu tente afastá-la. Eu me arrependo muito de tudo que fiz para chegar naquela posição, mas infelizmente se arrepender não é o bastante para mudar o passado. Eu que o diga.

Quando tudo aconteceu, eu fiquei muito assustado e acabei pedindo a ajuda de meus pais. Eles acharam que o melhor seria eu assumir toda a culpa e pedir desculpa a garota e aos pais dela pela confusão. Mas foi nesse dia que minha carta de aceitação na UCLA chegou, e eu decidi que o melhor seria me distanciar de todos que eu poderia machucar novamente.

Eu não contava com a chance de encontrar o amor da minha vida nessa cidade. Não contava mesmo. Até porque, como os médicos disseram, amor estava fora de cogitação para mim até que eu fizesse um tratamento corretamente. Quando comecei a me aproximar de Kayla, comecei a duvidar do que eles disseram, por que eu tinha sim amor com a Kayla. Tinha não, tenho! Porque sei que podemos superar qualquer obstáculo que esteja no nosso caminho. Eu queria poder ter me aberto com ela sobre meu passado, mas eu sabia que tudo mudaria se eu o fizesse.

Conforme o tempo foi passando, meu sentimento ia se transformando em relação a ela. Infelizmente, velhos hábitos não morrem e eu cometi mais um erro. Ser um cafajeste e trair a mulher dos meus sonhos. Eu nunca planejei isso, por mais ridícula que essa desculpa pareça. No início, quando eu e Kayla brigávamos, eu ficava tão irado com a forma que ela agia que eu simplesmente queria sair de perto dela para não fazer nenhuma besteira. Era de fato para evitar cometer um erro com ela. Mas nisso eu encontrei Jéssica no caminho. Eu havia bebido, ela se jogou pra cima de mim, e a única coisa que vinha na minha mente, era Kayla com seus "amigos".

Por mais que nada desculpe meus atos, eu realmente me arrependia de todos eles. Perdi a cabeça milhares de vezes com ela, mas eu estava melhorando. Eu estava aprendendo a me controlar sozinho. Não precisava de médico nenhum, precisava apenas dela. E foi assim que consegui parar de cometer alguns de meus erros. Não havia mais sido rude com ela, até a última vez que brigamos, na festa em que ela estava ao lado de Pete. Eu também não havia mais me encontrado com Jéssica. Cometi esse erro pela última vez quando briguei com Kayla por causa de uma mensagem de Henry. Mas assim que saí do apartamento de Jéssica, me senti um porra. Havia decidido que nunca mais trairia Kayla.

No dia em que Kayla me pegou em meu apartamento com ela, Jéssica realmente havia me ligado e tinha causado uma briga com Kayla por causa disso, então eu decidi que deixaria claro para ela que tudo tinha acabado e que eu seria alguém melhor para Kayla. Infelizmente, quando cheguei no meu apartamento, Jéssica estava plantada na minha porta e eu não tive como não recebê-la para ter essa conversa. Estava pedindo a ela para que não contasse a ninguém sobre o que havia acontecido entre nós, pois seria alguém fiel, quando ela achou que eu estava brincando e começou a subir seu vestido e tentar se jogar para cima de mim.

Eu fiquei com raiva dela e estava pronto para colocá-la para fora a pontapés quando escuto a porta se abrir e Kayla entrar no apartamento. A partir dali, tudo foi por água abaixo. E minha irmã não ajudou nem um pouco. Eu nunca a perdoaria por ter contado tudo daquela maneira e naquele momento. Eu já pensava em explicar minha história de algum jeito para ela, mas nunca pensei que faria isso na frente de suas amigas e sendo acusado de traição ainda.

Porém, hoje tudo mudaria. Eu estava decidido que pararia de beber a partir de hoje. Não colocaria mais ninguém em risco por minha causa, muito menos ela. Eu havia dado espaço suficiente para ela, e hoje eu imploraria para que me perdoasse e tudo voltaria ao normal. Eu seria alguém melhor, por ela. E agora que ela sabe sobre mim, poderíamos conversar a respeito de tudo. Sem restrições, sem segredos, sem complicações.

Eu havia me arrumado e já havia saído de casa. Tentei ficar o mais apresentável possível para que ela me visse e sentisse a mesma falta que estou sentindo dela. Ela vai me perdoar, eu sei que vai. Mas não custa nada estar bonito para ela quando o fizer. Passei em uma floricultura e comprei um buquê de flores azuis. Suas preferidas por serem únicas e raras.

Respiro fundo antes de entrar no seu prédio.

Vai dar tudo certo, penso comigo mesmo.

Bato na porta na esperança de ela abrir, mas meu sorriso se desmancha um pouco ao ver Kate ali. Ela complicaria as coisas para mim.

"Posso falar com a Kayla?" Pergunto de imediato.

Ela me olha surpresa e faz uma cara esquisita antes de olhar para alguém atrás dela. Olho na mesma direção e vejo Will sentado na cama de Kayla. Kate volta sua atenção para mim e suspira antes de dizer algo.

"Ela não está aqui."
"Então aonde ela está?" Pergunto, mantendo minha empolgação. Seria melhor ainda, ela estaria sozinha então teríamos o momento apenas para nós dois.
"Ela foi embora." Kate diz, seu tom de voz era ríspido.

Dou uma leve risada antes de falar. "Como assim? É brincadeira né? Embora pra onde?"
"É isso que você ouviu." Ela diz simplesmente. Dou um passo para trás por perder o equilíbrio por um instante.

Olho para Will na esperança de ele começar a rir da pegadinha que Kayla deve estar por trás. Mas ele nem se move.

"Me fala aonde ela está." Peço sério agora.
"Não estou autorizada a te dizer e mesmo que estivesse, eu não diria." Ela diz e me olha duramente antes de fechar a porta na minha cara.

Olho para o buquê em minhas mãos e percebo a real situação que eu havia me metido. Eu a havia perdido.

Para sempre.

Desço as escadas sem pressa alguma, apenas memorizando cada vez que passei por aqui para vir buscá-la ou trazê-la. Eu nunca mais a veria. Nunca mais sentiria seu perfume doce. Nunca mais a tocaria. Ela realmente se cansou e me deixou. Como eu sempre soube que faria.

Passo por uma lata de lixo na entrada do prédio, e olho mais uma vez para as flores na minha mão, antes de jogá-las na lata. Eu não precisaria mais delas, já que a única pessoa que as aprecia, que as amou de verdade, foi embora.

FireStorm (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora