DESTINO INCERTO

CAPÍTULO 5

                                                                     Quando dúvidas aprecem.

      DIAS ATUAIS...

    Acordei com o despertar do meu celular. Cheguei da casa da Lilly e comecei a pesquisar sobre as coisas que ligam eu ao passado que evaporou feito fumaça, e já viu né. Eu sabia que se não colocasse o telefone para despertar iria me atrasar. Depois que cheguei não pude parar de pensar no que Lilly me disse, de procurar uma pessoa para me ajudar com isso tudo.

    Às vezes eu acredito que tudo não passou de um sonho mesmo, e que existe somente em minha cabeça maluca. Que um dia vou acordar e ver que tudo não passou de um mal-entendido, e nunca aconteceu de verdade. Mas aí me lembro dos meus pais e de Lincoln e isso não tem como não ter existido, aquele sentimento era bem real para mim. Mas qual explicação normal eu poderia dar? Se tudo o que tentei até agora não me levou a lugar nenhum. Nesses quase seis anos que estou aqui, por mais que eu tenha tentado, feito loucuras, não consigo voltar. Nem aquela maldita cidade eu consigo encontrar, parece ter desparecido no espaço.

    Como vou conseguir explicar para uma pessoa mesmo que ela tenha estudado para curar cabeças ocas como a minha, que em um dia estou em uma cidade chamada Santa Lúcia, em minha casa com o meu namorado, me sentindo a pessoa mais feliz do mundo. E do nada tudo some e eu acordo em uma cama de hospital sem saber como fui parar lá. É muita doideira até para mim que passei por tudo isso. Me vê sozinha sem Lincoln ou alguém que eu pudesse reconhecer o rosto foi a pior parte para mim. Ninguém em sã consciência vai acreditar em mim, nem eu sou capaz de acreditar em tudo isso as vezes. A Deus me mostre uma luz, um caminho para que esse pesadelo possa enfim terminar.

    Não tomei café em casa hoje, decidi tomar em uma cafeteria maravilhosa que fica no caminho para o escritório. Aqui tem o melhor café da cidade e um bolo de banana com canela que se não for melhor é igual ao da lanchonete do Paulo. Toda vez que venho aqui peço esse bolo, me faz ter boas lembranças de quando eu morava em Santa Lúcia e de quando Lincoln descobriu esse bolo de banana e usou como desculpa para ir a lanchonete quase todos os dias. Como ele me faz falta. A cafeteria é bem moderna, com grandes lustres pendurados pelo teto que por sinal é muito alto. Acho que aqui era um deposito antes de se tornar a cafeteria "FUMAÇA NA XICARA ", o dono só reformou com algumas melhorias e deixou o prédio do jeito que era. Por todo o local você encontra historias e objetos relacionados ao café. É muito gostoso o ambiente, e sem falar na torta de café com chocolate e limão que só encontro aqui. Acho que vou parar de fazer café em casa, o daqui é muito melhor que o meu.

     Sr. De Luca não veio trabalhar hoje, tirou aqueles dias de folga devido ao seu estado de saúde. O médico disse que se ele quiser vir as vezes no escritório pode, mas é para evitar ficar nervoso ou com raiva. Então mesma o aconselhei a ficar em casa mais uns dias, coitado. Em todo esse tempo que trabalho aqui, ele nunca tirou férias ou um tempo de descanso. E hoje por sinal está tudo tranquilo, o pessoal do escritório agilizou todos os trabalhos da semana que estavam pendentes, conseguimos deixar tudo na mais perfeita tranquilidade. Vicente ficou por conta dos mais urgentes e eu com os novos que chegaram. Só mais duas visitinhas hoje e posso ir para casa descansar. Pensei cedo demais.

    Lilly entrou na sala, com aquele olhar que sei quando está aprontando alguma coisa. Minha amiga hoje por sinal está uma lindeza, em um vestido floral midi com o fundo escuro que destacou seu tom de pele. Era um espetáculo aos olhos. Com uma trança meio desarrumada de lado no cabelo que deu todo um charme a ela.

        – Jô, o que está pensando em fazer hoje depois que sair do escritório? – Perguntou mexendo em uns papeis em cima da minha mesa.

        – Bom eu estava pensando em ir para casa tomar um bom vinho e um banho demorado, porque a semana foi puxada xuxu.