After a while

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Eu tive uma semana longa, mal tive tempo para passar na casa de Jimin. Resolvi me sobrecarregar por uma semana e resolver tudo o que eu tinha pra fazer em relação as cafeterias, não sabia se meu menino iria voltar a trabalhar, mas se por acaso isso ocorresse iria o transferir para a nova cafeteria. A que estava sendo construída tinha um visual moderno e aconchegante, por algum motivo o trazia lembranças do mais novo, talvez fosse pelo fato dos tons azuis em pequenas decorações.

[...]

Recebi uma ligação de Jyieon, ela me contou que o pequeno estava com saudades de mim e já se questionava o porquê de eu não ter aparecido lá desde o último final de semana, que para a frequência que eu costumava parecer já era um tempo exorbitante. Deixe-me rir pela preocupação do meu menor, mas também fiz questão de pegar um buquê de orquídeas azuis, que após as rosas era sua flor favorita.

[...]

Ao chegar na casa, fui atendido pelo pequeno, seu sorriso sempre foi o meu refúgio desde o primeiro dia que eu o vi. Ele tinha uma felicidade genuína por poucas coisas, seu sorriso era lindo e fácil de conquistar, perfeito de tal modo que eu tinha ciúmes dele sorrir para outra pessoa já que o indivíduo poderia se apaixonar como eu.

—“Ah, Jungkook! Por que estava sumido? Eu lhe liguei e não atendeu e nem retornou!” — Suas falas soavam para meus ouvidos como o cântico das sereias, ele era um amor.

—“Aish, não tive tempo nem pra respirar direito essa semana. Estava resolvendo umas coisas do trabalho e me deixei por levar; desculpa, meu amor! Agora eu estou de férias e juro que vou ficar aqui com você!” — Após largar meu sorriso galante para Jimin, já foi possível sentir o cheiro agradável de um delicioso Macchiato. Aquela receita italiana carregava um peso de nosso relacionamento.

—“Jimin! O Jungkook já chegou?” — Ela falava da cozinha.

—“Sim, mamãe!!” — Eles falavam alto, não era melhor atravessar os cômodos?

—“Venham tomar Macchiato!!”

Eu deixei escapar um sorriso, fomos para os fundos onde nos sentamos na mesinha redonda. Vi uma espécie de álbum na mesa perto de minha sogra.

—“Senhora Park, o que é isso perto de seu braço?”

—“Ah... Isso? São minhas memórias, quando o Jimin nasceu eu estava tão contente que não deixava nada que ele fazia passar, tirava fotos e anotava atrás de todas quando aconteceu e o que ele estava fazendo... Quer ver?” — Assenti e ela me entregou o álbum.

Fiquei olhando e sorrindo com a história, apartir de certo ponto o menor começou a dar observações pois já tinha as memórias do que havia acontecido. Mais ou menos no meio do diário, talvez um pouco pra frente, achei uma folha em branco que contava como o Jimin descobriu sua pequena "mutação", mais conhecida como útero.

Diário:

“Meu pequeno ganhou mais um motivo de luta contra aqueles que fazem comentários maldosos atoa, desde sempre o Jimin já dizia o que gostava e que não gostava de meninas, eu sempre aceitei isso pois é algo dele e eu não tenho nada a ver com o que ele vai gostar ou não, até sempre brinquei com ele perguntando se aquele menininho era o namorado dele e que se fosse eu deixaria ele namorar... Infelizmente não são todos que tem esse olhar puro e pensam que isso é totalmente normal como é, ele sempre teve comentários maldosos que ele rebatia com seus comentários inocentes... Hoje ele veio me contar que viu sangue em seu xixi e estava com muito medo, também me assustei e fui com ele para a emergência. O médico estimou que fosse uma infeção urinária e já iria passar se tratasse, mas como o garoto sentia dores no abdômen ele fez um exame de raio X onde foi possível encontrar um detalhe. Lá estava o "presentinho" que os deuses davam a algumas crianças, o útero... O médico me explicou que era possível uma cirurgia para remover, eu falei com Jimin e ele disse que não de importava com aquilo, também se alegrou muito sabendo que ele poderia ter um bebê como eu tive, novamente disse que nunca iria ligar para quem o chingasse pois sabe que ele é perfeitamente normal e um dia alguém iria gostar dele pelo o que ele é. O menor é tão precioso que não sou capaz de nem acreditar que é só uma criança de 10 anos de idade.”

Após eu ler esse pequeno relato eu sorri ao me indentificar com a homofobia que também sofri, eu ainda não era capaz de acreditar que ainda existia homofobia mas ao mesmo tempo eu pensava como Jimin, sei que sou normal e não irei mudar por nada, já que também não é possível.

—“Nossa bebê, você era tão fofo como é hoje!” — Vi uma foto dele com sua mãe. — “A perfeição é de família?”

—“Oh, Jungkook! Não precisa me elogiar se não for verdade.”

—“Mas é sério, vocês dois são muito parecidos e muito bonitos ao mesmo tempo. A perfeição foi da senhora pra ele!”

—“Aish, Kook!” — Ele corou e eu beijei sua bochecha, só estava sendo fofo.

—“Será que nosso filho irá ter esse DNA milagroso?” — Sorrio.

[...]

Passei a tarde inteira lá e de brinde ganhei um convite para passar a noite lá, óbvio que eu não recusei.

O jantar daquela noite foi feito pelos três e saiu uma refeição típica coreana... Ficou tudo tão bom que fomos dormir cheios e quase que não sobra nada.

[...]

Abracei Jimin por trás e dei boa noite, assim que escuto sua voz retribuindo, eu fecho os olhos e apago só acordando no outro dia, bem descansado.

Macchiato | JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora