Pantea, o Primeiro Mundo - Parte 5 Luz e Sombras

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   A imagem de sofrimento de Gialeyah estremece Mileyah, suas pernas fraquejam, o peito arde com a angústia, tenta manter contato com os olhos do irmão prisioneiro, mas estes estão fechados.

Ao contrário dos irmãos, Aaleyah extrai imenso prazer com a submissão que impõe. A sensação de poder que experimenta é inebriante. Sem conseguir se conter, Aaleyah começa a gargalhar, se aproxima de Mileyah e o empurra forçando-o a se abaixar. No ambiente em torno deles começa a crescer uma massa escura que preenche os espaços, inclusive engolindo as chamas que envolviam Aaleyah.

— Tolo, você deveria me obedecer, eu sou o primeiro e mais importante do que todos.

— O que me diga o que tu desejas? — Mileyah se ajoelha.

— O que? — Aaleyah se surpreende com a atitude.

— Diga o que quer.

— Eu quero que reconheça a minha autoridade. Olhe em volta, não sou o mais poderoso aqui?

A sombra preencheu todos os espaços, Mileyah atende o anseio de seu irmão e levanta os olhos, em meio ao devaneio Aaleyah se distrai afrouxando a mão.

— Antes de tudo... — Aaleyah continua — era assim, eu, nosso Pai e mais nada. A própria realidade era uma mentira que não deveria ser criada.

Mileyah se levanta, mas não ameaça o irmão, apenas se coloca ao seu lado:

— Tu não percebes sua servidão?

— Servidão? Ao contrário, eu sou o senhor da sombra, é ela quem me serve. Eu quis agraciá-lo com o conhecimento, mas você é um ignorante, prefere ser um reles escravo do Pai, sem direito a própria vontade. Agora estou sendo generoso contigo e demonstrando a dádiva de decidir seu próprio destino.

— Olhe em volta Aaleyah, de que serve seu poder ou a força se não há nada para ser empregada? Tudo que se vê é a anulação da criação. Depois que se pôs a serviço das sombras, tuas obras só carregam destruição e desordem. Tu serves ao nada que essa sombra oferece.

Aaleyah não parece ter ouvido as palavras do irmão, ele se perde envaidecido com a escuridão que o cerca, até que um brilho no meio dos proscritos chama atenção de ambos.

Gialeyah recobra a consciência e seus algozes se afastam com a luz intensa que emana de seu corpo, queimando-os como uma chama ardente. Assim que percebe a situação Gialeyah grita:

— Pai, liberte-nos!

Com as mãos levantadas, Gialeyah inicia um movimento circular criando um redemoinho no meio da sombra, sugando-a como um funil. Aaleyah grita desesperado, ordena que o Ejaro-Menor pare com a magia, mas ele não ouve. A pressão que o redemoinho dispõe embaralha os Ejaros-Menores que gritam desesperadamente. Aaleyah e Mileyah forçam o corpo contra a vazão, os olhos de Gialeyah brilham como se ele estivesse fora de controle, a velocidade de suas mãos aumenta até que a massa escura desaparece totalmente.

Após cessar toda movimentação, Gialeyah cai esgotado, sua respiração é fraca. Mileyah corre em sua direção para ampara-lo.

— Irmão, aguente firme.

Aproveitando a distração dos irmãos, Aaleyah dispara contra eles.

— Vocês me pagarão por minhas perdas. — As rajadas continuam alvejando os Ejaros.

Mas, ao diminuir a intensidade do ataque, Aaleyah percebe que eles se protegeram pelo escudo que Mileyah levantou.

— Eu já sabia que tu não perderias a oportunidade, por isso me precavi de qualquer ataque.

Ox Vyndeboh, Mundo de Luz e SombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora