O Projeto

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    -Yosh, querido?! –Yosh ouviu uma voz longe o chamando. –Yosh?!
    -Oi? –Disse abrindo os olhos bem devagar.
    -Que bom que ele está bem. –Hyoko disse, mas não era com Yosh.
    Yosh abriu mais os olhos e viu um homem que ele não conhecia, mas pela roupa devia ser um médico.
    -Deixe-o descansar um pouco, talvez amanhã ele já esteja pronto para outra. –O médico deu uma risada.
    Yosh estava olhando para toda aquela cena, meio tonto. Viu Kato e Tarcisio parados na porta do quarto depois que o médico saiu.
    -E ai? Como ele está? –Tarcisio perguntou.
    -Bem, só precisa descansar. –Hyoko disse com uma voz muito doce.
    Os três saíram dali e deixaram Yosh sozinho no quarto. Yosh enfim acordou e viu em sua mente um flashback do que acontecera na escola. Era real.
    A mão já não doía tanto quando Yosh tentou se por de pé. A primeira coisa que Yosh fez foi tapar a tela do computador, não queria ver aquele rosto de fogo em casa. Yosh estava muito cismado com aquele rosto de fogo que sabia seu nome.

    -Querido?! Você deve descansar. –Hyoko disse ao entrar no quarto.
    -Eu só fui cobrir o computador. –Yosh disse.
    -Deite-se. –Disse Hyoko. –Trouxe sopa para você.
    Yosh voltou para a cama. Seria um dia de ser tratado como bebê, um pouco mais.
    -Então querido, o que houve? –Hyoko perguntou levantando uma colher de sopa.
    -Mãe eu não quebrei os braços, eu posso comer sozinho. –Yosh disse pegando o talher das mãos de sua mãe.
    -Ah! Tudo bem querido. –Hyoko colocou o prato no colo do Yosh. –Mas... O que aconteceu? Seu amigo te trouxe aqui. Chegou te carregando... Ele disse que você desmaiou...
  -Realmente desmaiei. –Yosh disse se lembrando do soco que recebera. –Tenho que agradecê-lo. –Yosh disse com raiva.
    -Ah, eu já o fiz, querido. –Hyoko disse. –Agradeci muito por ele ter te trazido, imagina só... você desmaiou na rua...
    Yosh ficou ali conversando com Hyoko. Queria falar o máximo que desse, não queria ver aquele cara de fogo novamente.
    -Bem, agora devo deixar que você, descanse querido. –Hyoko disse se levantando.
    -Mas...
    -Mas o que, querido?
    -Nada. –Yosh disse fingindo estar cansado. Não queria que sua mãe soubesse que estava com medo. O interrogatório seria muito extenso.
    Hyoko apagou a luz e Yosh se virou para o canto. Ele podia tentar dormir.
    Conseguiu, mas teve sonhos estranhos, não só com a cabeça de fogo que sabia seu nome, mas também com o vulto, o alienígena e o tigre.

   Ambos o caçavam destruindo tudo e todos que entrassem no caminho. Com um rugido o tigre destruiu Hyoko que interveio por Yosh.
    -Não! –Yosh berrou e acordou.
    O dia já tinha nascido.
    Yosh estava pingando suor. Não gostava de pensar na idéia da morte de sua mãe, era ruim demais.
    -Está melhor, querido? –Hyoko perguntou entrando no quarto com uma bandeja, nela tinha um café da manhã reforçado.
    -Sim. –Disse Yosh aliviado por ver que sua mãe estava viva.
    -Hoje você fica em casa, ok querido? –Hyoko disse.
   -Não, as férias estão chegando, vou ter bastante tempo para ficar em casa. –Yosh disse se levantando. – Sexta-Feira que vem é o último dia de aula, porque eu ficaria em casa agora?
    -Ok. –Hyoko disse com um grande sorriso. –Eu tinha me esquecido do quanto você gosta da escola, querido.
    Na parte da tarde Yosh foi para a escola.
    A semana toda ia calma. Yosh não tinha tido novos pesadelos, e se sentiu bem melhor depois de contar para Sabatha e Dimitri tudo que vira em seu sonho.
    -Tente esquecer. –Sabatha disse descendo as escadas para poder ir embora.
    Era um dia de chuva, e como tudo que vinha acontecendo essa chuva era esquisita. Veio sem avisar, o céu que era azul e brilhante ficou cinza e sombrio.
    -Que bom que eu carrego meu guarda-chuva. –Sabatha disse. –Carrego para não tomar sol, mas serve para chuva também. –Disse abrindo seu guarda-chuva preto com rendas roxas. –E quanto a vocês? Digo você Yosh. Trouxe guarda-chuva?

    -Não estava esperando chuva. Mas minha casa é perto, vou correndo e em menos de um minuto eu estarei lá. –Yosh sorriu.
    Dimitri e Sabatha se abraçaram para poderem ir embora. Depois de darem um longo beijo debaixo do guarda chuva se despediram de Yosh.
    Yosh ficou parado tomando coragem. A chuva ficava cada vez mais forte.
    É agora ou nunca. Pensou.
    Seguindo o exemplo dos outros alunos da escola Yosh saiu correndo na chuva.
   Bem, não foi tão igual. Yosh sentiu que não precisava correr, pois a água nem estava o tocando. Antes de chegar à sua pele ela fazia uma curva.
    Yosh chegou em casa totalmente seco. Ele gostou disso.
    -Querido?! –Disse Hyoko abrindo a porta. –Eu estava indo na sua escola levar um guarda-chuva. Veio com quem?
    Yosh quase disse que não tinha chegado com ninguém, mas teria que explicar o porquê de estar seco.
    -Ah... o pai da Sabatha foi buscá-la de carro aí ele me trouxe. –Yosh mentiu.
    -Hum. –Disse Hyoko abrindo a porta de casa. –Bem, pelo menos a Kato não vai ter que ficar sozinha.
    Yosh entrou em casa. Kato estava no sofá com um grande pote com pipoca assistindo a um de seus desenhos favoritos.
    -Cai fora! –Kato disse quando Yosh pegou um pouco de sua pipoca.
    Yosh foi para o quarto. Não ficou preocupado com o fato da água não ter tocado sua pele, afinal ela já fizera isso antes no banheiro.

Anelaris - O Encontro dos MundosOnde histórias criam vida. Descubra agora