Capítulo 9♡

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Os olhos das minhas amigas brilharam e me olharam com curiosidade. Eu mereço!

— Esther com certeza tem algo interessante para contar, afinal, depois do evanglismo ela não foi mais para a igreja e anda agindo de maneira estranha. — Alice deu seu palpite, mas eu logo a corrigi:

— Eu não fui porque estava doente, já falei. — expliquei sem paciência.

— Hum, sei — falou com pouco interesse na minha desculpa.

— Eu não tenho nada de interessante para contar sobre mim, então pode falar logo Esther — Rebeca falou — tenho certeza que Alice e Isadora também continuam "esperando com paciência no Senhor" — fez referência a um versículo do bíblia, nós rimos.

— E o Calebe? — perguntei segurando o riso — filho de pastor, ótimo pregador, bonito... Vocês fomariam um belo casal! — disse descontraída, tentando prolongar o máximo que pudesse o meu tempo para pensar numa bela desculpa e não contar o que elas queriam saber. As meninas riram e minha amiga ruborizou.

— Pelo amor de Deus, Esther! Pare de imaginar bobagens! — Beca disse, desconcertada.

— Não é bobagem, Beca. Já vi como o Calebe te olha quando vocês estão conversando. — sorri, mas inevitavelmente me lembrei do meu pai, que me disse a mesma coisa sobre Jonatas. Nota mental: observar melhor o meu amigo e seus possíveis sinais de interesse, mesmo que eu não acredite que possa haver algum.

Ele me olha do mesmo jeito que olha para todo mundo! Vocês são malucas! — ela tentava falar seriamente, mas não conteu uma gargalhada quando nós rimos do seu desespero para se explicar (ou explicar o comportamento de Calebe).

— Mas e da sua parte? Você gosta dele? — Isa perguntou, curiosa.

Rebeca meditou um pouco antes de balançar a cabeça negativamente, mas não conveceu a ninguém. As garotas resolveram não prolongar os questionamentos, indo diretamente ao ponto do assunto principal: minha vida "amorosa".

— Para de nos enrolar e desembucha logo mulher! — Alice exasperou, olhando diretamente para mim.

É, não vai ter para onde correr.

— É... Eu.. — respirei fundo e disparei: — No dia do evangelismo, eu encontrei o Victor, meu ex, ele está casado e tem uma filha, eu quase tive um treco, Jonatas me levou para casa, fim. — soltei o ar pela boca bruscamente.

As meninas tinham no rosto um misto de surpresa, espanto, hesitação entre outras coisas que não consegui decifrar. No quarto de Alice, fez-se um silêncio sepulcral. Abaixei a cabeça, não sabendo o que esperar delas, afinal, só naquele momento tive coragem para compartilhar algo sobre o assunto do qual eu fugia, assim como o diabo foge da cruz.

— Sabemos que esse assunto é desconfortável para você, Esther. Mas você não pode se prender ao passado dessa maneira. Você precisa deixar alguém te ajudar... Quem sabe, ir numa psicóloga seria um bom começo. — Rebeca parecia medir as palavras para não falar nenhuma besteira.

— Eu não sei... Contar da minha vida para alguém que eu não conheço não me parece ser muito confiável — tentei argumentar.

— Bem, de qualquer maneira, estamos aqui para te ajudar. Certo, meninas? — Alice e Isadora assentiram e nos abraçamos.

— Depois contarei com detalhes como aconteceu — prendi os lábios com nervosismo.

— Olha, não precisa contar se não quiser, sabe disso, não é? Nós entendemos... — Alice parecia envergonhada.

— Eu quero contar, não se preocupem. Confio em vocês. — tentei sorrir para minhas amigas, que demonstravam extrema preocupação — Agora, vamos assistir o filme! — falei com empolgação e nos deitamos na enorme cama de casal de Alice, que cabia a nós quatro confortavelmente, enquanto assistíamos à um filme na tv suspensa na parede e comíamos várias "gordices". Depois de um bom e velho romance clichê, dormimos.

Esperando o Melhor de Deus pra MimOnde histórias criam vida. Descubra agora