A Escolha (Amor Doce)

How hard is to love someone you can't really understand

Na segunda de manhã, me encontrei ainda pensando no ocorrido durante o show. Em Ambre, especificamente. Minha primeira teoria fora que ela abusou da bebida, o que seria uma hipótese muito válida se considerarmos a situação, mas, Nathaniel comentou que era a terceira vez na semana, e Ambre não agia ou aparentava ser uma alcóolatra, então logo descartei esta possibilidade. Após pensar mais um pouco e analisar o que eu sabia sobre essa nova versão de Ambre, e logo, uma nova opção surgiu em minha mente. Voltei ao meu primeiro encontro com ela após quatro anos, e meu primeiro pensamento, que havia sido a quão magra ela estava, e ela era modelo, não? Mesmo com o meu pouco conhecimento sobre a indústria da moda, eu sabia o quão duramente era a questão do peso e do próprio corpo naquela área, então, faria sentido. É claro, eu precisaria de mais informações antes de poder formular uma conclusão, mas senti que estava indo pelo caminho certo.

Saindo de meus devaneios sobre Ambre, me dirigi a aula de Arte Contemporânea com o Sr. Zaidi, indo rapidamente para o auditório, mesmo que, ao chegar, notei que fosse cedo, e por isso não havia muita gente ao meu redor. Sabendo disso, mergulhei em meus pensamentos até que uma voz conhecida me trouxe de volta a realidade.

- Esse lugar está ocupado? – Questionou Melody, apontando a cadeira ao lado da minha

- Não, pode se sentar – Ofereci a ela, que rapidamente tomou o assento. Infelizmente, não demorou para o auditório começasse a encher, e logo, não havia um lugar para Chani. Melody então suspirou, parecendo estar estressada – Está tudo bem?

- Não exatamente, tenho a impressão de não servir para nada. Não sei por que eu fico quebrando a cabeça para fazer tudo o que faço, não tem sentido – Ela explicou, mas eu realmente não sabia como a ajudar, e Melody rapidamente notou isso – Desculpe, eu me deixei levar por pouca coisa

- Estou aqui para te ajudar Melody, não importa o que – Falei apertando levemente a mão dela, esperando que soasse minimante reconfortante

- Obrigada, é só que, eu me dedico 100% a essa faculdade, de vez em quando até 200%! E tudo isso não parece levar a nada – Ela exclamou, frustrada

- Parece que você deveria tentar fazer mais coisas como ir ao show, a festa no meu quarto, para tentar equilibrar e não explodir – Foi o único conselho em que pude pensar

- Acho que você tem razão, de qualquer forma, obrigada, por estar aqui – Ela agradeceu, sorrindo para mim

- Por nada, afinal, somos velhas amigas

- Verdade! Vai fazer seis anos que nos conhecemos! – Ela percebeu, surpresa por fazer tanto tempo. Nós teríamos continuado o assunto, mas o Sr. Zaidi enfim entrou na sala

- Hoje eu vou contrariar tudo o que disse até agora, vamos falar sobre alguns artistas que precisam ser lembrados, isso é para o enriquecimento da cultura de vocês. Alguém pode me falar quem foi Yayoi Kusama? – Ele questionou, sem nem nos olhar direito. Mesmo assim, eu levantei a mão, e fui rudemente ignorada.

- Ninguêm? Com o tanto de coisas que ela fez, o auditório inteiro deveria estar levantando a mão. Abram os livros na página 394, quero que leiam e façam uma crítica, não quero que me digam quem ela foi, isso eu já sei, quero que me falem o porquê de ela ter impactado tanto o meio – Ele requisitou, me assustando um pouco. Ela fez tantas coisas importantes que será impossível fazer um bom trabalho se não tivermos um pouco de tempo. – Espero que consigam fazer para amanhã, então discutiremos – Para amanhã?! Isso é um absurdo, como ele espera que sejamos capazes de algo assim? Surpreendendo-me, foi Melody aquela que se pronunciou em nome do grupo.

- Mas senhor, alguns de nós não tem papel ou caneta, como o senhor mandou – Ela relembrou, e Zaidi ficou pálido ao perceber que ela tinha razão.

- É verdade, vou deixar essas duas horas para que trabalhem, eu devia ter cancelado minha aula – E saiu da sala sem mais delongas, me intrigando e ignorando o fato de que não tínhamos como fazer a tal crítica sem papel e caneta, que continuávamos não tendo.