Capítulo 6

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Pov. Alice

Estou sentada na grande cadeira que William tem em seu escritório. Quando entrei, vim direto para esse lugar e me sentei. Agora só falta que entre o culpado pelas minhas faltas de sono e pelas minhas lágrimas. Homens, com um pouco de bebida no sangue se esquecem dos modos.

A porta se abre devagar e ele entra. Primeiro ele coloca a cabeça e depois seu corpo. Devo reconhecer que ele não parece muito bem. Fico feliz por isso, ele merece. Ainda acho que se eu tivesse chegado 10 minutos depois, Aline teria se instalado em seu antigo quarto. Tomara que não me esqueça disso.

- "Muito bem senhor Lawford. Sente-se, está na hora de começar a falar." - eu digo.

William se assusta com a minha frieza, mas nesse momento é melhor assim. Não posso demonstrar que estou nervosa, se ele realmente me ama, temos que esclarecer tudo de uma vez por todas.

- "Nunca te ouvi falar assim. Nunca conheci essa faceta tão fria que você está demonstrando." - ele diz e eu olho para ele.

- "Porque ninguém nunca havia me tratado como um objeto antes." - eu respondo.

- "Alice, o que foi que eu te disse?" - eu suspiro.

Meu pai me disse que ele não se lembrava do que havia me dito. Acho que deveria dizer se queremos arrumar essa situação.

- "Você me disse que como eu não havia ficado grávida, eu não servia pra você. Você disse que precisava de uma mulher que te desse filhos, mas também você reconheceu que nos damos muito bem em relação ao sexo, mas disse que a culpa de não ficar grávida era toda minha, que você não queria ser motivo de piada em todo povoado."

- "Algo mais?" - ele pergunta de forma cautelosa.

- "Sim. Você me pediu para ir embora. Que nesse momento, eu não servia para nada." - digo olhando em seus olhos.

- "Alice, eu não me lembro de nada disso. Eu havia tido um dia ruim e acabei descontando em você. Há alguém que eu odeio com toda a minha alma desde a época da escola. Sempre temos estado discutindo e brigando por qualquer coisa. Nesse dia que eu gritei com você e acabei te dizendo algo que não me lembro e isso acabou levando você a me deixar, eu havia me encontrado com ele, nós discutimos e ele acabou tocando no assunto de que eu não conseguia te deixar grávida. Não tenho ideia de como ele descobriu isso e ele usou isso em um momento em que eu não estava bem. Eu bati nele, mas mesmo assim não consegui me sentir bem."

- "Como se chama o seu inimigo?"

- "James." - ele diz.

- "James? O filho da senhora Susan?"

- "Sim. Porque? Você o conhece?"

- "Sim, eu o conheço. Ele ia no atelier da senhora Rita buscar as roupas de sua mãe. Ele sempre me tratou bem, assim como a mãe dele, no outro dia o meu pai disse que a senhora Susan queria que eu lhe fizesse um vestido." - eu digo.

- "Então é dessa forma que ele obtém a informação. Sua mãe é a espiã e o seu pai deve ter contado a ela." - ele grunhiu.

- "Acho que você está errado. Susan é muito amiga de Helena, essas duas mulheres juntas são um perigo."

- "Vamos deixar isso de lado. O que você quer falar comigo? Quais são essas coisas que você deve deixar claro?" - ele grunhiu.

- "É verdade que o único motivo que você me quer é para o sexo e para te dar filhos?"

- "NÃO...bom em parte sim. O sexo contigo é genial e passamos muito bem juntos, e não quero mentir pra você, o meu sonho é ser pai. Tenho 30 anos e em breve irei completar 31. Não quero chegar aos 50 e ter um filho de 10. Aos 60 terei sorte em poder montar a cavalo. Mas o que eu mais quero de você é sua companhia e seu amor, você me fez ver a vida de uma forma diferente, mais simples. Desde que você foi embora, a minha vida se tornou um desastre." - ele me diz.

- "E se eu não ficar grávida, você me colocará para fora de sua vida?"

Eu preciso que ele me diga a verdade.

- "Não. Durante esses dias sem você, vivi um inferno, não acho poder suportar estar sem você de agora em diante." - ele diz enquanto ele se remexe na cadeira que está em minha frente.

- "Ainda não acredito muito em você, sabe? Nesses dias eu pensei muito no que aconteceu e me surpreendi quando meu pai me contou que Aline havia te beijado,meu pensei em te matar. Nunca senti ciúmes. A única coisa que eu queria era vir e te dizer algumas verdades. Mas quando vi Aline na entrada da casa com malas e tudo, eu pensei o pior."

- "Porque merda você era duvidando de mim?" - ele grunhiu pra mim enquanto se levanta da cadeira.

- "Porque nos casamos sem amor. Eu fui a salvação para evitar uma humilhação pública que cairia em você, se soubessem descrição que te abandonaram justamente no dia do casamento. Com o tempo o amor nasceu, mas mesmo assim você nunca me assegurou que Aline saiu do seu coração." - eu digo.

- "Alice por Deus. Eu te disse um milhão de vezes que eu te amo, amo você e mais ninguém nesse mundo. O que mais você precisa para acreditar em mim?"

- "As vezes o amor não é tudo quando não há confiança. Por favor, William, você nunca confiou cem por cento em mim, o que você disse bêbado é algo que você pensava, senão você não teria dito. Você não se dá conta disso?" - eu digo enquanto me levanto da cadeira e bato na mesa.

- "E o que vamos fazer? Você vai embora de novo e pedirá o divórcio?" - ele diz e eu posso ver medo em seus olhos.

- "Não acho que chegue a tanto com o divórcio, mas precisamos de tempo para nos conhecer melhor e assim podermos confiar um no outro. Só estou te pedindo um pouco de tempo, nada mais." - eu digo.

- "Você vai embora?" - ele pergunta enquanto passa a mão pelo seu cabelo.

- "Não, eu ficarei. Só quero te pedir algo." - ele me olha.

- "O que?"

- "Que começamos de novo. Vamos começar como amigos, quero que nós conhecemos mais e que a nossa confiança um no outro seja forte. Eu te amo como nunca pensei amar alguém, mas sem querer você me machucou muito com as suas palavras, me demonstrou a pouca confiança que você tem em mim."

- "Se esse é o preço para te ter comigo, eu aceito. Você irá dormir em seu antigo quarto?"

- "Sim. Eu também quero que você se desfaça do quarto de Aline. Mande todas as coisas que estão lá para casa de Helena. Se você não se importar com isso."

- "Eu não me importo. Estou feliz que você esteja de volta." - ele sorri.

Me aproximo dele e lhe dou um selinho. Ele se surpreendeu mas não aprofundou o beijo, o que eu agradeci.

- "Obrigada. Vou ir guardar as minhas coisas, e eu também estou morrendo de fome."

- "Você não comeu?" - ele grunhiu pra mim e eu sorri.

- "Sim, eu comi. Mas ultimamente parece que meu estômago é um buraco sem fundo. Vivo com fome, mas de coisas naturais e saudáveis." - eu sorrio.

Passo do seu lado e acaricio a sua bochecha antes de sair para ir em direção do meu antigo quarto.

Essas semanas serão as mais longas da minha vida porque devo reconhecer que senti muita falta dele e consigo notar isso pelo frio que estou sentindo em meu corpo agora.

LIVRO 2: Olhares de Amor - O Perdão (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora