Senti meus olhos umedecerem com a sua declaração, mas obviamente ele não percebera, pois meu rosto levava algumas gotas da água que caia.
— É que... – desviei meus olhos dos seus — A forma que me beija, Noah... Você me faz sentir coisas que... – tirei as mãos do seu peito e cobri meu rosto, sendo incapaz de terminar a frase.
Ele retirou as mãos do meu rosto, virando-o para que eu pudesse encará-lo novamente.
— Eu nunca passaria dos limites contigo. – ele aproximou o rosto do meu — A forma que eu te beijo, Abigail... – roçou nossos narizes — É impulsionada pelo meu coração... Pela minha saudade. Foram dez anos desde a primeira vez que nossos lábios se tocaram. – ele imitou o ato passado; apenas tocando meus lábios sutilmente — Fora tão rápido... Eu fiquei todo esse tempo imaginando qual seria o gosto do seu beijo e depois de prová-lo ontem, posso lhe jurar que não suportaria viver sem senti-lo todos os dias da minha vida.
Uma das suas mãos parou na minha nuca, enroscando-se aos meus cabelos; a outra colou meu corpo ao dele, causando-me um forte arrepio. E o calor na altura do meu ventre voltou com tudo quando sua boca assaltou a minha novamente. Quando nossas línguas se tocaram, eu podia jurar que havia escutado um tilintar de sinos. Levei minhas mãos até seus cabelos molhados e, inconscientemente, comecei a acariciá-los. Enrolava os cachos em meus dedos e, quando sentia a pressão em meu peito forte demais, os puxava de leve.
Noah finalizou nosso beijo mordendo meu lábio inferior. Eu sentia-me flutuando e não era por estar dentro da água. Definitivamente não era por isso. Abri os olhos e encontrei um sorriso pintado em seus lábios; eu sorri de volta. A mão dele que estava em minha nuca iniciou uma carícia bastante prazerosa naquela região; arrancando um suspiro dos meus lábios. Nós ficamos nos olhando por alguns minutos em pleno silêncio, ouvindo apenas o barulho da água.
Fora a minha vez de desenhar os traços do seu rosto. Noah fechou os olhos e esse ato transbordou meu coração de amor. Então, me lembrei de algo...
— Foi a Suzana, Noah... – ele abriu os olhos e sua cara demonstrava que ele não sabia sobre o que eu falava — Quem escondeu as cartas. – conclui.
— Mas... Como? Por quê?
— Certamente Paul Murphy foi seu cúmplice. – deduzi — Ele tem um primo distante que trabalha como entregador de cartas. Não consigo nem imaginar o que Suzana lhe ofereceu em troca.
— Por que Suzana faria isso? – ele ainda perguntava incrédulo.
— Oras, como "por que", Noah? – revirei os olhos e passei o polegar por sua sobrancelha — Suzana gritou aos quatro ventos ontem que eu havia lhe tirado o que ela queria...
— Abigail, explique-me isso...
Contei tudo o que havia acontecido na noite anterior para ele. No inicio, Noah ficou bastante furioso com as coisas que Suzana havia me dito, mas quando lhe contei sobre a pequena surra que havia lhe dado, ele se pôs a sorrir. Mas algo que Suzana falou era completamente verdade... Quando ela jogou na minha cara que era repulsivo o que eu havia feito. O que eu estava fazendo. Noah percebeu meu olhar triste e, depois que me roubou um beijo, perguntou o que se passava.
— Suzana disse algo que, embora tenha sido cruel o modo como falou, não deixa de ser verdade. – ele esperou que eu concluísse a explicação — Foi repulsivo o que fiz, Noah. Permitir... Retribuir seus beijos, suas carícias, sendo você uma pessoa comprometida, não é certo. É completamente ao contrário de certo. Além de ser pecado.
— Eu já lhe disse que falarei com Morgana... - deixei que ele me agarrasse pela cintura — Abigail, é você quem eu amo. Quem eu sempre amei.
Ele havia dito aquilo que esperei por tanto tempo... Enfim havia escutado de Noah que ele me amava. Não era Karoline ou Adelaide que me diziam que era amor o que ele sentia por mim... Dessa vez ouvi dele. A mesma dor de dias atrás tomou conta do meu coração, porque não bastava que ele me amasse e que eu o amasse com toda a minha vida.
— Eu não quero que fale com ela, Noah. – dizer essas palavras deveria ter o mesmo efeito de um punhal sendo cravado em meu peito, porque a dor fora insuportável; deixei algumas lágrimas rolarem por meu rosto e antes que ele protestasse, continuei — Eu não quero ser uma Suzana na vida de Morgana... Entenda. Não quero destruir os planos, os sonhos de outra pessoa.
— E os nossos planos? Os nossos sonhos, Abigail? – fora ele quem se afastou de mim.
Ele começou a nadar na direção da margem e eu fui atrás.
— Pense, Noah... Por favor, pense! – pedi — Não é justo.
— Não é justo comigo! – ele quase gritou e eu parei de nadar — O que você está fazendo não é justo conosco... Não é justo, sequer, com Morgana!
Em um impulso, Noah saiu da água; catando sua camisa e bota em algum lugar pelo chão. Ele estava visivelmente furioso... Mas será que ele não era capaz de pensar, em nenhum momento, que aquilo estava me matando também? Eu jamais desistiria dele se tivesse outra opção. Noah jogou a camisa sobre o ombro e ficou com as botas nas mãos. Pensei em sair da água para impedir que ele fosse embora sem antes entender todas as minhas razões para fazer isso, mas lembrei-me da roupa transparente que vestia naquele momento. Nadei até a margem e antes que pudesse dizer qualquer coisa, Noah me lançou um olhar magoado e disparou:
— Você seria mais honesta se me dissesse que não corresponde ao que sinto.
O choque de suas palavras deixou-me completamente muda... E enfurecida! Noah jamais poderia pensar uma coisa dessas. Jamais poderia duvidar do que sinto por ele. Eu o esperei todos esses anos... Se isso não era corresponder ao que ele sente, não sei mais dizer o que é. Vi lágrimas brotar em seus olhos e sabia que os meus estavam iguais.
— Se é assim que você quer, Abigail... Assim será.
Assim dizendo, Noah montou em seu cavalo e sumiu da minha vista; segurei-me no pedaço de terra para não afundar de tanta dor; estava sem forças para sair dali. Os primeiros soluços romperam minha garganta e nem imagino quanto tempo fiquei ali, chorando.
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Ai, a Abby jogou um balde de água gelada na cabeça do Noah... Tadinho!
O que vocês fariam no lugar dela? E no lugar do Noah? Vocês abriram mão um do outro?
Se estão gostando, dá uma estrelinha aí pra ajudar o engajamento do história =)
Beijos <3
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Abby & Noah
Storie d'amoreAbigail Green e Noah Hughes vivem na pequena cidade de Vincent. Se conheceram ainda crianças, quando Abby tinha seis anos e Noah nove. Os três anos de diferença entre eles não influenciou na amizade que construíram. Porém, no verão de 1901, sete ano...