Capítulo 5

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Eu tentei me afastar - embora soubesse que seria em vão – e isso só fez Noah se aproximar mais. Ele colocou a outra mão em minha cintura e colou a testa na minha. Nesse momento eu havia me esqueci do que estava fazendo. Na verdade, eu vagamente lembrava-me de onde estava ou quem eu era. Mas tinha plena consciência de quem me tomava nos braços. Todo o meu corpo tinha consciência dele. 

— O que... O que você está fazendo? – minha garganta estava tão seca que fui obrigada a partir a frase. 

— Já lhe disse... – Noah começou a se movimentar naquele pequeno espaço — Estou cumprindo com minha promessa. – ele continuava com a testa colada na minha, eu sentia o seu hálito contra meu rosto, arrepiando todos os pelos do meu corpo — Você não se recorda, Abigail, prometi que bailaria com você quando voltasse... Assim como não pude fazer na sua festa de quinze anos. 

Era óbvio que eu me lembrava. Aquele dia estava tão gravado em minha mente que era como se houvesse acontecido horas atrás. 

Noah conduzia-me como se realmente estivéssemos ouvindo algum tipo de música. Na verdade, acho que estávamos dançando conforme as batidas do meu coração. Ou seria do dele? Meus olhos se perderam em algum lugar de Noah. 

— Eu escrevia para você todos os dias, Abigail. — ele começou dizendo e logo senti meus olhos encherem de lágrimas. Aquele líquido salgado estava presente demais na minha vida — Eu realmente não sei o que aconteceu, mas eu escrevi. Acredite em mim. — ele fechou os olhos e eu vi o mesmo líquido salgado transbordarem pelos olhos de Noah — Por favor, acredite em mim. 

— Eu não posso. — respondi, também fechando os meus olhos. Estava doendo ouvir o que ele falava. Muito — Eu confiei em você e me machuquei. Não posso mais. Não quando não há mais nada para fazermos. 

Ele abriu os olhos, afastando seu rosto do meu e voltou a olhar em meus olhos. Agora me dou conta que desde que nos conhecemos sou apaixonada pelos olhos de Noah. Aquela cor intensa, profunda, que me consome todas as vezes que eu ouso olhar por muito tempo. Em seus olhos pude ver meu rosto, completamente banhado; nem havia me dado conta que tantas lágrimas haviam escapado assim. Ele passou o polegar por ali, secando o meu pranto, como fazia quando éramos crianças; da mesma forma que fez quando partiu. A carícia que ele começou a fazer naquela região era tão prazerosa que fechei os olhos novamente. 

Continuávamos bailando, vagarosamente, próximos demais. Mas, sinceramente, aquilo não estava me incomodando tanto quanto no começo. A saudade que eu sentia dele era tanta que superou a raiva, mas não a mágoa. Essa não. Essa estava bem guardada em meu peito. Nós paramos de dançar e eu fiquei sem reação quando Noah me abraçou. Poderia ter sido um abraço qualquer, se não fosse tão absurdamente apertado e não viesse acompanhado de um soluço dele. 

— Noah? — chamei, mas ele continuou com a cabeça enterrada em meu pescoço; ouvi outro soluço e outro e mais outro; eu estava começando a ficar desesperada — Noah!? 

— Não se mova, por favor. — ele falou depois de um tempo — Apenas me deixe ficar aqui pelo máximo de tempo que eu puder. Apenas me deixe sentir o seu cheiro. Não me diga que não há mais nada para fazermos quando eu passei segundos da minha vida esperando para ter você. 

— Posso garantir que você não foi o único. — controlei minha voz para não parecer tão acusatória — Desde o dia em que você se foi, Noah, que eu contava os segundos para você voltar. Cada maldito segundo. 

Abby & NoahOnde histórias criam vida. Descubra agora