7 - Lugar Favorito

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Zoe, agora com dezesseis anos, havia acabado de começar o segundo ano do colegial

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Zoe, agora com dezesseis anos, havia acabado de começar o segundo ano do colegial. Ela estava felicíssima por ter chegado a essa nova fase de sua vida.

Porém, nem tudo eram flores.

Há semanas ela sentia-se fraca e cansada. Seu apetite desapareceu e ela estava começando a perder peso, mas ela não comentou nada daquilo com seu pai para não preocupá-lo.

Desde que realizaram o sonho de Zoe de conhecer a Grécia ele andava super cuidadoso nas finanças, pois haviam gastado cada centavo das poucas economias que ele conseguiu juntar.

Ela até pensou em arrumar um emprego de meio período, para tentar suprir alguns gastos pessoais, mas ele não permitiu.

Disse que Zoe deveria concentrar-se nos estudos para começar a se preparar para o vestibular e escolher qual curso escolheria na faculdade.

Ela não teve coragem de dizer ao pai que nunca faria isso.

Ele nunca a veria na formatura de um curso superior.

Nunca a veria com um diploma em mãos, o qual ele certamente gostaria de colocar uma cópia numa moldura na parede da sala.

Nunca.

     Os pulmões dela foram comprimidos e o ar lhe faltou. Zoe soltou a caneta imediatamente e levantou a mão.

-- Professor, preciso ir ao banheiro! É urgente! -- ela diz, tentando soar normalmente apesar da dor da falta de ar.

     O professor apenas balança a cabeça, seguindo sua explicação da matéria nova, quando Zoe se levanta e corre até o banheiro.

Ao chegar lá ela se apoia na pia de mármore, olhando a torneira para concentrar-se e respirando profundamente.

"Funcionem! Levem oxigênio ao meu sangue! Por favor!", ela pede aos próprios pulmões.

Algo pinga na pia a sua frente.

Sangue.

Vermelho vivo.

Ela leva a mão ao nariz, que está jorrando feito a fonte da praça central. Zoe olha para o espelho e ali, no reflexo, vê a palidez que ela está, o medo em seus olhos.

E vê o homem atrás dela.

-- Não está na hora, Morten! Não está na hora! Não está! -- Zoe desespera-se.

     Suas mãos tremiam, apertando o nariz tentando conter a hemorragia. Morten segura seus ombros e a vira de frente para ele, de olhos arregalados e temerosos.

-- A doença voltará cada vez mais rápido agora, Zoe.

     Ele lhe dá um beijo na testa, e o mantém por alguns segundos.

Zoe sente aqueles lábios quentes contra sua pele fria, e o formigamento começa a se espalhar pelo seu corpo partindo daquele ponto de contato.

Ela se apoia nele, pois suas pernas começam a ceder.

Cartas à MorteOnde histórias criam vida. Descubra agora