Os olhos das minhas amigas brilharam e me olharam com curiosidade. Eu mereço!
— Esther com certeza tem algo interessante para contar, afinal, depois do evanglismo ela não foi mais para a igreja e anda agindo de maneira estranha. — Alice deu seu palpite, mas eu logo a corrigi:
— Eu não fui porque estava doente, já falei. — expliquei sem paciência.
— Hum, sei — falou com pouco interesse na minha desculpa.
— Eu não tenho nada de interessante para contar sobre mim, então pode falar logo Esther — Rebeca falou — tenho certeza que Alice e Isadora também continuam "esperando com paciência no Senhor" — fez referência a um versículo do bíblia, nós rimos.
— E o Calebe? — perguntei segurando o riso — filho de pastor, ótimo pregador, bonito... Vocês fomariam um belo casal! — disse descontraída, tentando prolongar o máximo que pudesse o meu tempo para pensar numa bela desculpa e não contar o que elas queriam saber. As meninas riram e minha amiga ruborizou.
— Pelo amor de Deus, Esther! Pare de imaginar bobagens! — Beca disse, desconcertada.
— Não é bobagem, Beca. Já vi como o Calebe te olha quando vocês estão conversando. — sorri, mas inevitavelmente me lembrei do meu pai, que me disse a mesma coisa sobre Jonatas. Nota mental: observar melhor o meu amigo e seus possíveis sinais de interesse, mesmo que eu não acredite que possa haver algum.
— Ele me olha do mesmo jeito que olha para todo mundo! Vocês são malucas! — ela tentava falar seriamente, mas não conteu uma gargalhada quando nós rimos do seu desespero para se explicar (ou explicar o comportamento de Calebe).
— Mas e da sua parte? Você gosta dele? — Isa perguntou, curiosa.
Rebeca meditou um pouco antes de balançar a cabeça negativamente, mas não conveceu a ninguém. As garotas resolveram não prolongar os questionamentos, indo diretamente ao ponto do assunto principal: minha vida "amorosa".
— Para de nos enrolar e desembucha logo mulher! — Alice exasperou, olhando diretamente para mim.
É, não vai ter para onde correr.
— É... Eu.. — respirei fundo e disparei: — No dia do evangelismo, eu encontrei o Victor, meu ex, ele está casado e tem uma filha, eu quase tive um treco, Jonatas me levou para casa, fim. — soltei o ar pela boca bruscamente.
As meninas tinham no rosto um misto de surpresa, espanto, hesitação entre outras coisas que não consegui decifrar. No quarto de Alice, fez-se um silêncio sepulcral. Abaixei a cabeça, não sabendo o que esperar delas, afinal, só naquele momento tive coragem para compartilhar algo sobre o assunto do qual eu fugia, assim como o diabo foge da cruz.
— Sabemos que esse assunto é desconfortável para você, Esther. Mas você não pode se prender ao passado dessa maneira. Você precisa deixar alguém te ajudar... Quem sabe, ir numa psicóloga seria um bom começo. — Rebeca parecia medir as palavras para não falar nenhuma besteira.
— Eu não sei... Contar da minha vida para alguém que eu não conheço não me parece ser muito confiável — tentei argumentar.
— Bem, de qualquer maneira, estamos aqui para te ajudar. Certo, meninas? — Alice e Isadora assentiram e nos abraçamos.
— Depois contarei com detalhes como aconteceu — prendi os lábios com nervosismo.
— Olha, não precisa contar se não quiser, sabe disso, não é? Nós entendemos... — Alice parecia envergonhada.
— Eu quero contar, não se preocupem. Confio em vocês. — tentei sorrir para minhas amigas, que demonstravam extrema preocupação — Agora, vamos assistir o filme! — falei com empolgação e nos deitamos na enorme cama de casal de Alice, que cabia a nós quatro confortavelmente, enquanto assistíamos à um filme na tv suspensa na parede e comíamos várias "gordices". Depois de um bom e velho romance clichê, dormimos.
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Esperando o Melhor de Deus pra Mim
SpiritualEsther é uma jovem cristã comprometida com Deus que sempre está envolvida nos trabalhos da igreja onde congrega, procura ajudar as pessoas necessitadas de sua cidade, sendo muito admirada por demonstrar ser uma jovem diferente das outras, que é feli...