Sempre espere uma segunda vez

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Anne P.O.V.

Essas perguntas passaram pela minha cabeça pelo caminho até a nossa mesa.

- Enfim, oque eu queria ter dito é que um lobo me mordeu enquanto eu trocava o pneu do carro da minha mãe - Ele disse enquanto se sentava. Ele estava falando do dia em que eu o mordi.

- Você está bem James? Deixa eu ver aonde foi! - Samantha segurou em sua mão, preocupada.

- Pode olhar, foi bem no meio da mão. - Disse apontando aonde foi a mordida em sua mão.

- Aonde James? Não dá pra ver nada ai. - Carl havia levantado e chegado mais perto pra conferir.

- Dá pra ver aonde os caninos pegaram. - Disse apontando para dois pontos cicatrizados e bem alinhados.

- Quando que isso aconteceu James? - Samantha perguntou curiosa e agitada. - Por que não falou antes?

- No sábado passado, quando nós fomos no cinema. - Disse coçando a mão sem nem ligar muito. - Eu me esqueci totalmente de falar, cicatrizou bem rápido. Minha mãe tem uma mão boa.

- James, faz uns 5 dias que nós fomos no cinema. - Carl disse sentando de volta em seu lugar.

- Sei lá, só lembrei agora. - Disse passando os dedos pela cicatriz, parou por alguns segundos e perguntou. -  Anne, como você sabe tanto sobre os lobos? É  bem mais do que aprendemos.

Quando ele terminou a pergunta, os três estavam olhando pra mim esperando uma resposta - Parte da minha família é responsável pelo bem estar e reprodução dos lobos. 

- Interessante, vou querer saber mais sobre isso. Oque vocês acham de nós irmos pra minha casa ver uns filmes depois da aula? - O sinal soou e nos levantamos pra voltar pras aulas.

Concordamos todos e seguimos pras salas, enquanto alguns pensamentos ainda martelavam a minha mente.

Por que ele não morreu? Se eu o mordi, ele deveria estar morto. Só meu pai transforma, só um alfa transforma. Oque o James é?


NARRADOR


Na casa dos Portman, Mary se encontrava desconcentrada  e com os pensamentos em seu passado. Ela estava em seu quarto olhando as fotos de seu casamento, de seu primeiro casamento, com John Strautman.

Aos olhos humanos ela aparenta ter por volta de seus 40 anos, já John, aparenta ter seus 30 anos. Na verdade, os dois nasceram juntos há 250 anos.

A vida humana acelerou o processo de envelhecimento. Ainda que John seja o xerife e trabalhe na cidade, ele nunca se desprendeu dos costumes como Mary.

Ela não deixou de orar pra deusa, porém, era só oque fazia. Além da perda de poder que quase a levou a morte.

Passava a mão pelo quadro em preto e branco em sua mão, quando disse com sua voz leve e tranquila.

- Meu filho, eu te amo tanto.  Perdão por não ter te apresentado ao seu mundo.  Ele está vindo, e eu prometo que darei minha vida por você quando necessário. - Ela estava tão desconcentrada que não escutou seu filho entrar em casa.

- Mãe cheguei! - James disse, porém não escutou resposta, pensou que ela estivesse dormindo e foi conferir.


James P.O.V.

- Mãe, você esta ai?  - Disse enquanto abria a porta do quarto dela.

- Oi filho, ainda bem que chegou! - Ela disse enquanto guardava, de forma apressada, uns materiais dentro de uma caixa velha.

Curioso perguntei oque havia na caixa e recebi um abraço apertado e forte. Ela estava emotiva e eu curioso, novamente perguntei e ela falou que eu não deveria mexer naquela caixa.

Deveria ser alguma coisa pessoal dela, afinal ela já foi casada. Me criou sozinha e batalhou pra fazer quem eu sou hoje. O relacionamento com meu padastro foi difícil, afinal, eu fui chato no inicio. Hoje, nós cinco ( Padastro, Mãe, Irmãozinhos) nos damos muito bem, não poderia estar melhor. E eu espero nunca encontrar meu pai de sangue, quem deixa a esposa grávida e foge assim?

Enquanto saíamos do quarto, perguntei pra ela se poderia trazer umas pessoas aqui em casa e ela confirmou, somente pediu pra não fazermos muito barulho por conta do trabalho do meu padastro.

Era por volta de 17:30 quando meus amigos chegaram.


Anne P.O.V.

Havia passado a tarde toda na casa da Samantha, fizemos as tarefas da escola e eu até a incentivei a ficar com o Carl.

Ela tentaria quando eu chamasse o James pra irmos na cozinha, ou em algum lugar que os deixasse sozinhos.

E eu não perderia a chance de estar em algum lugar com ele desde que ficássemos sozinhos, não perderia jamais a oportunidade de ficar sozinha com ele novamente.Estava na esperança de sentir suas mãos apertando cada centímetro do corpo, os seus lábios macios beijando meu pescoço ou o cheiro de pinheiro com hortelã do seu perfume.Só de lembrar do nosso beijo e do que ele me causou, o meu corpo inteiro se arrepia e as certezas de que preciso senti-lo de novo, só aumentam.Se ele virou uma fixação? Bom, isso eu não sei rs. Mas aquele garoto conseguiu me deixar louca e me fez por diversas vezes, nos imaginar em quatro paredes, fazendo as cenas mais sujas possíveis...


Meu corpo inteiro arrepiou só de pensar nisso. Eu estava tão fixada nos meus pensamentos que não senti a mão da Sam tocando meu ombro.

- Anne acorda. - Ela me dá um chacoalhão e eu volto meus pensamentos para oque estava acontecendo.

- Oi... Oi, oque? - Perguntei, enquanto ela me puxava pra frente de um espelho, estavámos escolhendo roupas.

Ela estava com um casaco camuflado cinza com preto, uma legging preta e um Nike Air Force, todo branco. Ela já estava pronta e eu ainda estava com o uniforme da escola.

- Eu te empresto umas roupas Anne, não se preocupe. - Ela abriu o guarda roupa e jogou umas roupas na cama.

Coloquei uma legging listrada que marcava meu corpo, um casaco vermelho e decidi por não tirar as minhas botas.

- Que tipo de perfeição é você Anne? - Você fica linda de qualquer jeito. - Disse me deixando corada.

[...]

O pai da Samantha havia nos deixado na frente da casa do James. O Carl já estava na frente da casa junto ao James no esperando.

Nos cumprimentamos e logo entramos. Fiz questão de cumprimentar os pais do James, afinal, independente de ser a primeira vez meu pai me ensinou assim.

Quando cumprimentei a mãe dele senti algo diferente. Fiquei alguns segundos olhando em seus olhos até sentir um toque em meu ombro.

Eu senti como se cada poro do meu corpo estivesse esfriando. Olhei para onde senti o toque no meu ombro e segui o braço até chegar no torso da mãe do James.

Quando novamente olhei em seus olhos eu senti meu corpo esquentar. Cada parte do meu corpo, antes frio, esquentava.

Parecia que eu estava me transformando, mas eu estava no controle. Soltei a mão dela, dei dois passos pra trás e senti meu corpo falhar. E antes de sentir o baque no chão, senti aquele cheiro de pinheiro com hortelã. 

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