A TEORIA

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  Ao falar isso, fiz com que Kalyra arregalasse os olhos de espanto:

– Como assim? Se infiltraram? Como? Onde?

– Suspeito que eles tenham assumido os lugares da anciã e das generais – respondi a ela.

  Kalyra olhou para mim e começou a gargalhar:

– Há há, impossível, como eles assumiriam os lugares delas, para de falar besteira.

  Olhei para ela com os olhos entreabertos, inclinando suavemente o rosto para meu lado esquerdo e com um sorriso um tanto quanto sarcástico perguntei:

– Você ao menos sabe o que é um metamorfo?

  Kalyra parou de rir, pois a mão no queixo e olhou para baixo, como se estivesse pensando:

– Bem, mais ou menos.

– Então diga, o que acha que é um metamorfo? – perguntei, com um meio sorriso.

  Kalyra tirou a mão do queixo, olhou suavemente para cima e respondeu:

– Aaaam, é como se chama quem nasce em Zulgar?

  Levei minha mão até minha testa e abaixei a cabeça:

– Não nã... não, me diz, você estuda sobre nações além da de Téro?

– Olha, começaram a falar sobre isso na escola mês passado – respondeu Kalyra com uma voz doce e um sorriso no rosto.

– Ãããã, então tá né, vou tentar explicar para você o que é um metamorfo – falei com uma voz cansada.

– Ei, como assim tentar?! Acha que é difícil me ensinar algo é?! Pensa que sou burra?! – gritou Kalyra com o tom de uma criança fazendo pirraça.

– Vai me deixar explicar ou não? – falei meio irritado.

– Ârrr, tá, diz logo – falou Kalyra com uma voz irritada.

– Metamorfo é basicamente um ser capaz de mudar de forma... – expliquei, quando Kalyra interrompeu.

– Que?! Então os zulgarianos mudam de forma, quer dizer, podem se passar por qualquer um?

– Dã! – comentei.

  Kalyra me olhou com um rosto espantado, me agarrou pelos ombros, e me sacudiu para frente e para trás gritando:

– Como assim ? Por que a gente foi arranjar guerra com esse povo?! Não temos a menor chance de vencer!

– Calma, calma, essa guerra tem quase 200 anos, e eles ainda não nos causaram muitos danos graves, desde que a gente tenha alguém inteligente no comando, não temos com o que nos preocupar – falei a ela tentando acalma-la.

  No entanto, meu apoio não teve o efeito esperado, Kalyra parou de gritar, soltou meus ombros de vagar e se sentou no sofá próximo a mesa:

– É pior do que eu pensei – disse Kalyra com uma voz de quem está quase chorando, o que de fato aconteceu, e ao começar a chorar disse – eu estou no comando! Todo o nosso planeta vai sofrer as consequências do meu governo! Vou ser conhecida como a rainha que levou Téro a derrota!

– Calma, ao envés de ficar aí esperando o pior, por que não me ajuda a descobrir se os zulgarianos estão mesmo infiltrados? – comentei.

  Kalyra enxugou suas lágrimas com a mão, e com o rosto vermelho de tanto chorar, respondeu:

– Tudo bem, é melhor mesmo, por onde começamos?

– Bem, qual a única general que não concordou com você? – pergunto de forma quase retórica.

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