Chapter 1

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CENA 1. FAZENDA. EXT. NOITE.

A Fazenda Grant é uma das maiores da região. Cultiva milho, de onde a família Grant obteve, desde gerações anteriores, a grande fortuna que tem. Neste momento, as únicas luzes visíveis vêm da Casa e da Senzala, uma miserável construção de pau a pique. No letreiro: MISSOURI, 1865. Um grito feminino pode ser ouvido.

CENA 2. FAZENDA. SENZALA. INT. NOITE.

AINA está deitada sobre um surrado pedaço de pano. Pernas abertas. Segura firme na mão de JEFAR e chora de dor. RABIA, uma negra mais velha, faz o parto da escrava.

RABIA - Você precisa ter calma, Aina. Tem que me ajudar, senão não vamos conseguir tirar sua criança daí.

AINA - Dói demais...

RABIA - Eu sei que dói. Mas você tem que se esforçar. Vamos lá, mais uma vez. Bastante força. Empurre!

Aina grita ao fazer mais uma tentativa de empurrar a criança. Desta vez, quando seu grito cessa, um choro de bebê se inicia. Nasce o filho de Aina e Jefar. Rabia o segura no alto. Sorri.

RABIA - É um menino.

Aina e Jefar se olham e também sorriem. Aliviados por finalmente ter nascido.

JEFAR - Eu quero ver meu filho.

Rabia limpa o bebê com sua própria mão e depois de enrolá-lo em um pedaço de pano, mais limpo, entrega para Aina. A escrava, que segurava o lampião em auxílio a Rabia, aproxima-se de Aina e de Jefar. Agora, com a luz mais forte, eles conseguem ver melhor o bebê.

JEFAR - Mas, ele é...

A pele do pequeno recém-nascido é mais clara do que a dos outros escravos. O sorriso que ocupava o rosto de Aina e Jefar desaparece. Todos os outros escravos em volta percebem a mesma coisa e uma onda de burburinho se espalha. Jefar encara Aina, que não sabe o que dizer.

CORTA PARA:

CENA 3. FAZENDA. CASA. VARANDA. EXT. DIA.

A casa da fazenda agora está reformada, mais moderna. No entanto, o cenário em volta é basicamente o mesmo. Plantação de milho e uma senzala em ruínas, não muito diferente do que era 150 anos antes. No letreiro: MISSOURI, 2014. COBY sai pela porta da frente da casa grande. Está distante, pensativo. SARAH também sai da casa.

SARAH - O que foi, amor? Não está se sentindo bem?

COBY - Não é nada, não precisa se preocupar, Sarah.

SARAH - É por causa dos Grant? Está ansioso pela chegada deles. Eu também estou nervosa com isso, pode dizer.

COBY - Talvez. Eu não sei o que esperar daqui pra frente. E se eles nos mandarem embora da fazenda? Afinal, a fazenda é da família Grant, não da minha família.

SARAH - Eles não podem. George deixou a fazenda para seu bisavô, não foi? Ele não tinha nenhum herdeiro e seus antepassados eram as pessoas nas quais ele confiava. Mesmo eles tendo conseguido direitos sobre a fazenda, acredito que não vão expulsar você, por respeito a memória de George.

COBY - É o que prefiro pensar. Mas, se algo assim acontecer, eu tenho uma carta na manga.

Coby passa sua mão sobre o parapeito.

American Horror Story: SegregationOnde histórias criam vida. Descubra agora