CAPÍTULO 4

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                                                                         A declaração.

      MAIS OU MENOS SEIS ANOS ANTES...

    A noite chegou rápido naquele dia. Nem tive tempo de respirar direito. O movimento foi grande e estou morta, doida para chegar em casa e tomar um bom banho para finalmente descansar. Esse verão acaba comigo. Algum dia quando eu me formar, vou embora para um lugar que faça muito frio e voltarei ao Brasil só nas férias. SONHEI.

    Estou pegando minhas coisas para poder ir embora, quando Paulo me chamou e começou a falar:

    – Hoje apesar da correria, você dedicou muito tempo a uma mesa só Jô, e as coisas ficaram tumultuadas ainda mais. Vamos ver se isso não acontece novamente.

    – Eu sei que as coisas se complicaram hoje mais cedo Paulo, mas não me dediquei demais a uma mesa só não, estava fazendo os pedidos quando aquelas duas e o amigo estavam conversando e me perguntaram umas coisas que eu respondi, só isso. – Respondi, sem entender o motivo de tanto estresse por parte dele.

    – Eu percebi Jô. É que te vi algumas vezes na mesa de Lincoln e das gêmeas de mais diferentes, e fiquei um pouco curioso sobre o que vocês tanto conversavam. Já que você é bem diferente deles. Falou me olhando desconfiado. – Ah! E antes que eu me esqueça, tenha cuidado com aquele cara e as duas garotas também, não sai coisa boa quando eles se juntam. – Completou.

    –Não sei o motivo do aviso, mas sou simpática com todos os clientes da lanchonete. Não faço separação com nenhum, e quando comecei a trabalhar aqui, isso foi exigência sua de que devemos ser simpáticos com todos os clientes. E sobre aquelas duas sei bem do que são capas.     – Já o bonitão nem conheço, eu pensei em completar. Mas achei melhor não esticar conversa, pois estou louca para chegar em casa e poder descansar. O dia hoje foi mesmo muito puxado.

    – Ok. Eu me lembro bem do que peço aos meus funcionários. Vamos mudar de assunto então. Estou indo para casa e te deixo na sua, é meu caminho mesmo. – Disse já indo em direção a porta.

    – Não precisa Paulo, gosto de caminhar um pouco a noite e minha casa não é muito longe. – E depois desse sermão prefiro ir sozinha, sei lá o que mais vem por aí. Pensei.

    – Com o movimento de hoje fechamos tarde e você ficou depois do seu horário. Então sem reclamar, vamos. Vou me sentir melhor se souber que te deixei em casa depois de você ter trabalhado tanto. – Falou com voz meio séria.

    – Se não tenho escolha. Fazer o que né?! Então vamos. – Respondi me rendendo. Paulo quase nunca se irrita, mas hoje não sei o que deu nele para estar agindo desse jeito. Brigou com a moça da faxina e acho que está sobrando para mim também. Ele fechou a lanchonete e seguimos para onde o carro dele sempre fica.

    Dentro do carro fiquei em silencio e Paulo também, não sei o motivo, mas ele me parece diferente. Não se parece com o cara que convivo todos os dias. Nesse tempo todo que trabalho com ele, nunca o vi dar uma má resposta a ninguém. E hoje ele está se irritando muito fácil. Fiquei observando a rua por onde o carro estava passando e pensando em como minha vida mudou em tão pouco tempo, e como ela pode mudar ainda mais depois que eu for para outra cidade e começar uma vida nova. Até que de repente ele quebrou o silencio e falou:

    – Você tem namorado Jô? –Tomei um susto ao ouvir aquela pergunta e perceber que fazia tempo que eu estava sem ninguém. Não que eu já tenha namorado alguma vez, mas tive uns enrolo aqui e ali. Mas um alguém que me fizesse suspirar como já ouvi dizer, nem no colégio nunca suspirei por ninguém. Ri comigo mesma.

DESTINO INCERTOOnde histórias criam vida. Descubra agora