Conhecendo o inimigo

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Me senti meio zonzo e rapidamente me despreocupei, deveria ser coisa da minha cabeça. Peguei minha roupa de ir para a escola e fui me arrumando, quando minha mãe me chamou e disse que estava com pressa, então com rapidez peguei um short qualquer e sai do meu quarto. Ela e meu pai estavam me esperando em frente a porta que dá para a garagem. Não sei como, mas, sabia o que estava por vir, de um modo impossível, consegui escutar o tilintar leve de chaves que vinham  do meu pai.

– O que precisam? – Perguntei inocentemente

– Filho, estamos muito felizes com seu comportamento e suas notas! – Meu pai disse abrindo a porta.

– Você tem nos auxiliado, de todas as maneiras, por isso decidimos lhe dar um pouco de independência! – Minha mãe disse abraçando meu pai.

– Do que vocês estão falando? – Disse me controlando, eu sempre os pedi um carro. Normalmente eu uso o carro da minha mãe, mas depois do acidente que eu tive com o carro, ficou difícil eu pega-lo novamente. Um carro só meu seria muito bom, facilita minha locomoção e não os ocupa.

Minha mãe apontou para uma lona preta e me entregou a chave do carro.

– Parabéns, você merece! – Meu pai disse com um grande sorriso no rosto, me ajudando a retirar a lona.

O sol bateu na lataria revelando um verde-militar, levantei a lona por completo esbanjando um sorriso no rosto, uma F-75 igual à do meu avô. Era meu sonho que acabava de ser realizado pelos meus pais, no mesmo momento em que eu me emocionava, feliz ao ver meu presente, eu agarrei meus pais num abraço, agradecido e muito contente. Após o grande abraço em família meu pai disse: - Pegue a chave, vamos dar uma volta pela cidade. - Eu na mesma hora, pulando de alegria, peguei a chave, entrei no carro, me acomodei arrumei os espelhos e coloquei o cinto, depois liguei o carro. Em seguida meu pai entrou e saímos, minha mãe ficou em casa pois tinha trabalho a fazer. Então eu e meu pai fomos andar pela cidade. Durante o percurso estávamos conversando sobre a responsabilidades agora que eu estava com carro, de como eu teria que cuidá-lo e que somente eu lavaria o carro.

Andamos mais um pouco e decidimos voltar, já que se demorássemos mais, eu me atrasaria.

No caminho de volta passamos em frente ao cinema Stone Edge que era perto de casa, e meu pai perguntou:

– Tem algum filme bom passando?

– Não que o senhor goste! Mas tem o Corações Sombrios! – Respondi

– Do que é?

– Ficção cientifica, vampiros e tals! – Disse virando na rua de casa.

– Depois a gente conversa sobre, vou para o trabalho! – parei saindo do carro.

Entrei rapidamente, troquei de roupa, voltei pro carro, dei a partida e fui direto para a aula.

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Ele será meu. Terei seu coração entre minhas garras, espetarei sua cabeça e colocarei como prêmio à minha vitória. E não há digdipoir que me pare, nem alfas, nem os deuses, nem ninguém.

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No caminho para o colégio vi uma coisa que por estar no meio da rua me assustou um pouco. Havia um animal, o que aparentava ser, um cervo. Não soube identificar ao certo o que era devido ao estrago na carcaça.

Passei por ela ignorando, já que na minha região isso é ocasional. Temos muitos lobos e animais silvestres. Acharmos animais mortos era comum, mas ele estar no meio da rua, isso não era normal.

Segui meu caminho usual, virei a direita. E uns 400 metros à frente fitei dois pontos vermelhos no meio dos arbustos. Os mesmos que vi na noite em que ferrei o carro da minha mãe.

Eram fortes mesmo de manhã, era algo totalmente diferente dos que eu havia visto. Parecia que esses dois pontos me sugavam, como se estivessem me levando em direção a eles, me puxando. Quando percebi estava quase subindo no barranco, a caminhonete deu um solavanco que me tirou do "transe", tirei a caminhonete dali e estacionei à frente. Um carro passou buzinando loucamente, e outros passaram em seguida, nem um sequer veio ver como eu estava.

Depois desse contratempo, teria que ir mais rápido. Assim, dei a partida, pisei fundo e sai cantando pneu. Cheguei na escola com meu "novo" carro e logo meus poucos amigos vieram me cumprimentar.
-Olha gente, tá de carro novo! - disse minha amiga Sam.
A Samantha é muito linda, e muito minha amiga. Ela é líder de torcida, tem olhos castanhos bem escuros, cabelos ondulados cor de caramelo, na altura do ombro.
- Meus pais que compraram!- eu disse, descendo da caminhonete e cumprimentando a Sam.
- Foi muito caro?- Carl perguntou me cumprimentando com nosso toque clássico.

Carl é como um irmão pra mim, crescemos juntos e sempre vivemos juntos. Ele é bem alto, mais alto que eu na verdade e eu já sou alto. Isso ajuda ele no basquete, as tatuagens dele são muito bem feitas, sempre quis fazer mas meus pais não deixam.
- Não sei. Meus pais não falaram pra mim.- Dei de ombros, tranquei a caminhonete e continuamos andando pra entrar na escola. Quando me dei conta estava caído sentado. Olhei pra frente e logo notei o estrago. Havia esbarrado com uma menina, que nunca tinha visto antes na minha vida. Mas os olhos dela, eu já tinha visto em algum lugar.

Tinha uma pele limpa e bem branca, olhos caramelos quase amarelos, cabelo preto como a escuridão com mexas brancas contrastando. O cabelo dela parecia um céu estrelado. Ela era muito linda, tinha um corpo que provavelmente dava inveja em muitas meninas, porém nunca a havia notado. Estava com roupas bem escuras com pouco contraste. Levantei lentamente, juntando os livros que ela provavelmente levava na mão, eu não sei como mas eu sentia um cheiro muito forte naquele momento.
- Desastrado!- Saiu como um soco direcionado à mim.
Tirou os livros de minha posse com força e saiu correndo em direção a cantina.
Eu olhei para o chão e vi um livro jogado," Não fale com estranhos!", O peguei, e quando estava colocando na minha mochila, uma voz me tirou do "transe".
- James, quem é essa aí?- A Sam perguntou enciumada.
- Eu não sei. Eu nunca vi ela na minha vida. - Disse sem reação.
- Oque você vai fazer com o livro?- Carl disse me ajudando, segurando a mochila por baixo para eu colocar o livro dentro.
- Vou tentar devolver à dona, ou se não acha-la, vou ler, me interessei pelo livro. - Fechei a mochila e coloquei nas costas.
- Tá, vamos pra aula logo, o carro novo de Jay não é tão novo assim.- Carl disse nos empurrando pra entrada da escola.
Rimos, e fomos conversando sobre outras coisas. Mas, na minha cabeça só ficava essa menina. Quem é ela? Ela me conhece?

**** 07:50 a.m.

Ele faz ideia de onde se meteu ? Como que eu converso com ele?! Eu tenho que falar com ele. Vou dar o meu jeito.

Pensava, enquanto andava de um lado ao outro, observando se tinha alguém na cantina. Peguei o papel que ele havia deixado cair, o horário de aula dele. Química orgânica, a mesma aula que a minha, talvez eu consiga falar com ele . Depois de pouco tempo, o primeiro sinal pra entrar nas salas tocou, sai da cantina e fui andando em direção à sala de química. No meio do caminho vi um dos amigos dele, que estava tomando água no bebedouro. Vou falar bem a verdade pra vocês, esse cara é muito gato, tem umas tatuagens muito bonitas e um corpo que..., até me fez suspirar e muito provavelmente faz varias meninas suspirarem também. Chego mais perto dele, e ele percebe minha presença.

- Oi, tudo bem?- Falou virando e limpando a boca da água, que ele ainda estava tomando. -Tudo sim. Então... eu preciso falar com o teu amigo!- Perguntei ignorando o sorriso branco e lindo dele.- Preciso pedir desculpas! 

 -Ah, claro. Acho que ele ficou curioso sobre você. - Me olhou de cima a baixo e disse- E eu também. E não se esqueça de lembrar ele de um livro que tu deixou cair.

Juntei minha duas mãos e sorri envergonhada, passei minha mão por meu cabelo e os arrumei atrás da orelha. Ajeitei minha mochila que começava a pesar em meu ombro e questionei:

- Eu posso te acompanhar até a sala? - parei em silêncio e pensei de novo. - Você tem aula de química orgânica agora né?!- Indaguei novamente e ele sorriu.

- Você tem química hoje? - questionou e eu confirmei com a cabeça.- Eu nunca te vi na sala.

- Eu sento mais no fundo! Podemos ir?- Sorri e segui caminhando e conversando com ele até a sala.

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