O maior espetáculo do mundo de Rogue era: Mari. Não era a aparência, mas a sua aparição que encantava. Esbelta, cabelos soltos, com a frontal presa, os óculos escuros sobre a cabeça, usava uma blusa branca com detalhes em preto e calça jeans clara, seu rosto estava angelical como da última vez em Manhuaçu, seus olhos tão salientes quanto o diamante, os raios solares que atravessavam a estrutura de vidro do saguão realçavam o azul de seus olhos. Ao avistar Rogue ela sorriu e caminhou em sua direção:
-Rogue...
-Mari...
-Você veio... balbuciou Mari
Nada mais importava quando ele estava diante dela, toda aquela resistência se fora, ele não conseguiria ignorar Mari, não conseguiria ser frio com ela, aquele orgulho de ontem se fora, ele estava completamente nu de toda rejeição e relutância. Sentiu-se derreter por inteiro, não por inteiro, precisava ter pernas, bom, pelo menos naquele momento.
-Eu vim sim -Sorriu Rogue mostrando seus belos dentes e abrindo os braços com a intenção de abraça-la
Mari abraçou-se fortemente contra o peito que a amparava. O calor daquele corpo negro deu-lhe febre e seus lábios espremeram-se loucamente contra aquela pele quente, com cheiro de colônia amadeirada. Um colar com um crucifixo roçou-lhe o rosto e ela ergueu a cabeça, oferecendo os lábios úmidos, ávidos, desesperados. Uma boca maravilhosa colou-se à dela, enquanto aqueles braços a apertava com loucura. Sentiu-se morrer de felicidade e o mundo apagou-se com a imagem daquele deus grego estourando em sua cabeça como um coro de anjos.
Ambos se afastaram um do outro, um tanto constrangidos olhando pros lados
-Quer que eu leve suas malas?
Ela entregou suas malas para ele, Rogue as colocou no porta malas do taxi:
Aquele beijo... Mari ainda sentia os lábios queimando e as narinas embriagadas com aquele cheiro de sonho.
-Pra onde? -Perguntou o Taxista
O taxista era um sujeito simpático, usava um bigode e tinha um andar arrastado. Rogue não tinha o costume de andar de táxi, mas nessa ocasião era necessário.
-Onde você vai ficar Mari? -Indagou Rogue
-Ah, eu fiz uma reserva no San Diego.
San Diego era um hotel cinco estrelas situado no centro da capital com a diária de R$300, muito fora da realidade de Rogue, ele nunca se hospedou em um cinco estrelas, mesmo quando conseguiu assaltar R$9 mil em um mercadão no ano passado.
-Irei te buscar as 16:00, está bem?
A torrente de palavras estrangeiras perdeu o sentido para Mari, enquanto as palavras de Rogue penetravam-lhe como se fossem vírus caindo em suas veias, misturando-se ao seu sangue e indo infectar-lhe o coração:
-Tá bom, estarei te esperando.
Ao chegarem Mari adentrou o hotel, a vista era maravilhosa, havia palmeiras por toda a frente e a recepção era toda envidraçada com o ambiente decorado em mogno e iluminado em amarelo num todo. Rogue a ajudou com as malas, dessa vez beijou-lhe o rosto, e voltou com o táxi.
Ele se foi, ela ficou sozinha. Após o banho ela ficou sentada no divã.
"Neste momento, ele deve estar igualzinho a mim, pensando em mim... -Pensou"-Vamos pensar juntos, um no outro, Rogue. Será como se estivéssemos de mãos dadas."
Ela ainda apreciava a lembrança daquele beijo. Pensou em telefonar para ele mas, se telefonasse, o que iria dizer? Na certa acabaria nervosa, fazendo alguma de suas gozações e estragaria tudo. Não, tudo não. Não havia o que pudesse estragar o que tinha começado com aquele beijo. Aquele beijo fora um compromisso. Não por ter sido um beijo. Mas por ter sido um beijo como aquele. Esperaria as 16 horas. Mari tinha pressa. É claro que tinha pressa. Era preciso reencontrar Rogue para não o largar mais.
Mari era uma romântica, adorava quando recebia elogios sobre sua aparência, Rogue sempre gostou de elogia-la, ver seu sorriso após os elogios sempre acalmou seu coração preocupado. Lembra-se dela ter muitos admiradores e ele era um deles. Seu nome era Maria Dos Santos Pires, nascida em Porto, Portugal. Neta de José Ângelo, dono de muitas minas. Foi criada em Manhuaçu, Brasil, pequena cidade de Minas Gerais, Mari não gostava tanto de Manhuaçu, ressaltava isso abertamente porque gostava de praias, sentia que ela e o mar tinham uma conexão inaplicável e Deus quis que Minas Gerais não tivesse praias.
Adorava escrever textos, a maioria romances, até desacreditar no amor, todas as suas decepções amorosas foram acompanhadas de bebedeiras e caras sem credibilidade que sempre apareciam quando ela estava fragilizada. Era do tipo de mulher que nunca se rebaixava a homem nenhum, por isso se envergonhava desses momentos de crise. Decidida, independente, audaciosa e sempre a favor dos direitos iguais ela sempre desejava amor para o mundo, era alguém que faria de tudo para o mundo ser um lugar melhor.
Ela se arrumava no hotel, usava um vestido de seda branco com detalhes coloridos, uma sandália confortável, cabelo preso com um coque, um colar de ouro com um pingente de cauda de sereia que ganhara de sua avó e uma maquiagem bem iluminada, retocou o batom, passou perfume, pegou a bolsa e seu celular, foi até a janela, e respirou profundamente o ar da grande São Paulo.
Ideias ruins, eu sei onde elas levam
Mas eu tenho muitas para dormir
E nunca me basta, não.
Eu quero beijar você de pé
E se amanhã me deixar mal
Bem, valeria a pena apenas saber
Porque nunca me basta, não.
Eu quero te beijar de pé...
Bad Ideas - Tessa Violet
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Céu Estrelado Em Capiva
RomanceQuando o assaltante Rogue conhece Mari em um estádio de futebol, tudo pode mudar. De repente, nada mais importa. Mari quer Rogue. E Rogue quer muito mais. Essa é uma história fictícia. Quaisquer semelhanças com nomes, pessoas, factos ou situações da...