II

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Os cabelos assumiram novamente o castanho escuro de antes, conforme um sentimento bom preenchia seu coração. Os olhos voltaram ao verde intenso e as marcas desapareciam lentamente. Nefertari não era muito diferente de Alison, a beleza mais acentuada, um corpo mais alto e esguio. A pele agora bronzeada, característica do seu clã, mas o semblante era o mesmo.

Ela se ergueu do abraço apertado no qual envolvia Amut, para ver centenas de Neterus se curvando, exceto por um felino enorme com a aparecia de leão. Os pelos avermelhados e duas asas enormes estavam estendidas para alto. Ele caminhou majestoso, de forma elegante até chegar diante dela e rugiu. Tão estridente que fez seu coração palpitar.

O Neteru rasgou a própria pata no cascalho e ofereceu a ela. A respiração ofegante e os olhos vidrados em cada movimento que ela fazia. Nefertari ergueu os ombros, com os olhos ainda marejados, juntou uma lasca de pedra afiada e cortou a mão. Quando o sangue do Neteru pingou em sua ferida, a magia dela brilhou nos olhos do animal, completando a parceria.

Os sentimentos, os desejos e propósitos se misturaram, um laço, um elo o qual ela jamais sentira. Estar ligada com um Itemu, era um laço de alma, mas aquilo era um laço carnal, sanguíneo, onde os poderes se tornavam um. Como nos tempos antigos, quando eram os Neterus que escolhiam seus parceiros, simplesmente por amor, por devoção eles se uniram.

- Eu Nefertari Ravic tenho a honra de tê-lo como meu parceiro. Seu nome será Nesert, porque a partir de hoje, carregará as chamas de Sekhmet em sua alma e não terá misericórdia. - Um rugido feroz ecoou, enquanto Nesert se pôs sobre as patas traseiras, mostrando a todos seu tamanho e força.

Ela montou Nesert e ergueu o cajado. Um grande portal se abriu tirando centenas de Neterus daquela montanha. Nesert pôde voar livre pela primeira vez, Beat grasnou, voando ao seu lado. No solo Amut liderava os Neterus e Fukayna seguia desajeitada na retaguarda, caminhando para o Norte. Ela sorriu ao olhar para baixo, o vento bagunçando seus cabelos e o ar que entrava fácil em seus pulmões. Aquele poder... ainda estava se ajustando a ele. Não demonstrou a insegurança que sentiu, quando o portal se tornou instável, mas aquele era seu mundo e abaixo dela seguiam os Neterus de seus amigos, da sua família.

Nesert aterrissou diante da entrada da caverna, onde os desgarrados haviam se alojado. Ela desceu do Neteru e caminhou para dentro da escuridão. Uma luz tremeluzia nas profundezas da caverna. Seu rosto passivo se tornou uma expressão de surpresa quando se deparou não apenas com Neterus, mas com machos e fêmeas que viviam ali.

Havia barulho de crianças brincando, correndo entre os desgarrados, pelos corredores da caverna. Não era um clã único, mas a mistura de todos eles. Anúbios, Hathor e até mesmo Rá-Seth que a anos viviam longe das garras de Hasani. As crianças eram uma mistura desses clãs, crianças proibidas que agora formavam o futuro de Thórun. Um povo sem hierarquia, sem poderes e características distintas e ao mesmo tempo com poderes jamais vistos.

Aquele era o povo que se esgueirava pela escuridão avermelhada, protegidos por feras sanguinárias. Tão silenciosos que jamais foram vistos. Eram por eles que os Neterus desgarrados, se tornaram assassinos habilidosos. A crueldade sobressaiu a honra, para proteger a resistência que havia se recusado a se ajoelhar a Sebak.

O planeta não estava desabitado, apenas haviam encontrado um meio de sobreviver, aguardando o dia em que poderiam caminhar sob a luz. As mãos de Nefertari tremeram ao segurar o cajado do pai, será que até mesmo os Deuses temiam o que aquelas crianças se tornariam? Quinhentos anos, era o tempo em que aquele povo vivia na escuridão, então ela pode compreender a profundidade da profecia.

Ela lançou uma esfera de luz ao alto e o silêncio se tornou unanime. Os desgarrados formaram uma linha de frente, enquanto as crianças se escondiam na escuridão. Nefertari sorriu, porque havia ido até ali para buscar bestas, mas encontrara muito mais do que poderia imaginar. Um macho com de pele negra e enrugada abriu caminho entre os Neterus, se aproximando lentamente. O ancião olhou para o cajado do Rei Airon e depois para a pedra em sua extremidade.

Oráculo O DespertarOnde histórias criam vida. Descubra agora