XV

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  Sua visão foi tomando foco sob o teto azul Capri. Você pôde reconhecer o quê parecia ser o um dos quartos no hospital local. Sentando-se com dificuldade na cama, olhou ao redor ainda desnorteada. Fios de aparelhos médicos foram presos em seus braços. Um buquê de rosas brancas fôra posto ao lado de sua cama num jarro comum transparente.

—S/N querida, finalmente você acordou! - Disse uma voz familiar. Era sua tia. 

    Ela ergueu-se da poltrona, correndo ao seu encontro num abraço sufocante. Ela sorria ao ver que você estava bem, ao menos viva.

—O-O que aconteceu? - Sua cabeça doía.

—Você não se lembra? - Perguntou sua tia preocupada, afastando-se e sentando na cama ao teu lado. —Você ainda lembra de mim, não é? - Ela levou as mãos aos lábios, visivelmente aflita.

   Você acenou positivamente, confusa. As têmporas latejavam e o gosto amargo invadira sua boca. Sua tia suspirou aliviada, tomando suas mãos trêmulas entre as dela.

—Bom, não importa. O que importa é que você finalmente está comigo e bem!

   Você apenas acenou novamente encenando um sorriso. Não recordava-se de nada antes de chegar ao hospital. A memória faltava-lhe. Tua mente não passava de um negrume sem fim, embora tentasse unir peças, nenhuma recordação fazia sentido.

—Tia... - Chamou.

—Sim querida?

—Por que estou aqui?

—Meu amor, do quê você se lembra? - Ela foi cautelosa com as palavras.

—A viagem... - Você respondeu automaticamente. —Eu havia acabado de chegar de viagem!

    Sua tia olhava-a com espectativa, a esperança de descobrir sobre seu sequestro martelava.

—Mas depois, tudo é tão confuso. - Você balbuciou. —Tia, o que está acontecendo?

    Sua tia remexeu-se sobre a cama, fazendo a mesma ranger. Ela olhou-a, sua expressão discrepante entre tristeza e pena.

—B-bom... Acho melhor falarmos sobre isso outra hora querida.

—Não, me conte agora. - Você insistiu mantendo o tom firme. Todos os seus temores foram postos de lado, precisava ser forte para o que quer que viesse a descobrir.

   Sua tia suspirou vencida. Ela engoliu em seco, antes de responder:

—O fato é que você desapareceu.

    De repente, o cômodo recaiu em silêncio. Os ruídos do soro deslizando dentro do tubo até sua véia, o tique-taque do relógio na parede, tua própria respiração ruidosa preenchia os ouvidos. Tudo a sua volta parara, menos os barulhos incessantes dos aparelhos, apavorando-lhe ainda mais. Tomando coragem, você questionou em tom gutural:

—Como assim eu desapareci? Por quanto tempo?! - Não poderia ser verdade. Você não poderia crer que sumira tão despreocupadamente.

—Dois meses...

—Dois meses? Eu perdi dois meses da minha vida! - Você gritou estérica. Seus olhos ardiam e ameaçavam romper em prantos. —Não pode ser, dois meses da minha vida passaram em branco.

    Sua tia acudiu-a. Ela envolveu os braços protetoramente ao seu redor, passando-lhe todo o seu carinho.

—Está tudo bem querida, você irá lembrar. Nós iremos superar essa fase horrível. Sua tia está aqui para você. Eu amo você.

Kill Me, Jeff The KillerOnde histórias criam vida. Descubra agora