XIII

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Era uma manhã gelada, a chuva cedera por um pequeno intervalo e o céu clareou um tom. Uma neblina espessa se formou na floresta, mas o mal tempo não era capaz de ofuscar a alegria. Azires não oferecia abrigo para todos, agora eles eram muitos. Anpu podia ver o peso das noites mal dormidas abaixo dos olhos de cada guerreiro, mas ninguém estava disposto a adiar o julgamento.

Os prisioneiros haviam sido levados para a montanha e estavam sob vigilância constante. Haviam encontrado nas celas alguns prisioneiros de Hasani. Em sua maioria, eram Anúbios, mas também algumas esposas Rá-Seth. Voluntários haviam partido mais cedo, para organizar e para trabalhar na cura dos feridos. Aquele seria o evento mais aguardado por todos.

O comboio marchava no solo encharcado, cada um encontrava forças para prosseguir, na esperança de dar fim aos dias de escravidão. Uma formação de Anúbios atravessava constantemente os retardatários, enquanto os demais seguiam o caminho sem olhar para trás.

Anpu olhou para Amut, era difícil distingui-lo em meio a tantos da sua espécie. Provavelmente o olhar arrogante, coma cabeça levemente inclinada para o alto, fosse o único indicativo. Talvez um dia cantariam canções sobre seu Neteru. Contariam como foi o primeiro a reconhecer uma rainha, nos olhos fracos de uma humana.

Ele sorriu e Amut bufou sem compreender a atenção que recebia. Estavam atentos, circulando o comboio. Nenhum movimento brusco passava despercebido.

No alto do cume entre a névoa flutuante, a montanha se ergueu imponente. Para o povo noturno, seria a primeira vez em quinhentos anos que voltariam ao castelo. Para as crianças proibidas que ainda se ocultavam sob os pelos das bestas, contemplariam a montanha pela primeira vez. Mesmo para ele era diferente, seus pés andariam sobre o mármore branco novamente, mas desta vez não seria um escravo.

Em um processo lento e desgastante, eles atravessaram. Manter um portal aberto por tanto tempo era cansativo e se revezaram entre eles. Anpu olhou para trás, para o local onde havia largado Alison paralisada, dois anos antes. Era tão frágil, tão delicada, ainda assim, já impunha sua voz. Sempre foi uma rainha, como pôde não perceber? Ele fechou os olhos e foi o último a atravessar.

Havia muito trabalho e todos ajudavam. Aos poucos os alojamentos foram distribuídos e o grande castelo tornava-se organizado.

No final da tarde Anpu chegou em seu antigo apartamento, estava exausto e seguiu para sala de banho. Seus olhos se abriram com surpresa. Nefertari boiava nas águas, entre as bolhas que emergiam do fundo da banheira. Ele sorriu. Algumas coisas nunca mudam.

Anpu retirou o uniforme úmido e entrou na banheira delicadamente. Seus olhos percorreram as curvas expostas do corpo nu. Ela permanecia relaxada com os ouvidos sob a água, alheia a sua presença. Ele se aproximou e a ergueu delicadamente.

— Você possui um castelo agora majestade, mas é na minha banheira que se sente em casa? — sussurrou.

Seus pés buscaram o chão de pedra e ela se afundou nas águas para esconder o corpo.

— Eu fugi dos anciões, não me largam um único segundo — parecia exausta — desculpa invadir seu apartamento.

Anpu sorriu, seus olhos revelavam a tensão entre eles.

— Prometo que não vou contar. Sempre que a coroa pesar, tem um lugar para você aqui.

Ela sorriu agradecida.

— Querem que eu fique nos aposentos que era do Hasani, mas eu não consegui ficar lá.

— Você não precisa. Ainda tem um quarto aqui para você.

Oráculo O DespertarOnde histórias criam vida. Descubra agora