Capítulo 1

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LUÍZA MADSON

Sinto o vento em meu rosto, o sol aquece minha pele e meu coração. Não há nada no mundo que pague por essa sensação de liberdade.

Sempre prezei por ela, desde que me entendo por gente, sempre quis ser independente, poder fazer minhas escolhas, ir e vir quando bem entender.

Podem me chamar de maluca, desapegada, descomprometida, mas vocês já tiveram sua liberdade roubada? É a pior coisa que existe. Sim, aconteceu comigo.

Quando tinha por volta de quinze anos, tive um namorado, Nicholas, coisa de adolescente, sabe?

Nunca morri de amores por ele, mas tinhamos química, no começo ele era um cara legal, mas com o tempo ele foi mudando…

Começou a querer controlar o que eu vestia, depois, com quem eu falava, e quando eu percebi, ele controlava minha vida.

Um dia, cansada desse inferno, decidi terminar com ele, eu consegui, mas fui parar no hospital. Ele me agrediu, me bateu tanto que terminei com uma perna quebrada. Mesmo assim eu fiquei bem, pelo menos estava livre.

Por anos foi assim. Eu tinha uma família incrível, que me apoiava muito e eu fui muito feliz.

Estava com tudo encaminhado, ia cursar faculdade de música, viver da minha arte, mostrar ao mundo o que eu sabia fazer. Mas uma catástrofe mudou meus planos. O fim do mundo chegou.

Um vírus se espalhou pelo mundo, as pessoas ficaram malucas, canibais, e quem eles mordiam ficavam iguais. Exatamente o que você está pensando, o apocalipse zumbi.

Minha família não resistiu, fui perdendo todos, um a um. Mesmo assim não desisti de lutar, se eu ainda estava ali é porque tinha que estar, e tinha que aproveitar a chance que me foi dada.

Estava abalada pela morte dos meus, com medo, sozinha, lutando para sobreviver. Foi aí que eu reencontrei quem me feriu no passado. Nicholas.

Ele parecia diferente, mais maduro, e por me sentir tão só confiei nele novamente. O que foi um erro terrível.

Ele tinha muitos homens, um pequeno exército, viviam em uma antiga base militar. Eram muito bem estruturados, ele me ofereceu abrigo e eu, idiota, aceitei.

No começo tudo era tranquilo, tinha segurança, comida, uma cama quentinha… mas Nick me queria de volta, e eu o rejeitei. Isso fez com que o homem violento voltasse. Ele me bateu, me torturou, me deixou passar fome, sede, e quando viu que eu não sederia, me aprisionou. Disse que não me forçaria a ser dele, mas que como castigo me tiraria o que eu mais amo.

Não sei por quanto tempo fiquei naquela cela escura. Os minutos pareciam dias, eu tinha me conformado com aquilo, tinha desistido. Mas Deus me enviou um anjo.

A irmã de Nicholas, Natasha, vivia conosco na base. Sempre fomos amigas, e ela nunca concordou com as atitudes do irmão, na primeira oportunidade que teve foi me ajudar.

Nick tinha saído para uma busca, na verdade, eles saqueavam acampamentos e grupos menores. Enquanto  ele estava ausente Tasha me ajudou a fugir.

E ca estou eu, sozinha, mas livre.

Avisto o que um dia foi uma lojinha, dessas de beira de estrada e nem penso duas vezes, paro minha moto. Estou quase sem comida, alguma coisa vou encontrar naquele lugar.

Sangue seco espalhado pelo chão, carros abandonados… é parece que está tudo em ordem por aqui.

Pego minha faca na cintura e entro em posição de alerta. Mas o que vejo me desarma. Prateleiras e mais prateleiras intocadas.

Abro minha mochila e vou pegando tudo o que acho que vou precisar.

Ouço um ruído, algo parecido com um gemido. Não estou sozinha aqui.

Qualquer pessoa normal teria pegado suas coisas e ido embora. Mas como eu não sou normal, fiz o oposto. Larguei minha mochila, empunhei minha faca e segui o som.

Me deparo com um monte de cadáveres podres, me pergunto como não senti o cheiro, mas acho que meu nariz já está impregnado com o cheiro de morte. Mais à frente vejo um homem lutando com um zumbi, e dos grandes.

Ele empurra o corpo podre, mas parece ser pesado demais. Não penso, só corro em sua direção e cravo minha faca na tempora do podre. O homem, que até então não tinha visto a face, finalmente consegue tirar o corpo de cima do seu.

Estendo minha mão para ajuda-lo, ele levanta a cabeça e eu não consigo acreditar no que meus olhos vêem.

— Jared Leto?!

Ficamos em silêncio por alguns segundos, com os olhos fixos um no outro.

Ele parece acordar do transe, olha para minha mão, ainda estendida, e levanta sozinho.

— Eu… — Fico sem saber o que dizer. Cara, é o Jared Leto, eu sempre fui fã desse cara, ele era tipo meu amor platônico na adolescência, minha inspiração como artista, ele é o cara. — Você está bem?

— Estou.

E é isso, ele da as costas e começa a caminhar na direção oposta a minha.

— Nossa, educação passou longe. — Sussurro para mim mesma, mas ele me ouve.

— Queria o que? Que eu beijasse seus pés por ter me ajudado? Ajudou porque quis.

— Credo, quem diria que Jared Leto fosse azedo assim?

— Então sabe quem sou? Grande porcaria não é?  Jared Leto, mais um sobrevivente em meio a tantos outros.

— Bom Jared, fico realmente feliz em saber que você está bem, mas não tenho saco e nem tempo pra gente amarga, passar bem.

Viro minhas costas e caminho para a direção de onde vim.

End Of All Days (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora