That could be it.

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Minha madrugada se resumiu em ficar no celular falando com Billie e rir o tempo todo das merdas que ela me falava por mensagem de texto. Mia estava dormindo ao meu lado na cama, mas não acordou em nenhum momento com as minhas risadas. Obrigada Deus. Ela têm um sono tão pesado quanto eu, que não acordo tão fácil quanto a maioria das pessoas. Liz foi até o meu quarto pelo menos umas 3 vezes para querer saber do que eu estava rindo tanto. 

- Estão falando mal de quem? - ela perguntou na segunda vez que abriu a porta do meu quarto. - Você vai acordar a Mia desse jeito. 

- Não estamos falando mal de ninguém, Liz... Não mais. - Dei de ombros. - Você nunca ligou pra isso, qual é o problema agora? - Arqueei uma sobrancelha, encarando-a.

Liz nunca se importou se eu estivesse rindo como uma idiota ou não no meu quarto no meio da noite. Como também nunca se importou com quem eu estivesse falando até às 03h da manhã. Quem assumiu esse papel por um tempo fui eu, principalmente depois que nós terminamos. Eu não queria aceitar que ela poderia se envolver com outras pessoas que não fosse eu. Sempre estava por perto quando via que ela estava conversando com alguém diferente ou algo do tipo. Eu era louca. Digamos que eu era a ex que não superou o fim do relacionamento, mas, as coisas mudaram e depois de tantos acontecimentos nada agradáveis, eu tirei um tempo só para mim longe de Liz e de tudo o que me lembrava o nosso passado. 

Liz deu de ombros, indiferente e se preparou para fechar a porta, mas antes disse: 

- Só estou tomando conta de você. - Foi o que ela disse antes de fechar a porta e sair do quarto. 

- Devia ter feito isso muito antes. - Respondi, mesmo sabendo que ela não ouviria. 

Às 04:30h da manhã eu apaguei com o celular ligado em cima da minha barriga. Eu estava segurando o sono fazia uma hora, mas valeu a pena ficar tanto tempo acordada trocando mensagens e fotos aleatórias com a Srta. Pirate, que se abriu comigo de uma forma que eu não esperava. Será que em algum momento eu disse que estava cursando psicologia, e ela resolveu se aproveitar disso? Ridícula. Eu sou ridícula. Billie me contou dos problemas com autoestima que ela vem enfrentando já tem algum tempo, e sozinha. Também me disse da ansiedade que veio de brinde com o lance da "autoestima nada" - palavras que saíram da boca dela. Dei o meu máximo e tentei ajuda-la com palavras e conselhos de quem também já passou por isso. Billie me agradeceu pela ajuda e depois disso eu dormi sem querer, mas, dormi. 

Mia fez questão de me acordar às 09h da manhã com a música que eu amo tanto de um dos seus desenhos favoritos. Caralho. A minha morte. Abro os olhos com o maior sacrifício do universo. Eu realmente preferia estar morta do que ouvir essa merda. 

- Mia - resmungo, olhando em volta e vendo a minha irmã deitada no chão, no meio do quarto, com Tony ao seu lado. - O que você está fazendo ai? - Ela não me responde, está vidrada no desenho. - Ei! - falo um pouco mais alto e ela me olha. - Por que você está deitada no chão? 

- Tony estava deitado sozinho, quis fazer companhia pra ele - Mia responde e volta a olhar a TV. 

- E você resolveu deixar a sua irmãzinha sozinha? - finjo estar triste, Mia dá de ombros sem me olhar. - Acho que você não me ama, Mia. 

Mia vira-se imediatamente na minha direção, pelo seu olhar vi que ela estava triste por causa das minhas palavras. Palavras pesadas para se dizer a uma criança sensível como ela. 

- Por que você disse isso? - Mia me pergunta com a voz baixa, eu me levanto e vou até ela. 

- É brincadeira, meu amor, me desculpe. Eu sei que você me ama de montão igual eu amo você, ok? Não duvide disso. - ela assente e eu pego-a no colo. - Vamos tomar café? 

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