Capítulo 8

299 27 10
                                    

Meu pai me conduzia para casa, segurando-me pelo cotovelo, enquanto resmungava o quão eu parecia um moleque de rua brigando. Aquilo realmente não me incomodou, porque eu sabia que havia agido de forma errada, mas não me arrependo. Não me arrependo nem um pouco por ter batido em Suzana. Ela destruiu meus sonhos. Quando entramos em casa, minha mãe e Karoline vieram correndo ao meu encontro. 

— Minha filha! 

— Sua louca! O que fazia? – Karoline perguntou, tirando alguns fios de cabelo do meu rosto. 

Quando Karoline havia chegado? Não me dei ao trabalho de responder sua pergunta, apenas a abracei. Eu estava morrendo de saudades da minha irmã. Karoline retribuiu, apertando-me com bastante força. Estava linda, como sempre. Cumprimentei meu cunhado e meu sobrinho rapidamente e corri para tomar um banho. Estava com barro por todo o meu vestido e completamente suada. Ao retornar para sala, ouvi sermões dos meus pais. 

Karoline me contou que havia chegado de surpresa, por conta do meu aniversário e que mal havia colocado os pés dentro de casa para alguém chegar chamando meu pai. Eles pediram que eu contasse o que tinha acontecido e eu resumi os fatos ao máximo. Papai quis saber o que Noah fazia na mercearia e eu disse que ele foi apenas me desejar um "feliz aniversário". Jantamos em silêncio, como era de costume, e depois ficamos conversando sobre outros assuntos na sala. Karoline me pediu que eu a ajudasse com Joaquim, que já dormia, e eu sabia que isso era um pretexto para saber mais sobre cada detalhe do que havia acontecido desde a volta de Noah. 

Enquanto ela ajeitava meu sobrinho na cama, comecei a lhe contar o tanto que havia acontecido em apenas dois dias. Da Karoline eu não escondi o que tinha acontecido na mercearia, e ela me fez jurar-lhe milhões de vezes que não fomos além dos beijos mais ousados. Contei-lhe sobre Morgana e como eu não podia mais me envolver com Noah por causa dela. 

— Morgana? Isso é nome de bruxa! – Karoline me arrancou uma gargalhada. 

— É, mas ela é linda, como uma princesa. – suspirei ao lembrar-me da figura dela — É tão superior a mim, Karol. 

— Eu acho que você não se vê com muita clareza, Abby. – Karoline puxou-me pelo braço, fazendo com que eu me levantasse e parece de frente ao espelho — Olhe, minha irmã. Olhe como você é absurdamente linda. – eu sorri — Fica ainda mais linda quando sorrir desse jeito. Olhe como seus olhos são expressivos, como sua pele dispensa qualquer tipo de maquilagem... – ela virou-me para ela — Não se menospreze, meu amor. Eu posso apostar que essa tal de Morgana não tem metade da sua beleza. Embora a beleza exterior não signifique nada. – ela sorriu e passou a mão pelo meu rosto — O que você carrega aqui, Abby... – sua mão tocou levemente meu peito, onde se encontrava meu coração — É o que realmente importa. Seu coração é lindo, minha irmã... Um dos mais lindos. 

Abracei-a sem poder dizer qualquer coisa. Karoline era meu porto seguro em qualquer momento. Ela e Noah sempre dividiam o pódio de meus maiores confidentes e até Karoline casar-se com Oscar, ela jamais permitia que eu derrubasse uma lágrima sequer – não que eu não as derramasse sem que ela visse - ou que desistisse de esperar pela volta dele. 

Decidimos que estávamos a tempo demais ali e retornamos para a sala; nossos pais conversavam com Oscar sobre seu novo projeto quando nos juntamos a eles. Por sorte, nem papai ou mamãe haviam ficado seriamente zangados comigo pelo acontecido com Suzana. Quando o sono me assaltou, pedi licença para recolher-me... Mas antes perguntei se meu pai poderia me liberar da mercearia pela manhã. Com todos os acontecimentos, eu necessitava de um banho de cachoeira. Ele me liberou, mas obviamente eu não lhe disse para onde iria. 

Como que para me presentear pelos dois dias mais atribulados de todo esse ano, o Sol pintava o céu, deixando a temperatura em Vincent mais elevada. Rapidamente, levantei-me da cama, tomei um banho rápido e pus o vestido mais leve que tinha no corpo por cima da minha camisola. Não havia ninguém em casa, o que me fez agradecer por não ter que mentir quando me perguntassem para onde eu iria. Peguei apenas uma maçã e fui comendo pelo caminho. 

Abby & NoahOnde histórias criam vida. Descubra agora