III

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   Estava escuro e úmido, o cheiro podre alastrava-se pelo ambiente como cadáveres em decomposição, o mesmo cheiro daquela mulher.  Mesmo com o odor, a cama era quentinha, porém havia algo estranho.

Um corpo! ” - Você teve um sobressalto ao dar-se conta de que não estava em casa e de que braços envolviam-na pela cintura.

    Você virou-se lentamente para dar de cara com um homem todo preto e branco, era o mesmo homem que salvou sua amiga. Ele ressonava pacificamente, o nariz de cone pintura e listrado apontando bem no meio de seus olhos.

—Haaaaaa! - Com o susto, você gritou tentando empurra-lo para o lado.

   O homem acordou num sobressalto, totalmente atordoado, e te encarou.

—Da pra calar essa boca porra! - Disse ele ranzinza.

   Você encolheu-se na cama assustada. O homem continuava abraçado a você, o que causava-lhe certo desconforto.

—Você poderia me soltar? - Você perguntou num murmúrio tentando soar o mais calma possível.

—Não até ver seus órgãos substituídos por doces. - Ele rebateu esboçando um sorriso maléfico que revelava os dentes pontudos e afiados.

   “ Credo! ” - Você pensou.

  Sem muito cogitar, você começou a debater-se sobre a cama estapeando o peitoral do homem.

—Faz cócegas. - Disse ele rindo.

   Ele então segurou seus pulsos e ficou por cima, o sorriso de outrora desaparecera.

—Ele vai me estuprar! Socorroooo! - Foi o quê você conseguiu dizer. Já estava paranóica com isso dado aos fatos passados.

   De repente a porta abriu-se e seus olhares seguiram a mesma.

—O que significa isso Jack? - Questionou um garoto, seu rosto era indistinto pois o mancebo utilizava uma máscara azul, ocultando-lhe a face.

—Ele me pediu pra cuidar dela. - Olhou para você. —Mas a doida não para de gritar.

—M-Me larga.

   Ele soltou seus pulsos lentamente atento aos movimentos suspeitos.

—Tente alguma gracinha que eu arranco suas tripas! - Ele ameaçou por fim.

   O palhaço saiu de cima de você e lhe deu liberdade para sentar-se na cama massageando os pulsos.

—Onde estou? - Perguntou-os.

—Se eu disser, terei que mata-la! - Respondeu o garoto com forte sotaque norte-americano, recostado a porta sem aparente expressão.

—Me... Matar? - Você estava confusa. —Por que eu estou aqui? Quem me trouxe? O que tá acontecendo mano?

—Talvez ele possa responder suas perguntas. - Disse o Tal Jack.

   Você não compreendeu a princípio mas ao constatar que havia um cara atrás do garoto de máscara, relembrou da noite passada atribuindo um sentido as palavras.

—Saiam, preciso falar com ela.

Essa voz... ” - Você conhecia ela de algum lugar.

   Os dois sairam sem mais cerimônia te deixando a sós com o homem de moletom branco.

—O-Olá? - Você cumprimentou receosa.

   O cara que até então estava de cabeça baixa sob a opaca luz, ergueu o rosto e te encarou. O susto só não foi maior pois estava sentada na cama. O rosto do homem era pálido, pálido como um cadaver, seus cabelos negros recaiam sobre as sobrancelhas -ele nem tinha sobrancelhas afinal- em sua face havia a cicatriz de um sorriso esculpido, que ía dos cantos da boca até a altura das orelhas, formando um “sorriso de Glasgow”, as pálpebras eram sombriamente adornadas por olheiras escuras. O choque fôra grande demais para comentar.

Kill Me, Jeff The KillerOnde histórias criam vida. Descubra agora