Thank you for giving us a chance.

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Liz conseguiu me fazer rir com a sua pergunta. Eu achei a minha pessoa? Até o momento eu posso dizer que não.

- Eu não achei a minha pessoa, Liz, e nem estou procurando por uma.

- E a Billie? - ela não parece querer ouvir a resposta.

Não sei definir o que nós somos, muito menos o que eu sinto por ela, é algo que vai além de um sentimento de amizade, só carinho ou coisas assim. Sei que sinto uma coisa especial por ela, só não sei definir o que é... Ou talvez eu não queira definir isso.

- Podemos não falar sobre isso? Você se sente melhor? - Passo as mãos por seu rosto acariciando-o, querendo que ela me responda com sinceridade.

- Estou. Sinto muito por ter atrapalhado você e seja lá o que vocês pretendiam fazer hoje. - Liz se desculpa, abaixando a cabeça.

- Você não me atrapalhou em nada.

O resto do nosso dia se resumiu em conversarmos sobre tudo e todas as coisas possíveis. Eu gosto mesmo da relação que eu e Liz construímos. Em um dia nós somos ex-namoradas que discutem por uma hora e dormem sem olhar uma na cara da outra; no outro nós somos duas colegas que dividem o apartamento e estão morrendo de tesão uma pela outra e, por isso, acabam fodendo que nem duas cadelas no cio. Mas, quase sempre nós temos dias bons em que conversamos sem se lembrar do nosso ex-relacionamento que não acabou perfeitamente bem, mas, que nos trouxe até aqui.

Pedimos uma pizza de janta e de sobremesa nós comemos nossos Donuts, como sempre fazíamos. Antes da meia-noite eu estava indo me deitar, cheia de sono, me sentindo a adulta mais velha que eu já conheci. Eu apaguei em menos de vinte minutos.

Na manhã do dia seguinte - domingo, o dia mais chato possível - eu fui buscar a Mia na casa da minha mãe. Dessa vez ela não iria viajar e ficar dias fora, eu só estava morrendo de saudades da minha pequena e não via a hora de leva-la embora para a minha casa.

- Vai se lembrar de leva-la para a creche amanhã, Alyssa? - Deborah perguntou, claramente duvidando da minha capacidade de só acordar uma hora mais cedo e deixar a Mia na escolinha.

- Mãe, pelo amor de Deus - reviro meus olhos. - Eu vou. Que porra, você ama duvidar de coisas pequenas vindo de mim, não é?

- Você nunca se mostra capaz de muito. - Ela diz dando de ombros. - Pare de falar palavrões perto da sua irmã!

- Puta que pariu, caralho. - Eu resmungo inevitavelmente para aquela mulher tão chata que está bem na minha frente. - É por isso que eu não venho nessa casa para ficar nem meia-hora do seu lado, Deborah. Espero que a Mia faça a coisa certa e saia de casa antes mesmo de completar a maior idade - eu consigo ver a fumaça saindo dos ouvidos da minha mãe e isso me deixa satisfeita demais. - Vamos, Mia? - Pergunto para a minha irmã que está sentada ao meu lado mais concentrada do que o normal no tablet.

Eu espero elas se despedirem e é claro que a minha mãe me lembra mais uma vez de deixar a Mia na escola amanhã, eu reviro os olhos e saio da casa sem me despedir dela. Só eu sei o quanto ela mudou depois de descobrir a minha orientação sexual.

Eu ouço meu celular apitar, anunciando uma nova mensagem, como estou parada em um semáforo - esse que acabou de fechar - eu pego-o no banco do passageiro ao meu lado e sorrio vendo de quem se tratava. É engraçado ver o nome que a Billie colocará no meu celular na noite passada.

little girlfriend - Será que você está acordada? - 10:02.

Alyssa F. - Eu estou, Eilish - 10:02.

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