Sentem-se confortavelmente para ouvir essa história. A história da morte. A história da vida.
Zoe tem oito anos e luta contra a leucemia há alguns meses. Seu tempo está quase acabando quando conhece a morte pessoalmente.
Morten, o ceifado...
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O aniversário de dezoito anos de Zoe chegou.
E seu pai, feliz por poder comemorar que a filha atingiu a maioridade, organizou uma festa.
A escola permitiu que fosse no ginásio de esportes, mesmo que ela houvesse se formado no ano anterior, e ali ela, o pai, tia Vivian e alguns amigos passaram o dia, organizando tudo.
Haveriam barracas com bebidas e comidas, mesas e cadeiras aos cantos para quem quisesse sentar e um grande espaço no meio para dançar junto do DJ que animaria a festa.
E, a pedido de Zoe, seria uma festa a fantasia.
Querido Morten,
Há quase dez anos nos conhecemos. A cada aniversário eu sinto o desejo de agradecer-lhe, mas nesse ano farei diferente. Vamos comemorar. Essa carta é, na verdade, um convite. Após os parabéns na festa eu dançarei com meu pai e, depois, gostaria de dançar com você. O esperarei no meio da pista de dança, caso queira aparecer.
De sua ansiosa e maior de idade, Zoe.
Zoe estava com o coração descompassado enquanto selava a carta. Depois olhou ao redor do quarto, vendo o momento exato que Morten se materializou ali.
E com muita satisfação ela viu seus olhos verdes luminescentes se arregalar com o que viram.
-- O que significa isso? -- ele pergunta.
-- É uma fantasia.
-- Está zombando de mim? -- Morten cruza os braços, mas há um sorriso prestes a formar-se em seu rosto.
-- Eu o estou homenageando. -- ela diz, girando devagar permitindo que ele a visse completamente.
O pai dela achou a fantasia de mau gosto, mas Zoe insistiu que se fantasiaria de morte e assim o fez.
Então, ela vestia um vestido preto, curto e justo, que deixavam suas pernas a mostra. Por cima, usava uma capa que mandou fazer, quase idêntica a que o próprio Morten usava, tão cumprida que chegava a arrastar no chão, com mangas longas e largas, e negra como o infinito.
E, claro, Zoe usava uma foice. O cabo de madeira era alto e a lâmina curvada - de plástico - ficava um pouco acima de sua cabeça.
-- Você sabe que eu não uso isso. -- Morten diz, apontando o acessório.
-- Sei, mas os outros não. Eles não entenderão minha fantasia sem isso. -- ela bate a foice no chão -- Além do mais é engraçado.
-- É ofensivo. -- Morten diz, mas só para implicar, pois estava divertindo-se.
Ele na verdade estava tentando se distrair, mantendo-se nesse assunto para não comentar o quanto Zoe estava estonteante vestida assim.
Suas pernas de fora, torneadas com o uso do salto alto. O mistério que a capa fornecia. Os cabelos longos, soltos e esvoaçantes e os olhos pintados de preto com os lábios num vermelho vivo.
