Capítulo 19

2.7K 232 3
                                    

Pov. William

Há um cheiro estranho. É o cheiro de algo queimado e ao mesmo tempo me parece muito conhecido. Esse o dono traz as lembranças de quando eu conheci Edward e a senhora Nila. Esse odor me faz lembrar dos momentos que passei com eles no passado, onde eles eram minha família, apenas eles.

Abro lentamente os meus olhos, não é necessário me acostumar com a luz, já que o lugar está escuro, mas vejo pela janela que já é de dia. O que estou fazendo na cabana de Dona Nila? Como cheguei aqui?

- "Até que enfim você acordou, garoto." - levantei a vista e encontrei dona Nila sentada na mesa enquanto bebe algo fumegante em uma caneca.

- "Como?" - foi a única coisa que saiu da minha boca.

- "Você é bastante ingênuo ou idiota garoto. Quando você me apresentou Aline, eu senti que ela não me passava confiança mas a luxúria te deixou cego e você não me escutou. Como você pode beber algo que ela te ofereceu?" - ela me repreendeu.

Deus! Essa mulher é mais minha mãe do que minha própria mãe.

- "Eu não sei. Nunca pensei que ela poderia ter colocado algo naquele suco, mas pelo visto voltei a me equivocar com ela. O que foi que aconteceu?" - eu perguntei.

- "Te deram uma droga muito forte. Aquela coisa quase te custou a vida."

- "O que?"

- "Foi o que você escutou. Se Alice não tivesse reagido a tempo, a essa hora você estaria à sete palmos debaixo da terra." - ela diz.

- "Onde está a minha mulher?"

- "Finalmente está dormindo. Ela não teve dias bons, acima de tudo pela polícia entrando e saindo daqui. Sem contar que a bebê não ajuda muito."

- "Polícia?"

- "Alice prestou uma queixa contra Aline por tentativa de homicídio. Nesse momento, ela está na prisão esperando que você acorde, para prestar o seu depoimento."

- "Entendi. Como assim Alice não teve bons dias?"

- "Ela não dormiu quase nada. Ela fica cuidando de você a cada segundo que pode. Ela comeu muito pouco e o pouco que ela come o seu estômago devolve. Ela tem comido lâminas de limão com menta para ter algo dentro dela. Mas a verdade é que ela não está aguentando muito. Sem contar que a pequena Lily não quis deixá-la em nenhum momento e anda grudada nela como um carrapato." - ela diz olhando para frente.

- "Mas, ela está bem?"

Santo céu. Tudo isso aconteceu por ter sido ingênuo.

- "Apesar de tudo, sim. Dei um pouco de chá para que ela pudesse relaxar um pouco e isso lhe provocou sono e agora está dormindo."

- "Aonde?"

Eu quero vê-la.

- "Está no quarto dos fundos."

Eu me levanto com cuidado. Sinto os meus músculos pesarem. Assim que sigo com o meu doloroso processo de me colocar de pé. Com cuidado e me agarrando ao que puder chego ainda Alice está. De relance vejo dona Nila sorrir ao ver a minha forma de caminhar mas ela não diz nada.

Chego no quarto e o que vejo me deixa sem ar. Alice está deitada de lado e em seus braços as encontra Lily. Ela está agarrada firmemente no vestido de Alice. Inclusive ela conseguiu abrir dois botões.

Olho fixamente para minha mulher e como dona Nila disse, ela está pálida e suas olheiras se notam à distância. Dá para ver que ela está cansada e que umas horas de sono faziam muita falta pra ela.

Com cuidado coloco uma mecha do seu cabelo atrás da orelha, sua respiração é calma, assim como a de Lily. Seus lábios estão ressecados e se nota que seus olhos estão inchados. Sua pele estão um pouco mais branca mas ainda assim, continua sendo perfeita para mim. Acaricio sua bochecha, ela se remexe um pouco mas não acorda.

- "Querida." - eu a chamo para que ela acorde e me deixe ver esses enormes mas preciosos olhos azuis que me conquistaram desde a primeira vez que os vi.

- "William." - ela sussurra e abre os olhos.

No começo ela sorri mas não é o seu típico sorriso, esse que faz com que eu derreta.

- "Minha pequena." - eu digo. Ela me olha mas não faz nada mais.

- "Diga-me que você não é um sonho e que você acordou." - ela diz. Eu sorrio. Se nota que ela não passou muito bem.

- "Eu sou real. Me toque se é que precisa para você acreditar." - ela levanta sua mão e acaricia minha bochecha.

A princípio ela se assusta, já que a minha barba começou a crescer... Por quantos dias eu estive inconsciente? Mas depois ela ganha confiança e me acaricia com vontade. Uns segundos depois ela arregalar os olhos surpresa e segundos depois seus olhos cristalizam.

- "William." - ela começa a chorar. Ela esconde o seu rosto no pequeno corpo de Lily e chora com vontade.

- "Querida, não chore. Olha para mim, eu estou bem." - eu digo.

Ela nega com a cabeça e continua chorando. Com isso, Lily acorda e antes que ela também começa a chorar, eu tiro a bebê dos seus braços. Ela ao sentir os meus braços se acomoda em meu peito, como se estivesse dizendo, finalmente agora eu posso estar tranqüila.

Os minutos se passam, a única coisa que eu faço é acariciar as suas costas pequenos movimentos circulares para que ela se acalme. Quando o seu choro finalmente passa, ela olha para mim.

- "Nunca...na sua vida...volte a fazer...isso." - ela disse entre suspiros.

- "É claro que não. Numa imaginei que ela poderia fazer isso. Mas agora já passou, pare de chorar que eu estou com vocês, estou bem aqui." - digo enquanto lhe dou um beijo nos lábios, que devido as lágrimas estão suaves.

- "Você não sabe como estive durante esses quatro dias, sem saber se você iria acordar ou não." - ela diz enquanto você senta na cama e me olha.

- "Quatro dias? Mas eu já estou aqui e não vou a lugar nenhum." - eu digo.

- "Acho bom. Aliás você precisa ir até a delegacia para assinar a denúncia seu depoimento sobre o que aconteceu. Espero que você não dê para trás. Aline já nos fez muito mal e não quero sofrer mais." - ela diz.

- "Será como você quiser. Se isso é o certo, eu farei. Farei qualquer coisa fala que você esteja tranquila." - eu me aproximo dela e a beijo.

Vejo ela sorrir e isso me faz derreter. Ela me abraça e também a Lily. Eu a sinto suspirar.

Essa é uma segunda oportunidade e não deixarei ela passar.

LIVRO 2: Olhares de Amor - O Perdão (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora