Três semanas se passaram desde o episódio. No dia posterior, dei a desculpa que me sentia indisposta aos meus pais, e embora saiba que não acreditaram, me deixaram faltar. No dia seguinte, não tive escolha. Então me arrumei, meu pai me levou para a escola e assim que ele foi embora, sai para o Starbucks, afinal estava suspensa. Quando a suspensão de três dias terminou, a preocupação me atingiu e o que realmente me salvou foi que naquele dia, não haveria aula de matemática.
Sempre que via Gustavo, me virava rapidamente e saia correndo antes mesmo que ele me percebesse ali no meio dos alunos. Não estava fugindo, apenas não me sentia preparada para olhar em seus olhos ou falar com o mesmo. E por um momento, fiquei contente ao receber a notícia de que meu professor havia ido viajar com seu pai para Nova Iorque passar os últimos dias de sua mãe, que estava em estado terminal do seu câncer. Mas por outro lado, me imaginei em seu lugar de filho, vendo sua mãe partir, sentindo-me completamente arrasada. Porém o lado bom é que não tem data para o mesmo voltar, terei o tempo necessário para me reerguer e confrontá-lo quantas vezes necessárias.
Nesse meio tempo todo, estamos tendo aulas de matemática com o diretor, que por um acaso é formado nessa área. Ele é realmente um ótimo professor, explica muito bem e parece gostar do que faz. Por mim, Gustavo Almeida não precisa nem voltar, está ótimo do jeito que está!
O sino toca, avisando que a aula de sociologia acabou e o intervalo começou. Saio da sala e vou até o banheiro, com meu pacote de bolacha em mãos, entro em uma porta aberta e começo a comê-la. Isso é maravilhoso! Fecho meus olhos e balanço a cabeça lembrando o ritmo de uma música chiclete que não sai da minha cabeça desde ontem. Porém logo paro de fazer o que estou fazendo, quando a porta do banheiro é aberta e passos apressados são ouvidos.
— Eu te avisei que ele voltaria logo, Dayana. Ouvi uma conversa dele com o diretor, a mãe dele morreu antes de ontem, ontem foi o velório e hoje ele está voltando. O diretor falou algo relacionado a dar alguns dias de folga para o mesmo recuperar a morte de mãe, mas o mesmo recusou dizendo que era melhor voltar para as aulas – engoli a bolacha com força e mordi meus lábios pensando na dor dele. Que merda! – Ele deve estar precisando de consolo, e adivinha que dará isso a ele? – revirei os olhos ao ouvir isso. Que atirada. A mãe do seu professor acabou de morrer e a única coisa que ela pensa é em dar? Pelo o amor de Deus!
Quando seus passos passaram para fora do banheiro, soltei o ar que não sabia que estava segurando e encarei minhas mãos. Por que eu estou me importando com ele? Seus olhos esverdeados vermelhos por conta do choro, as lágrimas rolando pelo seu rosto e seus cabelos bagunçados veem em minha mente, como se eu já tivesse o visto assim, mas nunca o vi. Eu estou enlouquecendo ou é falta de água.
Bufei, abri a porta e fui lavar as mãos. Quando encarei meu reflexo no espelho, vi meus olhos preocupados e minhas bochechas vermelhas, indicando que estava sensível. Isso é uma coisa estranha, mas desde que eu me entendo por gente, quando estou prestes a chorar minhas bochechas ficam avermelhadas.
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𝘔𝘦𝘶 𝘘𝘶𝘦𝘳𝘪𝘥𝘰 𝘗𝘳𝘰𝘧𝘦𝘴𝘴𝘰𝘳 (Degustação)
Romansa𝑫𝒖𝒐𝒍𝒐𝒈𝒊𝒂 𝑸𝒖𝒆𝒓𝒊𝒅𝒐 Meu Querido Professor traz a história de Daphne Leopoldo e Gustavo Almeida em um romance de eletrizar o corpo. A adolescente se vê obrigada a conviver com seu amado professor, levando-os a viver o inimaginável. O amor...