Capítulo 17

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Quando voltei, entrei para o abrigo como se não tivesse passado a noite fora. Sentei-me na cama improvisada que tínhamos feito, e observei metade de um coco em cima da mesa que eu fiz. Levantei-me, e caminhei até lá para observar melhor. Afinal, o que aquilo estava ali a fazer? Okay, é melhor a comida estar sempre naquela mesa, mas estávamos a falar de metade de um coco que tinha um aspeto estranho.Então, no momento em que me aproximei, pude observar que o coco estava seco. Era como se fosse uma espécie de um prato. Mas quando espreitei, vi que dentro do prato improvisado, estava um caranguejo, já partido (provavelmente foi Adam que o partiu com uma pedra). Olhei ao meu redor, e corri até à entrada do abrigo, para verificar se Adam não estava por perto. Assim que vi que ele não se encontrava por ali, peguei no prato, e corri até à entrada, desejando que ele não aparecesse e arruinasse os meus planos.

- Vai tudo correr bem. - Falei comigo mesma, e corri pela praia com o prato na mão. 

O meu plano seria levar o prato para longe daqui, para comer em paz, e talvez mais tarde, eu fizesse o meu próprio abrigo. Eu iria deixar este idiota sozinho. Estava tudo a correr lindamente, e quando estava prestes a entrar na floresta, uma vez me fez parar.

- Roubando comida, Alison? - Perguntou-me ele, e eu virei-me na sua direção, bufando por o meu plano não ter corrido como eu planeava. - Que feio. - Desdenhou, e aproximou-se de mim, tirando-me o prato das mãos.

Eu manti-me calada. Não iria ceder. Quem é que ele pensa que é para estar constantemente a mudar de personalidade?!

- Eu coloquei isto para ti. - Levantou o prato no ar. - Estava com esperança que aparecesses durante o almoço. 

Revirei os olhos. Bem, eu poderia arranjar comida noutro lugar. Então, quando estava prestes a virar o meu corpo para me ir embora, Adam pegou-me no braço, impedindo-me de continuar.

- Hey Alison, por favor fica. - Pediu, ou melhor, suplicou.

Em seguida ouvi-o suspirar, e eu decidi olhá-lo. Ele estava com algumas olheiras, o que me fez pensar que ele não conseguiu dormir muito esta noite. 

- Lamento por ontem, está bem? Lamento pela semana toda, mas não me deixes sozinho de novo. - Olhou-me com um brilho estranho nos olhos, fazendo-me olhar para os meus pés envergonhada.

 - Eu fiquei preocupado. - Senti-o a aproximar-se de mim, então levantei o rosto.

E quando o fiz, os nossos rostos estavam muito próximos. Demasiado próximos. Se ele desse mais um passo, os nossos rostos iriam ficar colados. E eu nem estou a exagerar.

- Porra, eu fiquei a noite toda sem dormir, com medo de que te pudesse acontecer algo, desastrada como és. - Ele disse, depois de perceber que eu não iria falar nada.

Ele não conseguiu dormir nada? Adam confirmou o que tinha pensado, fazendo-me sentir um pouco convencida por ter adivinhado. Interessante.

- Não voltes a fazer isso, Alison. - Ele afastou-se ligeiramente de mim, para passar a mão no cabeo, de maneira frustada. - Eu só não fui atrás de ti, porque sei que precisavas de espaço.Continuei em silêncio. Não iria falar tão cedo.

- Foi um enorme castigo para mim, ter-te tão perto mas ao mesmo tempo tão longe de mim. - Ele continuou, e eu desci o meu olhar para o prato na sua mão.

- Já me podes devolver o prato? - Perguntei manhosa, estendendo a minha mão para o prato, e Adam suspirou antes de me entregar o prato.

Acho sinceramente que ele nem sabia o que estava a fazer, pois sei que Adam nunca me iria dar uma coisa sem sair beneficiado. Ele parecia... Aliviado por ouvir a minha voz?

- Meu Deus, tu deves estar esfomeada. - Passou o seu olhar pelo meu corpo. - Estás com fome? - Perguntou, e eu limitei-me a assentir com a cabeça enquanto devorava o caranguejo. Ele passou a mão pelo cabelo novamente, e eu estava prestes a rir do seu ato. Ele correu até o abrigo, fazendo-me ficar confusa. O que raio estará ele a planear? Ele voltou como se fosse o "Flash", e notei que ele trazia duas bananas na sua mão, juntamente com uma garrafa de água.

- Queres água? - Perguntou-me estendo-me a garrafa. Assenti com a cabeça, e sentei-me na areia, enquanto ainda comia o caranguejo. Abri a garrafa, e bebi um pouco.Meu Deus, isto era bom demais. Eu realmente estava esfomeada.

- Estás bem? - Perguntou ao avaliar-me de cima a baixo. Revirei os olhos, e olhei-o aborrecida.

- Podes parar de fazer perguntas?

- Desculpa. - Limitou-se a dizer. Ao ver que ele observava o que restava do meu caranguejo, bufei. E quando o fiz, ele olhou-me rapidamente.

 - O que foi? - Perguntou preocupado. - Está a saber mal? 

Porquê que ele está tão irritante?

 - Não, isto tá maravilhoso. - A sua expressão suavizou. - Queres o resto?

- O quê? Porquê? 

- Estavas há mais de dez minutos a olhar-me a comer.

 - Ah, é. - Coçou a nuca, envergonhado. - É que... Bem... - Gaguejou, e eu olhei-o impaciente. - Eu não comi nada desde que te foste embora.

- Espera... - Levantei o dedo indicador para ele parar de falar. - Então quer dizer que apanhaste isto para mim, mas no entanto não apanhaste para ti?

- Eu não apanhei para mim porque eu estava preocupado contigo. - Respondeu-me, como se isso resolvesse todos os problemas do Mundo. Então, eu chupei o meu dedo que tinha alguns pedaços de carne de caranguejo, e observei Adam a seguir o meu movimento. Ele molhou os seus lábios, mas quando percebeu que eu o tinha notado, ele desviou o seu olhar para o lugar oposto em que eu me encontrava.

 - Toma. - Estendi-lhe o restante, fazendo-o olhar novamente para mim. Ele não negou, nem disse nada. Simplesmente aceitou, e começou a comer em silêncio. Comecei a descascar uma das bananas que Adam trouxe, e rapidamente a comi. - Columbia então? - Perguntei do nada, evitando que ficasse um clima estranho entre nós. - A tua família aceitou bem ao facto de te mudares para o outro lado do mundo?

- Eles na verdade nem quiseram saber do assunto. - Limpou a garganta, fazendo aquele som irritante. - Então penso que sim.

- Não ligaram? - Perguntei confusa.

- É, eu não tenho uma boa relação com os meus pais. - Respondeu-me enquanto se levantava, e por impulso, fiz o mesmo.

- Porque não?

 - Isso fica para outro dia, Alison. - Limitou-se a dizer, e eu bufei.

 Idiota. Porquê que era tão difícil falar com ele?



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