Translúcido

Capítulo XIV

Notas do Autor

Olha quem esta trazendo outro capitulo para vocês meus xuxus. Sentiram minha falta?

Estão preparados? Já pegaram seus lencinhos de papel e um copo com água? Não quero ver vocês desidratados.

Só um alerta rapidinho, o começo do capítulo e a parte em itálico é um tanto quanto intensas é pode causar desconforto para quem tem ataques de pânico ou gatilho com estupro. Tomem cuidado ao ler.

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- Vamos, então - o Artie concordou em me tirar dali, mas estava visível que ele não estava gostando da ideia.

Apenas consegui andar até a esquina, meu coração batia acelerado ao ponto de doer, eu não conseguia controlar o choro e isso tornava minha respiração ainda mais difícil, vomitei o que tinha no estômago, sentindo o meu corpo trêmulo pela fraqueza, os braços do Artie era o que me impedia de cair, ele me apertava contra o peito com força enquanto me ajudava a voltar a respirar ao mesmo tempo em que tentava me distrair falando sobre coisas aleatórias. Agradeci aos deuses por não haver pessoas no local. Eu estava tão pateticamente frágil que, não queria que mais ninguém me visse assim.

"Eu só queria que parasse de doer"

Pouco a pouco consegui recuperar o controle sobre o meu corpo, e depois que consegui me acalmar, nós começamos a andar em silêncio pelas ruas do bairro, ele sabia que eu precisava de um tempo para processar e entender os meus sentimentos, poucas pessoas conseguem me compreendem tanto quanto ele.

Artie também foi abusado e agredido, mas diferente do que aconteceu comigo, ele foi violentado quando ainda era uma criança. Ele sabe como é viver assombrado com os fantasmas do passado, sabe como é ter o corpo e a alma marcados pela violência, nós dois sabemos como é difícil se abrir sobre o assunto, por isso ele consegue entender as poucas palavras que consigo usar para expressar toda a brutalidade que fui tratado.

- Remédios? Você está ficando clichê - ele rompeu o silêncio.

Fechei os olhos e respirei fundo, eu sabia que ele estava chateado comigo, não é a primeira vez que tenho problemas com o consumo exagerado de remédios, Artie sempre fica muito preocupado quando entro em "modo autodestrutivo".

- Não foi por querer...

- Essa desculpa está ficando velha Loki, inventa outra - ele me interrompeu.

- Me desculpe... eu... esses dias foram difíceis Artie, todo o meu passado foi jogado na minha cara... E eu encontrei meu irmão, meu pai e alguns desafetos, tudo isso aconteceu em uma semana, foi demais, me descontrolei. Tem coisas que quero falar para meu irmão, mas eu não consigo, e isso está magoando-o e ainda tenho que encarar as minhas lembranças de tudo o que aconteceu... eu estou revivendo-as como se tivesse acontecido ontem...arg

- Você reprimiu essas lembranças por muito tempo Loki, nem para mim você contou tudo o que aconteceu, uma hora ou outra elas encontrariam uma maneira de vir à tona. Sua mente deve está uma bagunça, não estou certo? - perguntou realmente preocupado.

- Ah Artie, você não tem ideia de como estou uma bagunça. Essa semana nada está sendo fácil, tudo está sendo demais... Sei que esse encontro ia acontecer mais cedo ou mais tarde, só não esperava ficar tão devastado. Eu não sei o que fazer, o que pensar, o que sentir e estou com medo de tudo isso. Sinto que vou enlouquecer se as coisas continuarem assim. Eu não quero lembrar dos momentos ruins, mas as lembranças estão vindo todas de uma vez como uma correnteza e me arrastando para o fundo, estou sufocando e não sei como volta para superfície - falei choroso, mas respirei fundo, eu não iria chorar, não mais.